quarta-feira, 27 de abril de 2011

O flash interrompido.


Mais uma oportunidade para divulgar um evento que neste momento decorre no Museu da Electricidade em Lisboa, a exposição da World Press Photo. Geralmente costumo assistir, neste espaço original da capital, a esta seleção do melhor que aconteceu no passado ano em relação a foto jornalismo. Mostro aqui dois dos exemplos premiados, mas todos os anos esta exposição não deixa indiferente ninguém, perante as obras destes homens e mulheres que arriscam a sua própria vida para nos mostrar uma realidade, que por vezes nos fica confortávelmente distante. Ainda recentemente, dois repórteres fotográficos (recentemente galardoados com premios desta organização) foram mortos em Misrata (Líbia) ao tentarem capturar imagens para a Vanity Fair e para a Getty Images, respectivamente Tim Hetherington e Chris Hondrus, ambos de 41 anos. Desde o principio do conflito já faleceram 5 jornalistas devido a fogo cruzado na Líbia
Geralmente, quando termino a minha visita, custa-me digerir toda a frieza de algumas daquelas imagens, mas ao mesmo tempo sinto-me gratificado, porque consigo transportar-me para alguns daqueles locais e pensar como reagiria perante determinadas situações com uma máquina nas minhas mãos. Enfim, sonhos...

quinta-feira, 21 de abril de 2011

O Divino Homem das Fitas.

Este pequeno excerto da "Divina Comédia" que aqui apresento, integra duas das figuras que sempre aprendi a respeitar pela sua postura perante a cultura em Portugal e pela excelência do seu trabalho. Mário Viegas, que muito cedo nos deixou e Luis Miguel Cintra, um homem que continua contra ventos e marés a dirigir uma das mais emblemáticas salas de teatro de Lisboa, falo da Cornucópia. A sua programação pauta-se por uma escolha criteriosa de grandes autores e nunca se deixaram tentar pelos textos que fazem chamariz de mais público.
Mas esta introdução serve para homenagear mais uma figura grande da nossa cultura, o realizador deste mesmo filme de 1991. Manoel de Oliveira, nascido no Porto em 1908, que acaba de apresentar o seu novo filme "O estranho caso de Angélica". A história de um fotógrafo da Régua que é chamado para tirar o ultimo retrato de uma jovem que acaba por falecer após o seu casamento e que pertencia a uma família muito abastada. Esta película integrou mais uma vez a seleção oficial do Festival de Cannes de 2010, aliás uma presença que sempre foi assídua naquele prestigiado certame.
Sempre fui um grande apaixonado pela 7ª arte e confesso que Manoel Oliveira nunca foi um dos meus favoritos, mas a verdade é que me lembro de ter assistido a este filme que apresentei em cima e que foi para mim na altura uma bela surpresa. A "Caixa" foi outro dos que me recordo além do inevitável clássico "Aniki Bóbó", que aliás foi a sua primeira grande metragem. Desde esse momento, em 1941 realizou mais 32 obras!!!!- A sua longevidade no meio cinematográfico já lhe proporcionou reconhecimento a nível mundial, não fosse ele o realizador mais velho do mundo. Mas, mais importante do que tudo é assistirmos a esta sua "teimosia" em continuar a ser uma pessoa lúcida e com projetos para o futuro, de certeza que este senhor oriundo de uma família burguesa dos princípios do século passado, é um exemplo para todos nós. A sua preserverança na forma como faz aqueles longos planos estáticos com ausência de diálogos e por vezes monótonos, apesar das criticas do grande público e das piadas que se fizeram ao longo dos tempos, nunca o demoveram dessa forma de dirigir as suas obras.
Termino com uma das frases do mestre, num pequeno apontamento cinematográfico de um outro grande realizador, Win Wenders, ele afirmava "...a unica coisa verdadeira é a memória...". Eu diria, tenhamos bastante memória para não esquecermos dos nossos valores maiores.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Que Nobre ideia.

Nas ultimas eleições em Portugal têm-se registado um crescente numero de independentes que surgem para preencher aquela lacuna cada vez maior que os partidos políticos criaram na sociedade. Os cidadãos estão naturalmente insatisfeitos e procuram outras opções. Por vezes aparecem candidaturas surpresa como o que acabou de acontecer nas presidenciais com Fernando Nobre. Apelidou-se de independente, longe de qualquer partido político existente, com um perfil exemplar na área da assistência humanitária, criou a AMI em 1984 e desde essa data habituámo-nos a assistir às suas incursões em múltiplos palcos de guerra e a diversos cenários de catástrofes naturais, dando o seu contributo de um forma muito corajosa. Quando surgiu, com as suas credenciais e prioridades sociais, logo cativou uma boa percentagem de eleitores. Algo que se veio a concretizar no resultado das Presidenciais, quase 600 mil votos (!!!) sem qualquer aparelho partidário a suportar esta candidatura, é obra.
Em tempos de crise os partidos às vezes recorrem das ideias mais estapafúrdias, e esta do PSD convidar Fernando Nobre só porque ele obteve um êxito relativo nas ultimas eleições é algo de muito estúpido. Ou o convite aparece porque Manuela Ferreira Leite, Luis Filipe Menezes, Marques Mendes e António Capucho recusaram-se a integrar as listas do PSD às próximas legislativas ou aparece porque Pedro Passos Coelho pretende dar uma imagem de abertura a novas ideias (mais à esquerda) para cativar eleitores de outro espectro político? -Digamos que qualquer das hipóteses são insuficientes para justificar tal gesto, apenas lembro o que já aconteceu recentemente com Manuel Alegre. Teve muitos mais votos quando apresentou uma candidatura sem apoios partidários do que quando cometeu erros crassos que lhe valeram uma derrota humilhante.
Digamos que existem muitos portuguesinhos que já se arrependeram nesta história de apoiar o benemérito Doutor Fernando Nobre, era mais um que queria "tacho" e que aquelas palavras bonitas, levaram-nas o vento.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Ansel Adams

"A Lua e o Half Dome" Parque Nacional de Yosemite, 1960

"Rosa e Tronco" 1932

"Montes Teton e o rio Snake" Parque Nacional de Teton, 1951

"Pinheiro Jeffrey, Sentinel Dome", Parque Nacional de Yosemite, 1940

"Casa Blanca em ruínas" Canyon de Chelly, Arizona, 1942

A minha paixão pela fotografia faz-me de quando em vez mostrar um pouco da obra dos mestres que eu tanto admiro. Desta vez falo de Ansel Adams, um notável fotógrafo norte americano que retratou com mestria os Parques Nacionais do seu País e não só. Dedicou-se à fotografia de paisagem e enquanto perito em técnicas de laboratório, inventou um método de revelação e exposição- conhecido como "sistema de zonas"- que hoje faz parte da história da fotografia. A par da sua arte e pelo facto de ter passado muito tempo nestes ambientes, abraça a causa da preservação da natureza e as suas imagens de Yosemite, tornam-se importantes para que este local passe a ser classificado como parque natural a partir de 1940.
Os seus admiradores sempre reconheceram o carácter emblemático das imagens de Adams e as suas fotografias correram mundo como ícones das belezas naturais dos Estados Unidos. Faleceu aos 82 anos, quatro anos antes recebera das mãos do presidente Jimmy Carter a Medalha da Liberdade. Deixou um legado fantástico e graças a ele, existem ainda muitos destes locais preservados devido às suas fotografias.