Uma data inconveniente.

No parlamento, na passada quinta-feira, o PSD e o CDS vetaram uma moção defendida por os bloquistas no sentido de aprovarem um voto de repúdio pela escolha do autarca de Santa Comba Dão ao escolher o 25 de Abril para inaugurar uma Praça, com o nome do ditador Salazar. Compreendo que este senhor necessite destas provocações à democracia portuguesa para ganhar protagonismo, de outra forma, seria difícil.Talvez até tenha aprendido com outra figura caricata da nossa pobre classe política, de nome Alberto João Jardim. Na ilha, as comemorações passaram ao lado da população, porque o senhor da Palácio Cor de Rosa afirmou que este é um dia memorável para a esquerda!! O facto de ser polémico e vociferar alarvidades não faz dele uma pessoa respeitada. Antes pelo contrário.
Na sequência do apelo da líder do PSD, eu penso que esta é uma pequena simulação daquilo que pretendiam. Suspender por seis meses a Democracia Portuguesa. Escolheram foi mal a data para iniciarem essa intenção.

35 anos!

Quando aconteceu o 25 de Abril de 74 ,eu tinha 11 anos.Recordo-me muito bem dessa madrugada e vou explicar porquê. Nesse dia eu tinha um importantíssimo jogo de futebol na escola Luis António Verney, não dormi quase toda a noite na expectativa.Tal como nos outros dias de semana, acordava por volta das 6 horas e descia apressado as escadinhas até ao Poço do Borratem, aonde apanhava a carrinha do Sr. Bento. Nessa manhã porém os meus pais impediram-me de descer aquelas escadas com o argumento de que a Marinha estava a atacar o Exército algures na Baixa de Lisboa.Portanto ali muito perto da minha casa. Fiquei desapontado, afinal eu tinha sonhado com as fintas que iria fazer no Inter-Turmas, mal eu sonhava que vivia um dia histórico e o destino de Portugal "fintava" o seu trajecto de mais uns anos de Estado Novo e opressão. Com aquela idade a viver no centro de Lisboa, apercebia-me que em certas alturas do ano (especialmente no dia 1 de Maio)os cavalos da GNR irrompiam por estabelecimentos comerciais na perseguição de pessoas que ali se refugiavam. O porquê daquelas imagens, ninguém me explicava. Afinal os meus pais também tinham um lugar aberto ao público e nesses dias as portas fechavam e os cascos dos cavalos ouviam-se por perto.Passaram 35(!)anos sobre essa data, mas também me recordo da minha mãe dizer-me para ficarmos por trás duma coluna em casa, já que se ouviam os ecos dos tiros disparados contra o Quartel do Carmo.Poucos dias depois organizou-se uma marcha épica (até hoje, a maior manifestação realizada em Portugal)comemorando o dia do trabalhador,pela primeira vez em liberdade, e lá andei eu todo contente com os cravos vermelhos, refeito do desgosto da semana anterior e contente por este dia me ter dado uma folga das aulas. Os meus pais aliviados, porque os seus dois petizes de tenra idade estavam assim livres de ir até ás colónias prestar serviço militar e sabe-se lá que futuro lhes seria reservado. Tenho belas recordações da forma como tudo começou, mas a Revolução ao fim destes anos todos redundou "nisto!"
-Porque será que adivinho uma grande adesão e uma bela festa do Povo Português neste próximo sábado?

Sem eira nem beira

Òbidos, inspiração a rodos

Figura de Estilo

Cavaco Silva admite acompanhar com pormenor todos os casos judiciais de relevo. Afirma também, que a sua confiança no sistema judicial português é total. Não se pronuncia sobre os últimos episódios de eventuais pressões aos magistrados que tomaram conta do caso "Freeport". O Presidente da Republica só se preocupa com os atropelos à Democracia portuguesa protagonizados com aquele diploma dos Açores. O tal, que o levou a fazer uma comunicação ao País em pleno mês de férias. A preocupação do Presidente normalmente têm a ver com questões relacionadas com os Açores. A limitação dos seus poderes naquela região do País faz-lhe uma azia dos diabos. Frequentemente a comunicação social portuguesa "inventa" uns casos e depois "incendeia" a opinião pública, Braga Parques, Casa Pia, Universidade Independente, Universidade Moderna, Freeport, BPN, Isaltino Morais, Avelino Torres, Valentim Loureiro, Apito Dourado, Felgueiras, etc... são alguns exemplos que têm vindo ao de cimo. Geralmente Cavaco Silva responde sempre da mesma forma aos jornalistas "...compreendam que não posso comentar essa questão...", ou seja representa na sociedade portuguesa uma figura de estilo, uma realidade "virtual", um poder destituído de qualquer opinião ou acção, o representante que apenas recebe e credita novos elementos do Corpo Diplomático, testemunha (só!?)e dá posse a novos membros do Governo, faz visitas e "corta a fita" em inúmeras ocasiões por esse País fora, enfim nada que justifique o nosso interesse numas próximas eleições presidenciais. Aquela cadeira em Belém mereceria alguém que reclamasse outro tipo de actividade, mais interventiva, mais reguladora, mais dinamizadora, nem que para isso se tenha de mexer na Constituição Portuguesa.

Isaltino no País das Maravilhas

Era uma vez um presidente da autarquia mais elogiada do País. Como moro em Oeiras à cerca de 3 mandatos, posso testemunhar da imagem que este autarca arrasta consigo cada vez que se desloca para qualquer ponto da sua "coutada". Ele ao mesmo tempo que distribui simpatia e proximidade com os seus munícipes, leva também uma palavra amiga aos menos protegidos. Por vezes recorre ao "víciozinho" típico de Gondomar ou Felgueiras de entregar umas "prendas", sempre devotadamente recebidas com palavras de eterno agradecimento, traduzido em votos no acto eleitoral seguinte. Os jardins estão arranjadinhos, as ruas sem buracos, preserva-se os espaços verdes, as zonas industriais com espaço suficiente para se expandir sem prejudicar a área habitacional, existe investimento na recuperação de imóveis na zona mais antiga e central de Oeiras, sem no entanto se verificar qualquer descaracterização. A zona junto à orla marítima é limpa e organizada. Temos quase tudo perfeito.Agora perguntem-me, "...alguma vez votastes nele?"
-NUNCA!!!-Não sou mais inteligente que ninguém, mas estudando a personalidade deste senhor e as suas atitudes muito altruístas, sempre desconfiei que o nosso Presidente tinha "pés de barro" e não me admirei com toda esta catadupa de notícias que o envolvem em actos ilegais. Temos uma "Fátima Felgueiras" aqui à porta mas sempre fechámos os olhos, porque ele têm feito, enquanto autarca um excelente desempenho. Tal como ele afirma,o primeiro autarca neste País que não tenha cometido uma ilegalidade que atire a primeira pedra!!! -Afinal só guardou uns dinheiritos provenientes duma sobra de campanha eleitoral, ou fugiu aos impostos colocando as suas economias numa conta na Suíça. Já vimos que não se demite este senhor, porque é independente, não precisa de partidos políticos e irá recandidatar-se, após ser ilibado tal como Avelino Torres e todos os outros, para triunfar neste País das Maravilhas.