quarta-feira, 29 de maio de 2013

Alienado, eu???

Os nossos governantes persistem numa postura, que deveria ser tácita, mas cada vez dá mais nas vistas, porque assustam com medidas bastante penalizadoras e mais tarde recuam, suavizando a pancada, nunca deixando porém de nos castigar. Os portuguesinhos em geral, acabam por pensar no final, do mal o menos ou a conversa mole "poderia ser pior...".

As medidas incluídas no ultimo orçamento seriam suficientes, mas agora "aqueles patifes" do Palácio Ratton, acabaram por dar cabo dos seus planos e portanto nada como rectificar com medidas ainda mais duras. Duras para quem? -Os que sempre conseguiram colocar o seu capital fora do controle do fisco, esses continuam bem. Os outros, receiam que a percentagem decidida, não seja muito alta, receiam pelas suas poupanças, receiam perder os seus postos de trabalho, receiam não ter de pagar mais pelo acesso à saúde ou à educação dos seus filhos, receiam não poder manter  a prestação da casa regularizada e por fim, receiam não ter coragem para enfrentar a fila numa qualquer instituição de caridade...

Enquanto a dita "pancada" não chega, vamos discutindo se o Cardozo merecia ou não merecia ser castigado, por ter empurrado o Jesus??? -Muitas vezes, pergunto-me se somos alienados por conveniência ou perdemos a nossa dignidade de vez, algures, entre uma decisão da Troika  e mais uma lengalenga do Gaspar???

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Um dia de justiça.

Notícia de ultima hora. Dominique Venner, ensaísta francês de 78 anos, militante da extrema
direita, suicidou-se hoje no altar da famosa catedral Notre Dame em Paris, em protesto pela crescente "islamização" da sociedade francesa, produto de legislações sucessivas que incentivam a imigração afro-magrebina. Além de ter declarado no seu blogue, recentemente, que se opunha energicamente contra a recente legalização do matrimónio  homossexual.

Quando menos se esperava, na Assembleia da República, com maioria de direita, foi aprovada a lei, que permite a um casal homossexual ter plenos direitos, num processo de co-adopção. Que eu saiba, ainda não assisti a multidões na rua, vociferando bestialidades acerca desta decisão, ao contrário do que aconteceu em França. Mesmo sabendo que a extrema direita francesa têm algum peso eleitoral, custa-me a acreditar na massificação ignóbil destes protestos! 

Apesar de ouvir vozes, como Marinho e Pinto, ainda bastonário dos advogados, ter declarado e passo a citar ..."o desenvolvimento harmonioso da personalidade da criança exige um pai homem e uma mãe mulher – e não um homem a fazer de mãe e uma mulher de pai... ", não deixo de sentir que a nossa sociedade por muito bem informada que possa estar sobre este assunto, irá sempre ter que se debater com episódios frequentes de puro preconceito, como o caso do advogado em questão. Declarações proferidas, mesmo após os pareceres favoráveis à legalização desta co-adopção, inclusive, em Janeiro último, pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada.

Nos dias que correm, poucas são as vezes em que me sinto regozijado com as leis que saem do hemiciclo,mas desta vez sinto que se fez justiça, e mais, a nossa sociedade necessita urgentemente de nos basearmos em valores que exprimam menos descriminação e mais dignidade humana. Estamos todos de parabéns!

Termino, deixando esta questão em aberto. Qual será o significado da morte deste ensaísta francês num altar de uma das mais famosas catedrais do mundo?

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Eduardo Gageiro.


Tenho mantido uma certa regularidade na apresentação de grandes mestres da fotografia e desta vez, aproveitando o facto de se realizar no próximo sábado, uma homenagem, mais  do que merecida, a um grande foto-jornalista português, Eduardo Gageiro, apresento aqui um pouco do seu trabalho

 Foi criada uma exposição com centenas de trabalhos seus, no Museu de Cerâmica de Sacavém, a sua terra natal. Curioso ou não, foi exactamente neste lugar que ele começou por ser paquete, nesta antiga fábrica de louças. Seria mais tarde, empregado de escritório e só iniciou a sua actividade que o celebrizou, com 19 anos no "Diário Ilustrado". Mas antes ainda, com apenas 12 anos, veria uma foto sua, ser publicada no Diário de Notícias, jornal aonde viria a trabalhar mais tarde, tal como no "Século Ilustrado".
 A sua forma de estar na fotografia sempre foi muito incómoda para todos os que o rodeavam, inclusive para os próprios colegas de profissão. Ele não se satisfazia em fazer os seus registos junto dos outros, separava-se da "molhada" e obtinha um ângulo diferente de uma mesma situação. Um outro olhar que lhe valeu ser preso pela PIDE. Acusavam-no de apresentar imagens, que o regime queria esconder a todo o custo. Pediam-lhe para ele não tirar fotografias a pessoas. Em cima, uma imagem de Salazar, algures na costa portuguesa a sonhar com África e outros horizontes.

O 25 de Abril, por todas e mais algumas razões, foi o dia mais feliz da sua vida! -O portefólio do trabalho que realizou nesse dia, logo a partir das 6 da manhã, é reconhecido internacionalmente como um importante  e fulcral testemunho daquele dia memorável. Eu destacaria a fotografia de Salgueiro Maia, quando toma consciência do sucesso da Revolução em curso. Ele acompanhou este  oficial desde as primeiras horas do dia, com o consentimento do próprio, antevendo a importância do que se iria desenrolar.


 Os seus trabalhos granjearam-lhe centenas de prémios; destacaria, aquele 2º lugar na categoria de "Portraits", no mais prestigiado galardão internacional de fotografia que é a  World Press Photo, com um retrato de Spínola. Outro galardão importante, foi aquele que conquistou na China, na 11ª Exposição Internacional de Fotografia, o maior concurso a nível mundial, com mais de 3500 fotógrafos em competição. Foi condecorado também com a Ordem do Infante D.Henrique, sendo-lhe reconhecida a excelência da sua carreira.



 Hoje com 78 anos, continua a afirmar que a máquina continua a ser um instrumento de denuncia e de protesto. Vive com alguma amargura, estes "nossos" dias de dificuldade e não compreende como um outro seu compatriota da mesma profissão teve de vender a sua máquina,para ultrapassar dificuldades, mesmo antes de obter um reconhecimento idêntico ao seu na World Press Photo?!
Não foi para isto que ele sonhou e registou Abril, nem ele, nem muitos de nós.
Ele merece uma visita nossa ao museu de Cerâmica, testemunhar um olhar...diferente!



quarta-feira, 8 de maio de 2013

O prometido é de...vidro!

Nos livros de Goscinny, o Obélix diria, "...estes romanos são loucos!", eu afirmaria o mesmo, dos americanos hoje em dia. Para o comum dos europeus, muita coisa que se passa do lado de lá do Atlântico é difícil de entender, nem para quem já lá esteve e têm uma ideia do seu modus vivendi. O que acaba de acontecer com a recusa em aprovar uma legislação, muito "soft", em relação à restrição do acesso, à aquisição de armamento, é absolutamente escandaloso!!!

Isto são jogadas políticas entre os que se sentam no Senado e os "lobbies" que estão por trás deles e financiam as suas campanhas. A política no seu pior!-Acontece com as armas, acontece com o petróleo, com a produção de alimentos transgénicos e mais importante de tudo a influência nefasta dos poderosos 3% de judeus americanos, que metem o nariz em todos os corredores da Casa Branca.

Logo após o massacre daquelas crianças em Sandy Hook, na pacata Newtown em Connecticut, Obama prometeu, fazer algo para parar esta loucura, que já ceifou a vida de milhares de inocentes. A  legislação que foi a votação no Senado, até era bastante tolerante com a facilidade com que se continuaria a adquirir armas. Os candidatos à obtenção de uma arma, apenas teriam de provar que não tinham antecedentes criminais para efectuar essa compra!!! Uma premissa bastante básica! Mesmo assim, foi chumbada e com votos (pasmem-se meus senhores), além dos habituais republicanos, também de alguns democratas!

Portanto na terra da democracia e das oportunidades, existem estas aberrações que acabam por nos fazer pensar, que a interpretação da segunda emenda da Constituição dos Estados Unidos sufragada pelo "lobby" do armamento, será sempre um obstáculo a uma legislação que faça parar o assassínio de muitos milhares de cidadãos.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Traz a máquina contigo!





Vamos dar uma volta por aí. Traz a máquina contigo. Não custa  nada e tu até tens jeito, vá lá...
Sabes, tenho a sensação de que vai estar bom tempo. No outro dia, estava sóbrio, algo que acontece cada vez menos e ali para os lados do Cabo Espichel, assisti a um fim de tarde perfeito. De repente as lágrimas corriam-me pela face e dei por mim a querer eternizar aquele momento. Perguntava-me, como é que vou conseguir partilhar esta imagem.
Uma sensação infinita de impotência, traduzir em palavras o perfeito.
-Se ao menos tivesse aqui a minha máquina...
Consegues-me entender?




- Lembras-te daquelas ruas estreitas que iam dar a sítio nenhum?
Eu, a princípio ainda estava renitente em subir, ladeira acima para ver as vistas, talvez por causa desta minha fobia a alturas.

Depois, para ganhar coragem... ainda... estás-me a ouvir? Repara, só bebi aqueles copos porque tinha a sensação de que a paisagem me ia esmagar. Sabes, desejava desfrutar a aldeia mais portuguesa de Portugal na plenitude. Sabes, quando começam a colocar etiquetas, fico fulo. A mais isto, a mais aquilo. Tretas atrás de tretas!!!

A luz é tão importante, não achas?
A forma como pegas na máquina e essencialmente  a escolha dos enquadramentos, fez-me sentir na hora, que escolhi a pessoa certa para registar aquele momento especial.
Não importa o que dizem os livros, não importa a máquina. O que realmente importa, é quem prime o botão, quem escolhe o momento.

Lembras-te daquela tarde na Nazaré?


-Vê lá se me compreendes. Talvez eu tenha necessidade de preservar aquilo que presencio de alguma forma. Será uma insegurança inconfessada ou simples desejo de partilha?
-Não respondas já. Pensa antes nas imensas probabilidades de que estes momentos tão efémeros, são resultado de um conjunto enorme de factores, que só conciliados produzem aquela imagem. Não serão eles, dignos de registo?
    -Por amor de Deus, não me venhas com essa conversa de escolhas erradas! - Não podemos todos ter esse teu espírito crítico e distante. Em Alcobaça, tudo não passou de uma falsa modéstia da minha parte. Ali, tudo era grandioso...





Quando tracei no mapa, aquela passagem por Porto Mós, estava longe de pensar nas consequências de uma visita tardia a um lugar aonde nos faziam pagar por tudo a que queríamos ver.

Ao subir a estrada em direcção ao castelo, lembro-me de ver aquela senhora de idade, fazer um gesto cheio de dignidade, colocando a tabuleta de encerrado, porque provavelmente, estaria já farta de tanto "menino" com câmara à tiracolo a pedir informações!!

     -Estás enganado!! Redondamente enganado!!! Nesse dia, comecei a beber aquelas ginjas para tentar esquecer os pés molhados. Como chovia a cântaros, quando finalmente regressámos ao nosso abrigo.



 Não, de facto não me passava pela cabeça tentar travar conhecimento com o responsável pelo rebanho. Fostes sempre à minha frente, saíste resoluto do carro e até pensei que resolverias o assunto da melhor maneira. És sempre sensato e não previa aquele epílogo.

Numa estrada no meio de nenhures, era previsível encontrarmos animais imobilizados na via. Eu, especado à espera de um sinal divino para podermos seguir, e nada. Quando dei por mim, estavas a caminho de uma igreja ali perto, no alto de uma colina. Demorastes tanto, que resolvi seguir-te. Quando entrei naquele monumento, estavas simplesmente sentado frente ao altar. Saquei da minha máquina e tentei colocar numa imagem, a paz, o silêncio, a luz, o cheiro do incenso...enfim o divino. Coube tudo aqui...

Por isso, eu peço-te sempre. Traz a máquina contigo!