domingo, 30 de agosto de 2009
Porque não te calas?
-O inimitável Chavez acaba de proibir qualquer manifestação de protesto na Venezuela com a ameaça de penas de prisão. Os estudantes têm demonstrado nas ruas a sua revolta contra as reformas agora apresentadas. Assusta-me pensar que este senhor auto intitula-se uma pessoa de esquerda e que luta por uma democracia forte que possa fazer frente ao imperialismo americano naquele continente. Assusta-me também que outros países da América do Sul e do Centro seguem as pisadas do senhor Chavez. Aos poucos vão mudando as leis da Constituição, de forma a que esta possa servir os seus interesses, manipulando visivelmente todos os órgãos reguladores das instituições á volta do poder. Chama-se a isto no meu entender, o renascer de novas ditaduras que estarão a substituir outras de carácter militar muito típicas destas bandas.
Chavez com esta conversa de fazer frente aos opressores americanos vai fechando os olhos ao seu povo e vai cometendo atropelos á democracia gravíssimos!- O petróleo vai sendo a sua tábua de salvação e poder de negociação com muitos oportunistas pelo meio. Inclusive o nosso Engenheirinho (muito amigos!?) avançou com um negócio fantástico, trocar "Magalhães" por oportunidades de parceria em vários projectos muito comprometedores para a nossa economia. Estranho a vocação que os nossos governantes têm para conseguir acordos com estes símbolos extremos da hipocrisia politica mundial. Já aqui referi neste blogue, noutra ocasião, a forma escandalosa em como recebemos também José Eduardo dos Santos (será mais uma vez o petróleo e os diamantes?) com todas as honras de Estado, outro símbolo para mim, de um ditador , sem qualquer problema de espezinhar o seu próprio povo. Direitos, Liberdades e Garantias são neste casos para esquecer, importa sim, sobreviver a estes regimes.
Nunca fui admirador da corte de Espanha, mas estou de acordo com o rei João Carlos quando disse numa ocasião, "Porque não te calas!!??" mas agora de uma vez por todas!
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Saudade.
A Morte Saiu à Rua
Zeca Afonso
A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome para qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue de um peito aberto sai
O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o Pintor morreu
Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
À lei assassina, à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou
Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada à covas feitas no chão
E em todas florirão rosas de uma nação
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Fuga á realidade
*Fuga. //n.f. acto ou efeito de fugir;retirada rápida;evasão;acto de não fazer ou assumir o que se devia;subterfúgio;saída de gás ou líquido;oportunidade;etc.
"Dicionário da Língua Portuguesa" Porto Editora, 2009
Fui buscar a definição exacta da palavra fuga para compreender se seria injusto classificar a prestação do nosso Governo nos últimos 4 nos e meio como uma fuga à realidade?- E fiquei indeciso em escolher entre as duas melhores definições. Ou estamos perante um acto de não fazer ou assumir o que se devia, ou então, um subterfúgio. Isto porque, poderíamos pegar nestas duas opções e ir buscar mil exemplos de cada uma. Fuga à realidade porque o mesmo Primeiro-Ministro que interrompe as suas férias para numa declaração relâmpago afirmar que baseando-se em dados recentes a nossa economia registou uma leve recuperação, à imagem da França e da Alemanha, revelando aqui sinais de opções acertadas para combater esta crise mundial, ele mesmo no dia seguinte esqueceu-se de comentar os números agora revelados do desemprego em Portugal!- Ultrapassámos os 500 mil e muitos deles sem acesso a qualquer subsidio. O subterfúgio que geralmente utiliza, invariavelmente consiste numa frase feita por políticos "rascas". Estamos perante a maior crise desde a recessão dos anos 20 do século passado!!- Não podemos fazer nada, diz ele. Eu digo que podemos fazer algo e já no final do próximo mês, basta que os portuguesinhos saibam merecer a oportunidade de se pronunciar perante as urnas. Espero que também eles não fujam da nossa realidade.
"Dicionário da Língua Portuguesa" Porto Editora, 2009
Fui buscar a definição exacta da palavra fuga para compreender se seria injusto classificar a prestação do nosso Governo nos últimos 4 nos e meio como uma fuga à realidade?- E fiquei indeciso em escolher entre as duas melhores definições. Ou estamos perante um acto de não fazer ou assumir o que se devia, ou então, um subterfúgio. Isto porque, poderíamos pegar nestas duas opções e ir buscar mil exemplos de cada uma. Fuga à realidade porque o mesmo Primeiro-Ministro que interrompe as suas férias para numa declaração relâmpago afirmar que baseando-se em dados recentes a nossa economia registou uma leve recuperação, à imagem da França e da Alemanha, revelando aqui sinais de opções acertadas para combater esta crise mundial, ele mesmo no dia seguinte esqueceu-se de comentar os números agora revelados do desemprego em Portugal!- Ultrapassámos os 500 mil e muitos deles sem acesso a qualquer subsidio. O subterfúgio que geralmente utiliza, invariavelmente consiste numa frase feita por políticos "rascas". Estamos perante a maior crise desde a recessão dos anos 20 do século passado!!- Não podemos fazer nada, diz ele. Eu digo que podemos fazer algo e já no final do próximo mês, basta que os portuguesinhos saibam merecer a oportunidade de se pronunciar perante as urnas. Espero que também eles não fujam da nossa realidade.
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Melhor Jogador do Mundo!
A nossa selecção prepara-se para realizar hoje um jogo de preparação contra o Liechenstein. Queiroz, na lista de convocados , divulgada à uma semana, incluiu o MELHOR JOGADOR DO MUNDO!- Infelizmente, uma arreliadora gripe (ainda não se sabe, se dos porcos ou outra qualquer?) impediu o MELHOR JOGADOR DO MUNDO de se apresentar na dita comitiva. O Real Madrid enviou uma carta à Federação Portuguesa de Futebol a noticiar o facto, sem mais pormenores. O Gilberto Madaíl já veio afirmar em público que este procedimento do clube espanhol não foi correcto. Se enviou uma queixa para a UEFA?- Acho que não. Do MELHOR JOGADOR DO MUNDO também não partiu qualquer afirmação, sobre este súbito estado gripal.
Tudo isto seria muito estranho num outro PAÍS, mas aqui não. Somos pequeninos, vamos continuar a ter dirigentes federativos com diarreia mental diariamente e um seleccionador que no vocabulário não encontro palavras que expressem a forma como o classifico. No entanto como povinho, continuamos a idolatrar um rapazinho madeirense que sabe dar uns chutos na bola e autoproclama-se candidato a MELHOR JOGADOR DO UNIVERSO e arredores...
Tudo isto seria muito estranho num outro PAÍS, mas aqui não. Somos pequeninos, vamos continuar a ter dirigentes federativos com diarreia mental diariamente e um seleccionador que no vocabulário não encontro palavras que expressem a forma como o classifico. No entanto como povinho, continuamos a idolatrar um rapazinho madeirense que sabe dar uns chutos na bola e autoproclama-se candidato a MELHOR JOGADOR DO UNIVERSO e arredores...
terça-feira, 4 de agosto de 2009
O País Relativo
"País purista a prosear bonito,
a versejar tão chique e tão pudico,
enquanto a lingua portuguesa se vai
rindo
galhofeira comigo.
País que me pede livros andejantes
com o dedo, hirto, a correr as
estantes.
País engravatado todo o ano
e a assoar-se na gravata por engano.
País onde qualquer palerma diz,
a afastar do busílis o nariz:
- Não, não é para mim este país!
mas quem é a bàquestica sem lavar
o sovaco que lhe dá o ar?
Entrecheiram-se, hostis, os mil
narizes
que há neste país.
País do cibinho mastigado
devagarinho.
País amador do rapapè do meter butes e do parlapié,
que se espaneja, cobertas as miudas,
e as desleixa quando já ventrudas.
O incrível país da minha tia
trémulo de bondade e de aletria.
Moroso país da surda cólera
de repente que se quer feliz.
Já sabemos, país, que és um
homenzinho...
País tunante que diz que passa a vida
a meter entre parêntesis a cedilha.
A damisela passeia
no país da alcateia,
tão exterior a si mesma
que não é senão a fome
com que este país a come.
País do eufemismo, a morte dia a dia
pergunta a mesureiro. Como vai a vida?
País dos gigantones que passeiam
a importância e o papelão,
inaugurando esguichos no engonço
do gesto e do chavão.
E ainda há quem os ouça, quem os
leia,
lhes agradeça a fontanária ideia!
Corre boleada, pelo azul
a frota das nuvens do país.
País desconfiado a reolhar para cima
dum ombro que, com razão duvida.
Este país que viaja a meu lado
vai transido mas trasistorizado.
Nhurro país que nunca se desdiz.
Cedilhado o cê, país, não te revejas
na cedilha, que a palavra urge.
Este país, enquanto se alivia,
manda-nos à mãe, à irmã, à tia,
a nós e à tirania,
sem perder tempo nem caligrafia.
Nesta mosquitomaquia
que é a vida
o país,
que parece comprida!
A Santa Paciência, país, a tua
padroeira,
ja perde a paciência à nossa cabeceira.
País pobrete e nada alegrete,
baú fechado com um aloquete,
que entre dois sudários não contêm
senão
a triste maça do coração...."
- Este excerto de "Feira Cabisbaixa" de Alexandre O´Neill foi editado em 1965 e se analisarmos bem estes ultimos 50 anos, não mudou muito, todas estas caracteristicas dos nossos portuguesinhos.Confesso que me continua a custar muitíssimo, estes contínuos atrasos no nosso desenvolvimento, a partir da nossa emanicipação em termos de democracia plena, mas este "deixa andar" transformou-se numa imagem de marca. Tal como o grande poeta disse "...País engravatado todo o ano..."
a versejar tão chique e tão pudico,
enquanto a lingua portuguesa se vai
rindo
galhofeira comigo.
País que me pede livros andejantes
com o dedo, hirto, a correr as
estantes.
País engravatado todo o ano
e a assoar-se na gravata por engano.
País onde qualquer palerma diz,
a afastar do busílis o nariz:
- Não, não é para mim este país!
mas quem é a bàquestica sem lavar
o sovaco que lhe dá o ar?
Entrecheiram-se, hostis, os mil
narizes
que há neste país.
País do cibinho mastigado
devagarinho.
País amador do rapapè do meter butes e do parlapié,
que se espaneja, cobertas as miudas,
e as desleixa quando já ventrudas.
O incrível país da minha tia
trémulo de bondade e de aletria.
Moroso país da surda cólera
de repente que se quer feliz.
Já sabemos, país, que és um
homenzinho...
País tunante que diz que passa a vida
a meter entre parêntesis a cedilha.
A damisela passeia
no país da alcateia,
tão exterior a si mesma
que não é senão a fome
com que este país a come.
País do eufemismo, a morte dia a dia
pergunta a mesureiro. Como vai a vida?
País dos gigantones que passeiam
a importância e o papelão,
inaugurando esguichos no engonço
do gesto e do chavão.
E ainda há quem os ouça, quem os
leia,
lhes agradeça a fontanária ideia!
Corre boleada, pelo azul
a frota das nuvens do país.
País desconfiado a reolhar para cima
dum ombro que, com razão duvida.
Este país que viaja a meu lado
vai transido mas trasistorizado.
Nhurro país que nunca se desdiz.
Cedilhado o cê, país, não te revejas
na cedilha, que a palavra urge.
Este país, enquanto se alivia,
manda-nos à mãe, à irmã, à tia,
a nós e à tirania,
sem perder tempo nem caligrafia.
Nesta mosquitomaquia
que é a vida
o país,
que parece comprida!
A Santa Paciência, país, a tua
padroeira,
ja perde a paciência à nossa cabeceira.
País pobrete e nada alegrete,
baú fechado com um aloquete,
que entre dois sudários não contêm
senão
a triste maça do coração...."
- Este excerto de "Feira Cabisbaixa" de Alexandre O´Neill foi editado em 1965 e se analisarmos bem estes ultimos 50 anos, não mudou muito, todas estas caracteristicas dos nossos portuguesinhos.Confesso que me continua a custar muitíssimo, estes contínuos atrasos no nosso desenvolvimento, a partir da nossa emanicipação em termos de democracia plena, mas este "deixa andar" transformou-se numa imagem de marca. Tal como o grande poeta disse "...País engravatado todo o ano..."
Subscrever:
Mensagens (Atom)