sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Os iluminados.

Nada melhor que terminarmos o ano fazendo uma retrospectiva das frases, que alguns portuguesinhos, tiveram a bondade de proferir, durante 2013. Como vamos entrar no ano de todos os milagres, talvez tenhamos em 2014, algo idêntico, no que diz respeito a pessoas que acabaram de ter uma diarreia...mental e por mero acaso, até tinham um microfone à frente. Eis aqui, a galeria dos iluminados:

  • Fernando Ulrich. "Se os sem-abrigo aguentam, porquê que nós não aguentamos?"
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  • João César das Neves  "...aumentar o salário mínimo vai estragar a vida aos pobres..."
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  •  Paulo Portas.  "Irrevogável!"
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  • Isabel Jonet.  "...não podemos comer bifes todos os dias..."
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  • Margarida Rebelo Pinto   "...todos temos que aprender a ganhar menos..."


sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Asimbonanga.




Depois de toda  a poeira assentar, depois de muitas homenagens e depois do maior estadista do século passado estar a repousar na sua aldeia natal, eu não podia deixar de registar neste blogue, a minha admiração por este Senhor. Já tudo se disse, já tudo se escreveu sobre a vida de Mandela, mas houve um momento muito especial, na semana transacta, que eu apreciei especialmente. Um grupo do Soweto Gospel Choir, que através de uma "flash mob" muito original num supermercado da cadeia "Woolworths", captaram a atenção das pessoas que tiveram a sorte de assistir a esta singela homenagem a Madiba, o "reconciliador". Por vezes ou talvez, na maioria das vezes, os tributos mais simples são aqueles que mais nos tocam e são dignos de perpetuar na nossa memória um vulto único, num continente muito difícil.
Chorus:Chorus:
Asimbonanga (we have not seen him)Asimbonanga (não vimos ele)
Asimbonang' umandela thina (we have not seen mandela)Umandela Asimbonang 'thina (não vimos mandela)
Laph'ekhon (in the place where he is)Laph'ekhon (no lugar onde ele está)
Laph'ehleli khona in the place where he is kept)Laph'ehleli Khona no lugar onde ele é mantido)
Oh the sea is cold and the sky is greyOh o mar é frio eo céu é cinza
Look across the island into the bayOlhe em toda a ilha na baía
We are all islands till comes the dayEstamos todas as ilhas até que chega o dia
We cross the burning waterAtravessamos a água ardente
ChorusCoro
A seagull wings across the seaA asas de gaivota pelo mar
Broken silence is what I dreamSilêncio quebrado é o que eu sonho
Who has the words to close the distanceQuem tem as palavras para diminuir a distância
Between you and meEntre você e eu
ChorusCoro
Steve biko, victoria mxengeSteve Biko, victoria mxenge
Neil aggettNeil Aggett
AsimbonangaAsimbonanga
Asimbonang 'umfowethu thina (we have not seen our brother)Umfowethu Asimbonang 'thina (não vimos nosso irmão)
Laph'ekhona (in the place where he is)Laph'ekhona (no lugar onde ele está)
Laph'wafela khona (in the place where he died)Laph'wafela Khona (no lugar onde ele morreu)
Hey wena (hey you!)Hey wena (hey você!)
Hey wena nawe (hey you and you as well)Hey wena nawe (hey você e você também)
Siyofika nini la' siyakhona (when will we arrive at our destination)Siyakhona Siyofika nini la "(quando é que vamos chegar ao nosso destino)

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Um dia lá chegaremos...

                              Um dia, lá chegaremos...

     -Vai-se já embora? - perguntou o velho que também já se levantara. - É seguramente a minha conversa que o afasta. Lamento imenso.Tinha ainda muitas coisas para lhe dizer. O senhor é da Misericórdia ou da Junta de Freguesia, não é?
   
 -Não, já lhe disse duas vezes que sou da Segurança Social. - disse o técnico especializado, que já estava com uma dor de cabeça com o esforço que fizera para o escutar.
     Apesar desta confirmação, o velho recapitulou mais uma vez o que dissera.
     O técnico num movimento resoluto colocou a mão no casaco, sem chegar a decidir-se a enfiar no bolso. Uma forma de lhe demonstrar, que chegou a hora de se ir embora. O ar livre estava ali mesmo a dois passos e ansiava virar as costas.
     - O senhor compreendeu o fundo do problema - disse o velho rapidamente.
     - Sem dúvida que sim, mas o senhor recusa-se a tomar uma decisão respeitante às minhas propostas.


Entre as vantagens e os inconvenientes, existe uma diferença colossal. Eu não o quero pressionar, mas neste caso, também não se deve perder muito tempo. Voltarei em breve - disse o técnico e, subitamente resolvido, estendeu a mão ao velho, de seguida precipitou-se para a porta.
     -Deverá cumprir a sua palavra - disse o velho que não o acompanhara -, de outro modo esta visita não teria qualquer sentido.
     - Tenho muitos casos neste bairro, irá levar o seu tempo, mas tenho a certeza de que continuar à  espera do seu sobrinho, não será a melhor solução para si! - respondeu secamente o técnico, já com os raios de sol a ofuscar-lhe os olhos e ao mesmo tempo pensou que quase esquecera, estava um belo dia!

      O velho ainda de costas, baixou a guarda e num tom de completa resignação, lançou para o ar um último desabafo.
      - Um dia também lá chegarás...- e uma lágrima recorrente, correu-lhe pela face.
      - Peço desculpa, não percebi? - disse o técnico, mais uma vez aproximando-se da sombra e um pouco confuso.
      - Deixe lá... Boa tarde...com sua licença. - Bateu a porta e acto contínuo, sentou-se mais uma vez naquele sofá coçado. Levantou o olhar pesaroso,  admirou mais uma vez as "testemunhas" naquela parede, transformadas em fotografias de outras épocas. Parece que foi ontem, mas todos partiram. Todos, raios me partam!!


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Um deserto de ideias!

Os senhores do governo, conseguem explicar, qual a vantagem de esvaziar o interior do País?
Todos os dias, temos notícias de que uma determinada repartição das finanças irá fechar portas em Idanha-à-Nova, depois são  os serviços do Centro de Saúde de Alcoutim que vão ser transferidos para a cidade mais próxima, a seguir é o posto dos Correios que decidiram encerrar em Vila Velha de Ródão, o tribunal que fecha em Oleiros, a maternidade de Elvas, que agora é em ...Badajoz, etc... A este quadro, junta-se o eterno problema da falta de empregos, do envelhecimento galopante das populações, o clima mais agreste, o declínio abrupto da taxa de  natalidade, isto só para enumerar algumas das razões deste fenómeno preocupante. Se nesta imagem de incentivos a uma  demografia cada vez mais desequilibrada, conseguirmos encontrar, uma ou outra iniciativa, para fixar as populações no interior, a isso se deve, muitas vezes a estudos levados a cabo por Universidades locais, que depois tratam de chamar a atenção dos decisores costumeiros, os agentes políticos. Geralmente,as conclusões destes trabalhos são arrumados nas gavetas.

Quantas vezes, temos oportunidade de visitar por alguns dias, muitos destes locais e deparamo-nos com um paradoxo absoluto. Por um lado, apreciamos naturalmente a beleza intrínseca destes lugares, mas por outro, sentimos o desolamento destas populações envelhecidas, que são deixadas à sua sorte, pelo poder central. Temos assistido, que os euros do Terreiro do Paço, já não chegam às autarquias como costumava acontecer e os subsídios da Europa, são cada vez mais escassos, portanto os edis camarários juntam a sua voz de protesto com o clamor das populações, de forma a chamarem a atenção para este drama, que muitos teimam em não escutar.  Afinal de contas, ainda existiam algumas infraestruturas que poderiam tornar a vida destas pessoas um pouco mais fácil, mas ultimamente, só quem têm muito amor à terra ou quem já não têm força de recomeçar uma vida nova, continua a ficar. Meus senhores, a verdadeira noção de tragédia humana, muitas vezes encontra-se no que significa para estas populações a frase, ter que ficar!!