quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Rtp2 ao fundo.

Ainda estávamos na praia, quando o moço de recados deste governo vêm a terreiro, fazer uma declaração que nos deixou de boca aberta. O ministro que conseguiu um diploma em tempo recorde e que agora passeia o seu "avental" lá para os lados de Timor, deveria ser ele a trazer-nos essa novidade, mas também já nos habituou a uma série de lapsos, atropelos da democracia, desrespeito pela constituição e outras do mesmo calibre.

Se a notícia não passa de mais uma forma de entreter o pessoal, para passar o resto do Verão a comentar algo inócuo, até não estou muito preocupado. Mas, se estas declarações têm algum fundo de verdade, aí o caso muda de figura. Quase um ano depois, o Governo parece ter concluído que a privatização parcial de um canal e o fecho do outro será a solução ideal.Tantas horas de estudo, tantas reuniões sobre este dossier e o resultado, mais uma vez, cheira a mais um negócio "à Relvas". Não chega o controle sistemático das linhas editoriais dos canais públicos, mesmo assim, o negócio fala mais alto e o interesse público fica para depois.

Por falar em interesse público, verdade seja dita os portuguesinhos merecem a televisão privada que têm. Três ou quatro telenovelas encaixotadas na programação, pinceladas por programas da manhã e da tarde cheios de motivos de desinteresse geral e concursos para sacar uns cêntimos ao povo através do valor acrescentado. Resta muito pouco,mas também não interessa, porque não dá audiência.

A Rtp2 têm pautado a sua programação ao longo dos anos com conteúdos de interesse público e cumpre a sua função por inteiro. Este hipotético fecho vêm na linha daquilo que os sucessivos governos do PSD fizeram pela cultura em Portugal. Para estes meninos o povo necessita estar alienado com outros assuntos bem mais leves, porque dessa forma têm menos acesso  a ferramentas para exercitar a capacidade de pensar os problemas do País. Estupidificar é uma regra essencial e este fecho vêm exactamente nesse sentido. Os serviços públicos estão por isso, todos eles, a ser eliminados. Transportes, serviços energéticos, saúde, educação, etc...
Garanto-vos que aos poucos o fumo vai tornar-se fogo e aquilo que hoje não passa de um processo de intenções amanhã é uma lei de corpo inteiro no Diário da Républica.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Um homem de esquerda.

Louçã despede-se do Bloco e a pergunta que eu coloco neste momento.Ele sai pela porta grande ou pela pequena? -Digamos que a resposta será díspar, consoante a vertente, pela qual queiramos pegar no assunto. Se este partido têm um lugar de destaque na política portuguesa, deve-o em grande percentagem a este homem. Ninguem dava nada por o BE, na sua génese, muita gente vaticinaria um destino semelhante ao MRPP, à UDP ou ainda a outros partidos de papel muito secundário que nunca tiveram representação parlamentar. O Bloco, além de ter tido uma dezena de deputados na Assembleia, conseguiram eleger representantes em Bruxelas e mesmo um Presidente da Câmara.

No auge da sua evolução, existiu algo que a meu ver determinou algumas dissidências e a sua queda de popularidade. O apoio nas ultimas Presidenciais ao candidato do PS, Manuel Alegre foi determinante. Muita gente não compreendeu esse apoio e penalizou o partido não só nessas eleições como mais tarde nas legislativas. Normalmente, Louçâ deveria ter pedido demissão e permitir que houvesse uma entrada de sangue novo na liderança. Acabou por ficar mais um ano e justificar alguns erros para encobrir a verdadeira razão de uma opção desastrosa, inclusive revelando estar arrependido de não ter reunido com a Troika, aquando da sua primeira visita, para determinar as condições do empréstimo.

Se houve alguém, dentro daquele hemiciclo em São Bento, que conseguiu parlamentar de uma forma perspicaz os seus pontos de vista, ou mesmo a maneira como tornou públicos alguns dados inoportunos às sucessivas maiorias da Assembleia, especialmente através dos famosos "duelos" com Sócrates, essa pessoa é Francisco Louçâ. Um líder que deixa uma marca indelével no panorama da política portuguesa e um economista que sempre justificou as suas ideias com base numa maior justiça social, algo que eu sempre classifiquei de utopia, devido ao mundo que nos rodeia.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

William Klein

                                                      "Um happening na rua"                                             
                                               Tóquio, 1961

                                            "Fim do mundo em Nova Iorque"
                                         Nova Iorque, 1955

"Hat and 5 roses"
                                                    Paris, 1956
                                                       "Nina and Simone"
                                                 Roma, 1960
"ANYTHING GOES:
               désordre, ordre, trash, crash,
                            violence, poésie, hasard, mise 
                                         en scéne, rêve, raison, too
                                                 much, subjective, snapshot,
                                                             posé dans la photographie
                                                                                 comme dans tout...
                                                                                                         ANYTHING GOES."

William Klein, mais um mestre da fotografia que aqui apresento, nasceu em Nova Iorque decorria o ano de 1928. Viveu a sua meninice sentindo de perto as sequelas da Depressão de 1929. Estudou Sociologia, mas a sua paixão por desenho, depressa o levaram até Paris, aonde estudou pintura na Sorbonne. Só em 1952, tirou as suas primeiras fotografias e desde cedo identificou-se com o realismo de alguns trabalhos de Man Ray.
Em 1956, publica o seu primeiro conjunto de fotografias, sobre a cidade de Nova Iorque, logo impressionando pelas suas imagens de caos. Uma vertigem de anúncios, engarrafamentos, cartazes, semáforos, multidões de personagens diferentes, mendigos, milionários, cruzamento de culturas. Nos seus registos, a vanguarda está sempre presente, como as da Pop Art dos anos 60. Um urbanismo monstruoso caracteriza os seus trabalhos posteriores, tacteando muitas capitais do mundo, com este mesmo sentido realista. Moscovo, Tóquio, Roma, Berlim, Londres, Paris. O seu trabalho, como assinalaram alguns críticos, muitas vezes parecem fotogramas de filmes de Orson Welles ou de Stroheim. A sua aproximação à 7ª arte é tão óbvia que acaba mesmo realizando alguns filmes, aonde eu destacaria

Float Like a Butterfly, Sting Like a Bee

Float Like a Butterfly, Sting Like a Bee Poster
Pier Paolo Pasolini manifestou  surpresa, por ser um americano a demonstrar aos romanos, qual era a sua verdadeira paisagem, no livro que publicou sobre Roma. Fellini, por seu lado, também comentou que esta sua obra poderia ser um guião de um filme. Como o próprio afirmou, a sua câmara não fixa modelos, mas antes personagens, o que o obriga a dialogar, indicar, sugerir, discutir a  até provocar os protagonistas das suas imagens, tal como faz um realizador com os seus actores. Um mestre da fotografia sempre muito perto do cinema.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Um código elástico.


Entrou hoje em vigor o novo código do trabalho que vêm agilizar, segundo o nosso Governo, as relações entre trabalhadores e patronato. Estas regras irão permitir a descida da taxa do desemprego, porque será mais fácil despedir!!??-Como é possível, continuarmos a permitir, que os direitos adquiridos ao longo de décadas, sejam agora reduzidos a uma legislação, que é tendenciosa e desequilibrada?

Dou alguns exemplos, que encontrei nesta nova fase do código do trabalho, que comprovam esses desequilíbrios. Como a legislação impunha o pagamento de uma indemnização decente  a quem fosse despedido sem justa causa, agora tudo se torna mais fácil. Por simples inadaptação ( e sabe-se lá a quantidade de inadaptados que os patrões por esse país fora, estão prontos a inventar) o empregado, de um dia para o outro fica sem o seu trabalho e ainda por cima reduzem de 30 para 20 dias, por cada ano de trabalho, o valor a calcular para efeitos de compensação. Acima de 12 anos de permanência no mesmo local, em termos de indemnização , não conta nem mais um dia!- Para amenizar o clima, nada melhor que simularmos uma situação que passará a ser recorrente. O valor até agora acordado no pagamento de horas extraordinárias, feriados e  dias de folga trabalhados, irá ser reduzido em 50%. Calculem que alguém se recusa a trabalhar numa dessas situações.Qual o cenário mais certo para esse trabalhador? -Exactamente, adivinharam. Basta aos patrões, recorrerem à lei da inadaptação.

Vamos ser muito mais produtivos, porque vão cortar 4 feriados e o período de férias reduz de 25 para 22 dias anuais?- Quem poderá, no seu juízo perfeito, acreditar numa alarvidade dessas?

 -Miguel Sousa Tavares afirmava à dias, que o País nunca poderá deixar de ser aquilo que é, enquanto existirem movimentos corporativos e sindicais a barrarem sempre as reformas do Estado, quando vão no sentido oposto, aos famosos direitos adquiridos. Estou completamente de acordo. Mas ao mesmo tempo, também sei reconhecer que essas mesmas reformas, nunca combatem o outro lado da moeda. Os interesses dos grandes grupos económicos, as mordomias de mil e uma instituições que vivem à custa dos nossos impostos, dos compadrios políticos, da fuga sistemática aos impostos por parte da banca e não só,etc...A Constituição passou a ser muito elástica e estes senhores, acreditem em mim, andam-se a esticar muito!