terça-feira, 29 de março de 2011

Um segredo bem guardado.


Sempre soube que o nível de vida dos islandeses era muito alto, à imagem do que acontece nos outros países nórdicos, seus vizinhos. Mas, subitamente em 2008 começa-se a falar de uma repentina crise que surpreendeu o resto da Europa. À custa das asneiradas dos três principais bancos da Islândia, que levaram o Executivo a emitir um decreto urgente pelo qual atribui para si a capacidade de nacionalizar as instituições financeiras privadas. A Bolsa entretanto regista quedas históricas e o Estado fica à beira da falência!!

Enquanto este panorama se vai desenrolando e agravando, o ministro das Finanças recorre ao famoso FMI. A partir daqui começa aquilo que eu realmente considero um verdadeiro porta estandarte daquilo que representa a palavra movimento cívico de um povo que vive em plena democracia. Uma ilha deste tamanho com um fraca densidade populacional, naturalmente que a maioria das pessoas vive em redor da capital, cerca de de três a quatro mil pessoas começaram por pacificamente reunir-se em frente ao seu parlamento, exigindo a demissão dos responsáveis governamentais além de uma punição pelos seus atos irresponsáveis. A persistência dá sempre resultado e ao fim de umas semanas o Governo caiu. A pressão continuou para que se mudasse a própria Constituição, que já datava de 1944 e era uma cópia da dinamarquesa.
Foi constituída uma nova equipa para dirigir os destinos do País com uma senhora de 66 anos , com o bonito nome de Sigurdardóttir que foi depois confirmada como líder parlamentar após sufrágio universal. Entre outras medidas bem aceites pelos cidadãos islandeses, esta senhora promoveu como prioridade da sua política económica, a não gratificação dos banqueiros e que ao contrário, legislou de forma a que estes fossem punidos com prisão efetiva pelos atos cometidos no passado. Alguns fugiram e estão a ser procurados pela Interpol. Esta medida impopular para o resto dos países europeus, faz com que os burocratas de Bruxelas retardem agora o processo de adesão da Islândia à comunidade europeia. No entanto este País nórdico consegue no presente afirmar que já ultrapassou a sua fase negra e encontra-se em plena fase de crescimento e consolidação da sua economia. Um "milagre"ou talvez não, apenas a vontade de um povo em fazer valer a sua voz. Todo este processo foi muito pouco divulgado pelos órgãos de comunicação social europeus, o que desde logo prenuncia algo de muito estranho, ou talvez não!

terça-feira, 22 de março de 2011

PEC IV, segundo Sócrates.

Penso termos chegado ao epílogo de uma história já com 6 longos e penosos anos. Acho que terei de falar no engenheirinho daqui por uns tempos, porque presumidamente irá querer candidatar-se a um posto qualquer, num tacho de relevo em Bruxelas.
-PEC
ou, e PECou e voltou a PECar, a sua sede de poder deverá impedi-lo de algum dia reconhecer que a sua liderança foi ruinosa para este País. A teimosia, não permitia largar mão das suas ideias e por muita falácia sobre propostas de aliança com outras forças partidárias, depois de saber que não conseguira a segunda maioria absoluta, não convenceu ninguém. Se a Justiça em Portugal fosse uma senhora de olhos vendados, balança equilibrada numa das mãos e noutra a espada como Minerva, de certeza que este senhor já teria abandonado esta sua farsa. Mas a equidade da balança pesa sempre para o mesmo lado e a espada levanta sempre sobre os mais desfavorecidos.
Quanto ás suas ultimas medidas, que em princípio não irão vingar, (porque as "hienas laranjinhas" farejam o sangue da vitima e estão com vontade de espetar o dente para a estocada final) eu penso que são mais do mesmo. Afinal de contas, todos sabemos que a Irlanda e a Grécia com processos muito semelhantes ao nosso, apesar destas mesmas medidas para combater o deficit, estão cada vez mais enterrados no lodaçal da alta finança europeia. Empréstimos para pagar juros cada vez mais altos, que por sua vez geram uma divida com efeito de bola de neve, que vai crescendo, crescendo até à banca rota!
As eleições aí estão no horizonte dos portugueses e infelizmente não antevejo que existam soluções credíveis, lideres pragmáticos em função da nossa realidade, políticas consistentes e reformadoras que consigam antever uma luz ao fundo do túnel e o mais importante, vontade de rompermos com esta bipolarização partidária de 37 anos que nos deixou neste estado.
Se o nosso futuro, mais que previsível, passa por uma substituição de um engenheirinho presunçoso por um "laranjinha" com 365 medidas no seu bolso, encomendadas aos "donos de Portugal" e que em termos práticos, resume-se a uma total indisponibilidade de avançarmos para uma credibilização da nossa economia nos mercados internacionais a par de continuarmos a encher os bolsos aos mesmos de sempre, prefiro sinceramente que entre o FMI e que aí sim, cortem a direito, sejam transversais a toda a nossa sociedade nas dificuldades que teremos de enfrentar. Substituir "boys" por "yuppies" não nos leva a lado nenhum.

terça-feira, 15 de março de 2011

Os portugueses da Luta!

- Sinceramente, este dia 12 de Março irá ficar na memória de muita gente, pelo menos para mim que lá estive foi uma "festa linda pá" como diria Chico Buarque. Através de um simples apelo de uma rede social aconteceu algo que eu considero ser uma mudança de atitude dos Portugueses (notem Portugueses não portuguesinhos!).
Calcula-se que tenham calcorreado aquela avenida cerca de 200 mil pessoas, em busca de uma esperança de que fossemos ouvidos, em uníssono gritámos bem alto o nosso inconformismo, saltámos do sofá e descemos a avenida.
A uma geração juntaram-se todas as outras, não pretendendo participar no carnaval do senhor primeiro ministro, demonstrámos que este protesto em massa poderia revelar um sinal forte em direcção aos nossos políticos. Coexistiram ali diversas formas de pensar, mas sempre numa base de respeito mútuo e no final o balanço foi positivo, porque deixou no ar a esperança de que os movimentos cívicos em Portugal poderão ter uma palavra muito importante em decisões futuras.
E, agora?- Não basta o que fizemos, até porque nada mudou para já. Não podemos adormecer sobre um primeiro passo que demos, seria tudo muito inconsequente. Não se pode permitir que alguma força partidária se cole a este movimento e será importante ter respostas claras sobre os nossos problemas, porque muito em breve elas irão ser colocadas. Não basta protestar sobre o que está mal, temos de tornar claro esse manifesto que foi criado e tentar que ele seja o mais cristalino possível para todas as Gerações. VIVA PORTUGAL, AFINAL ESTAMOS VIVOS!!!!!!!!!

quarta-feira, 9 de março de 2011

Mare Nostrum.





















"O Oceanário celebra a vida na terra através de uma visão deslumbrante da vasta e complexa diversidade de seres vivos que habitam este oceano global, evocando o papel vital que este exerce na saúde e evolução planetária."
Francisca Menezes Ferreira in
"Pavilhão do Oceanos - Exposição Mundial de Lis
boa de 1998"













quarta-feira, 2 de março de 2011

Telhados de vidro.

A hipocrisia de um Estado pode ser infinita. Regimes como o Irão e a Coreia do Norte são exemplo disso mesmo. Esta reacção que o Presidente Ahmadinejad teve , perante a possibilidade das Nações Unidas tomarem uma decisão de intervenção na Líbia, é de bradar aos céus. Simplesmente, critica essa hipótese e ainda por cima ameaça os possíveis intervenientes. Ainda à pouco tempo, regozijava-se com a luta do povo egípcio, agora como a oposição no seu próprio país recomeça a manifestar-se, não acha piada nenhuma ao que está a acontecer na Líbia!!
Mas Ahmadinejad não nos consegue surpreender pela negativa, tudo o que têm feito é sempre nesta faixa de incongruência total. O seu regime totalitarista encontra afinidades em países como a China, a Venezuela, a Bolívia e outros que tais, que se justificam uns aos outros nos palcos da política internacional, como uma nova corrente política a nível mundial, aonde o regime presidencialista chama a si todo o poder, uma espécie de autocracia moderna. Nas suas relações internacionais regem-se por uma antipatia básica e comum, ódio visceral aos Estados Unidos.
Quando, o que está em causa são clamores internos para uma reforma política nas suas densas e rígidas leis, logo vêm os fantasmas da intervenção e influência estrangeira dentro das suas fronteiras. Regimes extremamente inseguros, que tal como foram derrubados outros recentemente, também eles estarão na ordem do dia nos próximos tempos e a tensão vai-se adensando.
Na minha opinião, o efeito dominó do que aconteceu no Magrebe, está a gerar uma onda de desconforto em certos estadistas muito comprometidos com o seu passado e presente, menos claros. O ultimo exemplo do que acabo de afirmar, é sem dúvida o nervosismo visível de José Eduardo dos Santos perante uma crescente onda de contestação que ainda não saiu à rua em Angola, mas que nas odiadas redes sociais vai-se "cozinhando" algo que cheira a esturro.