quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

"إذا الشعب يوما أراد الحياة


Enquanto por cá tivemos mais do mesmo depois das eleições, aqui bem perto no Magrebe, ao virar da esquina atravessando o Mediterrâneo, a atmosfera vai ficando pesada para os senhores que se sentaram na cadeira do poder nos anos 80 e ainda por lá permanecem. Ben Ali já fugiu para a Arábia Saudita, aonde estará descansado numa qualquer suite presidencial num palácio de algum amigo, outro como Mubarak prepara-se com 82 anos a seguir-lhe as pisadas mas a fuga terá um destino mais descontraído para junto dos seus amigos norte americanos (Egipto foi o único país desta região do globo que reconheceu o Estado de Israel a pedido dos EUA, em troca disso recebeu milhões de dólares de ajuda ao longo de todos estes anos).
Perguntei nesta página do Facebook ( We are all Khaled Said ) qual era realmente a força do povo perante um exército que está 100% ao lado de Mubarack, ao contrário do que acontecia com Ben Ali na Túnisia, que estava a encontrar muitos entraves nas suas próprias Forças Armadas?- Recebi dezenas de respostas, aonde o denominador comum é sem dúvida a certeza de um povo que sofre na pele todos os dias o resultado de leis cada vez mais penalizadoras para a sua sobrevivência, têm que aproveitar este clima que reina na região, senão continuará esta vergonha de se organizarem pseudo eleições e tudo não passa de uma monarquia fantasiada, porque o filho do ditador egipcio prepara-se para suceder ao pai.
Quero expressar aqui neste blog a minha profunda admiração por estes povos terem a capacidade de mostrarem nas ruas o desejo de usufruirem de uma vida melhor no futuro, afinal de contas não marcam greves gerais com 4 meses de antecedência e depois lutam em casa no seu sofá!!-Toda a gente sabe do que estou a falar.
Acredito que me poderão acusar de estar a exagerar e que aqui não estamos a passar pela mesma situação destes povos e não temos um Primeiro Ministro que nos priva de falarmos em liberdade ( a mais de cem metros da sua residência), que não é corrupto, que todos os dias não piora o nosso poder de compra, que não mina o País com os seus amiguinhos (boys) para estes mexerem os cordelinhos e manter o povo manietado e sossegado. Claro que nós aqui estamos muito melhores do que esses países do Norte de África e temos uma outra realidade não é?

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Um buzinão às presidenciais.


























Aproxima-se um fim de semana especial. Especial porque esta data vai marcar, sem sombra de dúvida, as eleições para a Presidência da Republica, aonde se irá registar a maior percentagem de votos em branco e abstenção desde o 25 de Abril!
Portanto, está na altura de revermos quais as hipóteses que nos dão para não votar em branco ou de não descalçarmos sequer os chinelos e ficarmos no quentinho, já que se prevê também um fim de semana gélido. Vejamos:
-Temos um electricista comunista que até à campanha eleitoral nunca ninguém ouviu falar, e que irá regressar ao anonimato logo a seguir ao dia 23 de Janeiro. Um senhor que veio da Madeira que só faz figuras tristes e que agora se convenceu que o Palácio de Belém deve ter mais umas assoalhadas que o outro Palácio Rosa do Funchal e candidata-se a ficar talvez com uma arrecadação algures na Ponta do Sol. Depois, temos um candidato do PS que não sendo a escolha do engenheirinho, é só para atrapalhar o outro candidato oficial do Largo do Rato. Até parece que isto aqui têm mãozinha do Soares, ressabiado com alguém que disputou com ele as últimas eleições. Um médico ex apoiante da restauração da monarquia , que agora de repente decidiu lutar contra "moinhos", um D.Quixote pouco convincente que aliás têm uma retórica um pouco naif para estas andanças. Um Alegre que se submeteu ao silêncio em determinada altura para assim obter o apoio do seu partido, uma atitude muito pouco inteligente, dado que desta vez irá obter ainda menos votos do que na anterior tentativa, apesar do incompreensível apoio do BE. Em relação ao Cavaco candidato, apenas deixo um pequeno artigo de opinião que escrevi em Fevereiro de 1995 na "Grande Reportagem" com o título "Eu, emigrante". Estava na altura nos EUA e o Primeiro Ministro Cavaco Silva foi lá para declarar que as percentagens das remessas de dinheiro enviadas para Portugal eram cada vez menores. Mesmo de lá ouviu-se um buzinão e o Miguel Sousa Tavares, director desta excelente revista, teve a amabilidade de colocar este meu desabafo nas suas páginas.
Portanto meus amigos, com todas estas possibilidades, estou mesmo a ver o que vai acontecer!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A cantiga é uma arma!

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José Mário Branco é mais um daqueles nomes que incluo neste blogue como uma referência da cultura portuguesa a quem deveríamos todos prestar uma devida homenagem, porque nunca se curvou perante todo este chorrilho de políticos que se pavonearam no poder desde o 25 de Abril. E antes disso foram alguns anitos no exílio em Paris, porque tal como o Zeca também passou das marcas.
Esta apresentação ao vivo em 1982, têm hoje uma actualidade espantosa. Ouçam-na com atenção e reparem que pouca coisa mudou, o FMI anda por aí a rondar e tal como naquela época, é uma instituição financeira internacional que se prepara para nos "ajudar".
"...Saímos de cravo na mão a horas certas..."; "...acabamos todos a estender o braço..."; "...a culpa é dos partidos, são todos a mesma merda, é só paleio, o pessoal não quer é trabalhar..." estas e outras passagens deste testemunho histórico que levanta questões pertinentes sobre o porquê de não andarmos para a frente. Dorminhocos e entretidos com números que lançam cá para fora todos os dias. Num dia o nosso défice não aumentou como esperávamos, noutro dia o numero de desempregados aumentou porque houve uma fuga de informação e a estatística já não é o que era, noutro ainda as agências de rating andam a tramar-nos com especulações infundadas e por fim as exportações vão de evento em popa. E os portuguesinhos continuam impávidos e serenos à espera do FMI!!!
Existe na música portuguesa muita gente que se auto intitula produtora e divulgadora de música de intervenção, mas muita dessa malta o que produz é inócuo, este senhor que hoje aqui refiro costuma dizer desde sempre que a "cantiga é uma arma", e é mesmo no caso dele.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Entrega de testemunho.


-Esta passagem de testemunho explosiva é digna de assustar qualquer um. Mas vejamos, agora que iniciámos mais um ano, acredito que muitos de nós têm sempre uma ténue esperança que afinal estão a pintar o quadro com cores demasiado sombrias e existe uma luz ao fundo do túnel. Porquê tanto pessimismo afinal só ainda vamos na primeira semana do ano e já aumentaram os transportes, a gasolina, a luz, o gaz, a água, o IVA cerca de 2% nalguns produtos e noutros de 6 para 23%, cortes nas prestações sociais, descida dos salários dos funcionários públicos, os medicamentos mais caros devido ao cancelamento de comparticipação do Estado na maioria deles, aumento das portagens e o agravamento das deduções do IRS. Portanto não vamos começar já a pensar no pior.
-Alguns portuguesinhos até costumam dizer que ultimamente a culpa deste ambiente negativo é dos próprios jornalistas e economistas bem falantes que insistem em falar na crise por qualquer razão. A obsessão de realçar o aumento do IVA em vez de falarem do programa tecnológico do Engenheirinho?- A opção de se colocar nas primeiras páginas o aumento da despesa do Estado em vez de se falar no esforço que os nossos governantes têm feito no estrangeiro, estendendo as mãozitas no Brasil, na Venezuela, na Líbia, etc... Julgarem em praça pública comportamentos de administradores da Carris, do Metro, da EDP, da CGD quando poderiam salientar que todos estes senhores estão imbuídos de um elevadíssimo espírito de sacrifício ao aceitarem estes cargos de muita exposição pública quando poderiam estar a exercer as mesmas funções numa empresa privada.
Acreditem que apesar de toda esta minha ironia existe muita gente que apesar de tudo, prefere continuar a colocar a cabeça na areia e esperar que a tempestade passe.