sábado, 3 de março de 2012

Canções sem Mordaça.

Ao longo dos tempos a música de contestação têm tido um papel fundamental na sociedade, como forma de chamar a atenção para os problemas que nos afligem, por vezes camuflados. Não discuto aqui a qualidade dessa música, até porque a selecção que aqui apresento é bem diversificada em termos de estilos. Pretendi com estes  vídeos, fazer uma viagem através das ultimas 4 décadas.


                    Zeca, o símbolo máximo dessa dita música, que perdura e representa a tenacidade de um homem que insistiu lutar contra um regime déspota. Sérgio Godinho que pegou na herança do Zeca, a par do José Mário Branco, Fausto, Vitorino, Janita Salomé, etc...e trouxe até aos nossos dias a importância de nunca deixarmos de produzir música de intervenção. O papel dessa música, não deixa de ser importante porque vivemos em democracia, aparentemente muita gente pensa dessa forma, mas hoje revela-se mais importante do que nos tempos da ditadura. Todos os dias, basta lermos nas entrelinhas e escutarmos com atenção, para chegarmos à conclusão que precisamos de estar muito alertas. Muitas dessas letras que hoje ouvimos, são atacadas como demagógicas ou pretensiosas, elas apenas representam a voz da consciência popular, a maioria das vezes. Servem também como um despertador para os poderes instituídos

                  Mais recentemente, temos algumas melodias de contestação interpretadas por grupos que não são identificados por essa matriz, mas que sentiram necessidade de transmitirem esse sinal de alerta, porque a situação piora a olhos vistos. Casos dos Xutos, Deolinda e mais recentemente de A C Boss.

                  Termino com um excerto de uma entrevista dada por Adolfo Luxúria Canibal, o ano passado, quando lhe perguntaram qual o papel da música nas transformações sociais e políticas:


..."A música certa na ocasião apropriada é sempre passível de constituir uma boa banda sonora, e isto em todos os momentos da vida, privados ou colectivos. Pode, enquanto tal e numa qualquer contestação ou transformação social e política, ser factor de união e de referência, veículo catalisador de anseios e aspirações. Na melhor das hipótese, consegue reflectir, ao integrá-lo e exprimi-lo, um mal-estar geral dissimulado ou um desejo comunitário latente e, nesse caso, quanto melhor o integrar e exprimir melhor funciona enquanto bandeira da sua consciencialização e mais apta se torna a federar vontades atomizadas. Na pior das hipóteses, consegue transfigurar-se numa palavra de ordem – se é que ainda podemos falar de música quando isso acontece! Mas, seja como for, é sempre ornamental em relação às transformações sociais. Porque, por si só, a música não gera movimentos colectivos de contestação política nem provoca transformações sociais..."

               
                                       "Tiago Capitão"- Mão Morta
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