domingo, 28 de dezembro de 2014

Devaneios ortocromáticos VI

 ...em Arraiolos, o silêncio trespassava pelas fendas dos rochedos mais altaneiros. O vento, batia suave nas escadas defeituosas e o sol  invernoso, acariciava a pele dos parcos visitantes.


 ...saímos, sem direcção certa, a noite espreitava. A escuridão envolvia os caminhos que davam acesso aos declives rochosos. O Cabo Sardão fica para lá, para além da imponente visão daquela gambiarra monumental. Guia dos marujos, ofusca os visitantes e as cegonhas repousam no cimo das escarpas vertiginosas. Que fascínio nos empurra para descobrir este local diferente?

...antes de nos pormos ao caminho, espreitei pela janela do quarto e o Cavaleiro despertava, lentamente. A névoa no horizonte e as gotículas a pingar da pequena palmeira, constituem uma imagem que vou levar comigo. Na bagagem levo este pedacinho do Alentejo.
... em dia de comemorações de uma Revolução longínqua, uma militar da GNR observa os transeuntes. Ponho-me a pensar. Esta imagem, seria impensável, antes desses dias de Abril. No Carmo, aonde tudo aconteceu a foto a preto e branco, é quem mais ordena!  
...na sombra destes claustros, muitas conversas se desenrolaram, sobre o destino do nosso Reino. Gostava de viajar na máquina do tempo e testemunhar um pedacinho dessas tricas e intrigas palacianas. Naqueles corredores de Alcobaça, estas pedras segredam, palavras sábias. Só nos falta tempo para decifrá-las.

...um lago de profundezas estranhas é cruzado por uma ave solitária. O seu rastro é feito de estrelas, num quadro surrealista.
...o repasto da besta. Este unicórnio de carapaça poderosa, retempera as suas forças, num Zoológico secular. Aqui mesmo, às portas da nossa "selva".

sábado, 20 de dezembro de 2014

A idade da Inocência.

                          Esta não é uma teoria da conspiração, é simplesmente uma constatação de factos reais e a respectiva conclusão de senso comum. Na vizinha Espanha, o Movimento que está a abalar com as estruturas dos dois partidos, que dividem as responsabilidades do poder nos últimos anos, enfrenta agora uma prova de fogo, são os truques baixos, perpetrados  subliminarmente, através dos órgãos de comunicação social, para de alguma forma, apontar as possíveis lacunas nos princípios políticos que norteiam,  Pablo Iglésias Turrion.

                           O primeiro exemplo, está retratado neste vídeo. Tentando dar a entender que o líder do PODEMOS teria ensejo de se tornar o Nicolas Maduro da Europa, no que diz respeito ao controle da comunicação social. Apenas, ridículo!-O segundo exemplo, mais recente e com os mesmos autores, Antena 3. Foi um lapso demasiado evidente. Enquanto davam a notícia do atentado, contra as instalações do PP em Madrid, o logo do PODEMOS estava por detrás do apresentador da peça jornalística. (????). Esta associação, não é inocente, mas em termos de opinião têm o seu impacto.
       
             A manipulação vai continuar até envenenarem a opinião publica espanhola. Vão 

fazer tudo para denegrir o PODEMOS. Ainda falta muito para as legislativas e muitas

 campanhas irão ser lançadas pelos poderes instituídos. Esvaziar o peso 

eleitoral deste movimento, será a sua meta.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Só sei que nada sei.

       Ao longo de 6 anos, este senhor sentou-se naquela cadeira de São Bento, com uma sobranceria grosseira, com um desprezo profundo a todos os que ousavam fazer-lhe frente, com a certeza de que iria deixar uma marca indelével, na forma de estar na política. Despediu-se, convencido de que iria deixar saudades. Rumou a Paris, porque o Parlamento deixou de ser apelativo. De repente o estudo profundo da  filosofia, foi mais forte do que os meandros da Assembleia. A sua reaparição, provocou grande alarido. Quando de repente se torna, comentador residente da RTP1, muita gente questionou-se, qual seria a segunda intenção do senhor engenheiro(?)-filósofo?
      Agora seria interessante, observarmos esta detenção, por outro prisma. Atentemos à alegria do proprietário do café, mesmo em frente à prisão de Évora. O negócio já ia pelas ruas da amargura, quando lhe cai do céu uma prenda antecipada de Natal. A correria dos portuguesinhos para a porta do estabelecimento prisional, deu um impulso fantástico na registadora do café. Até já correm notícias de que esta situação, poderá manter-se durante algum tempo. Aqui está, um motivo de regozijo para o comércio local.
      Penso que a mesma tomada de decisão, por parte das autoridades judiciais, em relação a casos pendentes, relacionados com Paulo Portas, Cavaco Silva e Passos Coelho, poderiam dinamizar o comércio, de outras localidades no interior. Eu sei, que para deter, estes senhores, que agora ocupam lugares de relevo, seria preciso termos um Procurador Geral da Republica, que fosse isento e não tivesse ligado ao poder vigente, mas fica esta minha perspectiva de desenvolvimento da nossa economia local.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Voluntários da esperança.

                 Vivemos numa sociedade cheia de pressa. Vivemos num mundo aonde procuramos utensílios para nos facilitar a vida, cada vez mais. Vivemos uma realidade virtual, porque nos apetrechamos de maquinetas que nos deveriam sentir próximos, mas cada vez estamos mais longe uns dos outros. Passamos perto, mas recusamos olhar, com olhos de ver. Apenas, passamos e vamos tratar dos nossos mundinhos.  Temos muitas teorias acerca do que nos rodeia, o que é certo e errado. Temos soluções, mas não passam de meras intenções, porque é difícil olhar para o lado e agir. Digo-vos isto, porque nem sempre é  assim, felizmente para a nossa consciência global. Os voluntários que neste momento se deslocaram do conforto asséptico dos seus cantinhos, para uma zona de alto risco no coração da disseminação de um vírus altamente perigoso, são dignos de não serem incluídos, neste "nosso planeta".
                Apesar das suas protecções, contra o risco de contaminação, estes senhores e senhoras tentam, que através daquelas máscaras, se consiga transmitir alguma forma de humanizar e confortar estas pessoas contaminadas,assustadas e dilaceradas. Estes gestos universais e que muitas vezes pensamos serem  fáceis de cumprir, são nesta especifica situação limite, necessitadas de alguma formação, que as possa ajudar no terreno a agilizar naturalmente o contacto com as vítimas. Assisti com agrado a um documentário da BBC World, sobre este treino dado a médicos, enfermeiros, pessoal auxiliar,etc... que me deixou impressionado, pelo facto da exigência que é necessário pedir aos voluntários, de forma a que estes, estejam preparados para enfrentar situações extremamente difíceis. Não basta a boa vontade, no nosso quotidiano, não temos forma de nos preparar para estas realidades. Temos faculdades para o fazer, mas precisam de ser exercitadas.
                                 Estes voluntários, são a par de muitos outros, noutras partes do mundo, a réstia de esperança de que ainda existe formas de nos sentirmos humanos e de não ficarmos eternamente a olhar para o umbigo.

             

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Poder, "podemos", mas mais tarde!

                  -Definitivamente a vida não está fácil para os eleitores da velha Europa. Esta nova força política em Espanha, vêm baralhar a habitual troca de poder entre o PSOE e o PP. O Podemos resulta de uma larga maioria da população, o 15M  que encontrou nas ruas, a forma de contestar as políticas seguidas, por Governos dos dois partidos dominantes no país vizinho. Todos se lembram do acampamento feito na Praça del Sol, em Madrid, durante muitas semanas e as consequentes manifestações de apoio. O mesmo género de movimentos já se verificaram na Grécia, Itália e França, com resultados significativos nas eleições. Estes fenómenos, não são, de maneira nenhuma, inéditos na recente história europeia. Sabemos, que em tempos de crise, surgem invariávelmente, estes movimentos, que cativam os insatisfeitos, os pessimistas, os indecisos, etc... movimentos esses,que geralmente tocam os espectros políticos, da esquerda à direita.

                   -Em França, os execráveis Le Pen, que ressurgiram com a força suficiente, para garantirem protagonismo em qualquer eleição que se apresentem. Da mesma corrente ideológica, os gregos do Aurora Dourada, que já tiveram a sua oportunidade, mas que felizmente, souberam dar o tiro no pé, para assim, como surgiram, depressa se reduziram à sua importância.Na Grécia surge em 2004 o Siriza, que à semelhança do nosso BE, junta alguns pequenos partidos de extrema esquerda e consegue ao fim de 10 anos, ultrapassar os partidos tradicionais e culmina com uma vitória, nas recentes eleições Europeias. Uma aposta do povo grego, que se têm revelado consistente e promete outras políticas, caso se torne uma opção governamental. Beppe Grillo, afinal não liderava um partido em Itália, aonde a sua meteórica ascensão, sucederia, um rápido ocaso. Ele ai está, muito presente na tentativa de fazer políticas diferentes, mesmo sabendo que devido à sua aversão à comunicação social generalizada e por isso mesmo ostracizado pela mesma, continua a optar, comunicar através da net, continuando a fazer-se entender. Sabemos, por experiência própria, das ligações pouco claras entre os partidos do arco da governação e as suas linhas de influência, nos principais órgãos dos mídia. Em traços largos, estes serão os partidos que terão, a nível europeu, arrecadado a insatisfação dos eleitores nos partidos cinzentões, do centro direita e centro esquerda. Podemos, poderá ser uma lufada de ar fresco, tal como algumas outras soluções a nível europeu?-Noutros tempos, estes movimentos que acolheram a preferência dos insatisfeitos, não deram bom resultado, antes pelo contrário, foram causa de muitos pesadelos. Uma coisa, eu tenho a certeza, estes "abanões" irão fazer com que os actuais lideres políticos, repensem a sua forma de actuar, vejam o que está a acontecer, hoje em dia na Itália.

               - Quanto a Portugal, temos de esperar e ver o que acontece, inevitavelmente, teremos algo semelhante, mas muito mais tarde. Tudo chega tarde e a más horas, temos os mesmos sintomas de descontentamento mas o Marinho Pinto não preenche o mínimo de requisitos para liderar este género de contestação. Poder, "Podemos", mas mais tarde.

                 

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Liga dos Fiscais Anónimos.

     
                          -O gesto deste arquitecto de 85 anos num colóquio, respondendo a uma pergunta de um jornalista, mais ousado, é o mesmo que muitos portuguesinhos gostariam de mostrar ao nosso primeiro-ministro, depois daquela promessa de reembolso do IRS!
               -No entanto, eu penso que esta estratégia do Governo, de subir a receita fiscal, através de mais incentivos, nas despesas de alimentação, educação, vestuário, etc., vai resultar em cheio. Os portuguesinhos têm esta característica , de não se importarem de “lixar” o parceiro, ao pedir factura, desde que isso represente mais alguns cêntimos, para o seu bolso. O governo, claro está, dará um chouriço, a quem lhe oferecer um porco, mas o povo de certeza, irá colaborar de forma massiva. Passos Coelho em vez de reforçar a fiscalização à fraude fiscal, irá ter, em cada um de nós, o agente de serviço que tanto precisava.

          - A reforma da máquina fiscal continua a ficar na gaveta, a reorganização da administração pública continua um imbróglio, difícil de entender, a mão pesada da Justiça fiscal, continua a incidir sobre os mesmos de sempre, enquanto assistimos impávidos e serenos ao desenrolar dos tristes episódios do Banco Mau versus Banco Bom.
          - Neste vergonhoso Orçamento do Estado, vamos encontrar medidas aberrantes e insultuosas à inteligência comum, como por exemplo, aumentar dois euros (!!!) as pensões mínimas.
              - Eu sei que toda a verdadeira esquerda (como é natural, não incluo aqui o PS, por razões óbvias, mesmo com a nova liderança) viria a terreno acusar o Governo de medida eleitoralista, caso estes fossem baixar o IRS, para o ano. Assim sendo, Paulo Portas continua a fazer as suas “birras”, mas não vai levar água ao seu moinho e Passos pondera já organizar a melhor forma de ficar na liderança do seu partido, após o desastre previsto nas próximas legislativas. Afastar-se, está fora de hipótese e conhecendo esta personagem, como conhecemos, de certeza que férias sabáticas, estilo Sócrates, não irá acontecer. Ele vai andar por aí…

sábado, 11 de outubro de 2014

I am Malala

       


            -Se existem episódios, com um final feliz na entrega do Nobel da Paz, este ano, teria que realçar o prémio entregue a Malala. Esta menina, conseguiu a proeza de não ter medo, num ambiente extremamente hostil e castrador de todos os seus direitos mais básicos. Com a ajuda do seu pai, director da escola local, teve a coragem de nunca desistir de uma convicção, o direito à educação, um bem essencial ao desenvolvimento de qualquer ser humano. Na nossa realidade, este bem precioso, é irrelevante, dado que o temos quase como garantido, ninguém o põe em causa. Mas o Vale do Swat, fica lá longe, muito para lá da nossa imaginação. Fica num lugar, aonde a dignidade humana passa por momentos inverossímeis, como por exemplo, proibir as mulheres de terem acesso à escola! -Um regime que ousa, não respeitar o seu próprio povo, mas que existe na realidade. Esta menina aprendeu a não ter medo. E nós sabemos que “eles” têm medo de saber que existem pessoas que podem aprender a não ter medo!
      - Tudo começa, com um blogue, escrito por Malala, aonde, através de um pseudónimo, Gel Makai, enviava os seus testemunhos, regularmente para a BBC. Ela descrevia o seu calvário num lugar hediondo. Daí, até ser reconhecida como um alvo a abater pelo regime, foi um pequeno passo. Em 2012, é baleada na cabeça e durante semanas, a sua vida esteve em perigo. Mas por ironia do destino, este disparo cobarde, acabou por ser o rastilho, para uma solidariedade inequívoca, por parte de todo o mundo…racional.

       - O resto da história, já toda a gente sabe. Os prémios que possa ganhar, ao longo da sua vida, nunca serão nada, comparando com a visibilidade que deu a um problema que sempre existiu, mas que muitas vezes, fingimos que não existe. É mais confortável.         -Termino, com parte de um discurso seu, na Assembleia Geral das Nações Unidas:

“Quando estava no Vale de Swat [onde Malala viveu no Paquistão], naquela época, havia mais de 400 escolas destruídas. E as mulheres eram agredidas, porque não estávamos autorizadas a ir para a escola. E, naquela altura, eu tinha realmente duas opções. Uma era de permanecer em silêncio e esperar para ser morta. E a segunda era falar e, em seguida, ser morta. Escolhi a segunda, porque não queria enfrentar o terrorismo para sempre. Queria sair daquela terrível situação. Queria ir para a escola. Foi o meu amor pela educação que me incentivou a continuar a campanha. Acho que, em tempos difíceis, precisamos levantar a nossa voz”.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Aquilo que eu não fiz.

              As almas poderão andar, mais calmas, mais resignadas, mais alienadas, mas os motivos, pelos quais já saímos à rua, aonde gritámos por mudança, esses continuam no nosso presente. Esses motivos, teimam, em tornar-se definitivos.
             As canções de "protesto", servem, na maioria das vezes, como alarme para agitar a nossa letargia tradicional. Seria justo, lembrar, algumas delas e reflectirmos sobre o papel que desempenharam, num determinado contexto.
             De certeza que se lembram do expoente máximo deste género de música. Primeiro recorrendo a metáforas e outras figuras de estilo para passar a mensagem, antes da Revolução de Abril e depois escrevendo claro e conciso, com músicas como, "O que faz falta", "Venham mais cinco", "Canção de Embalar", "Vejam bem" e muitas outras, do grande mestre Zeca Afonso. Mas, também me lembro do Zé Mário Branco com o mítico "FMI" ou o "Alerta". O grande Sérgio Godinho com a "Liberdade", com a ..." paz, o pão, habitação, saúde e educação...". Falando na velha guarda, recordo também, "Se tu fores ver o Mar" do Fausto, a "Pedra Filosofal" do Manuel Freire, a "maldade" que o Ary dos Santos fez aos poderes instituídos, quando escreveu para o Fernando Tordo cantar, num mítico Festival da Canção de 75, a "Tourada". Mais recentemente, poderíamos falar dos Deolinda com o seu "Parva que eu sou", dos Peste & Sida, o expoente máximo do punk nacional, nos anos 90, quando nas manifestações estudantis contra a famosa PGA ou a introdução de propinas, a "Repressão Policial" era uma melodia muito entoada, por razões óbvias."Sem eira Nem Beira" dos Xutos e Pontapés, passavam uma mensagem aonde, quereriam  acreditar que esta merda iria mudar...mas não mudou e cá continuamos. Na sequência de todas estas palavras de luta, denuncia e  apelos a não desistirmos, de ACREDITARMOS, ouvi recentemente Tiago Bettencourt. Nesta grande galeria, que aqui apresentei, este nome também irá marcar a nossa realidade, com uma série de questões:
             -Não fui eu que errei, então porquê que tenho de pagar????



sábado, 27 de setembro de 2014

Melancoólico!

Coloquei aqui uma foto, de uma manifestação anti-Barroso, muito concorrida, no centro de Lisboa, à muitos anos atrás, porque acredito que os portuguesinhos, já se esqueceram das tristes figuras deste senhor. Lembram-se da famosa cimeira nos Açores, com os nefastos Bush, Berlusconi, Blair e Barroso, manietando a imprensa internacional com uma pretensa diabolização dos actos de Sadam Hussein? - Pois, este mesmo senhor prepara-se para reaparecer na cena política doméstica, porque o tacho em Bruxelas, terminou. Não creio que tenha coragem, para candidatar-se à Presidência (pelo menos para já), mas andará por aí, preparando terreno, para novo protagonismo. 
Eu não guardo rancores, por ele ter deixado a cadeira de S. Bento a um inenarrável Pedro Santana Lopes, apenas recordo que a sua pouca vergonha e a  falta de memória dos portuguesinhos, tudo conjugado, acaba por ter um resultado idêntico, ao que se passou com a subida ao poder, do pior presidente da Republica, pós 25 de Abril, de seu nome, Aníbal Cavaco Silva. Fez o que fez como primeiro ministro e depois surgiu do nada, muito revigorado.Existem pessoas especializadas, que se dedicam a este fenómeno, tratar de "maquilhar" a imagem, neste caso de um político, que teve de sair pelas portas dos fundos, discretamente.
Os políticos têm esta capacidade, de conseguirem estar na sombra dos holofotes, o tempo suficiente para que a memória comum tenha um ataque de amnésia e aí, aparecem eles, cheios de pujança, com a mesma força de vontade, para nos" lixar" novamente. 
Aqui fica, o meu modesto alerta, para o ressurgimento do "cherne". Ele têm sede de protagonismo e se não  conseguir pendurar-se nalguma ONG esquisita (tal como Passos Coelho encheu os bolsos, à uns anitos atrás) , tratará de fazer algum ruído de fundo para se sentir notado. Cuidado, portuguesinhos!!!!

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Um povo dividido pelo receio.

-E, se a moda pega?
Sim, se a moda pega, qualquer dia, a Catalunha, o País Basco ou mesmo a Córsega, forçam uma situação idêntica e aí, temo que a Europa se vá esfrangalhar, ainda mais.
A terra do whisky, vai amanhã a votos, e as sondagens, não são nada conclusivas. Está tudo muito renhido, os 10% de indecisos, serão determinantes, quando colocarem o seu papelinho na urna. Inscritos, estão cerca de 97% dos potenciais eleitores, daí se pode concluir, do extremo interesse com que é seguido este referendo.
As bolsas europeias estão esta semana em absoluta expectativa, em relação aos resultados. A independência da Escócia, representaria, não só a criação de uma nova nação, como uma "peça" (para já) fora da Comunidade Europeia, que seria necessário integrar no mais breve e curto espaço de tempo possível, porque muita coisa estaria em jogo. Esta decisão é de extrema importância, para toda a Europa, pelo facto de acontecer , na altura que acontece.
Lembro-me de ter visto um filme, nos anos 90, sobre um lendário escocês (protagonizado pelo Mel Gibson), que consegue derrotar o exército inglês, na famosa batalha de Stirling Bridge, facto que ocorreu durante o século XIII. Lutavam contra o domínio opressor do rei inglês, Eduardo I. Mas após esta grande vitória, acabou por ser traído por outros nobres escoceses, que o entregaram aos ingleses. Veio a morrer em praça pública, para servir como exemplo a potenciais novas ameaças. Os séculos foram passando, outras tentativas de independência foram fracassando, chegados ao séc XXI, o que estamos assistindo? -A mesma luta, a população dividida, os ingleses ameaçando com represálias e boicotes (caso o SIM venha a vencer), acusações de patriotismo extremo ou de traição declarada  Portanto, quase nada mudou, apenas não se esgrimem no campo de batalha, os argumentos de cada lado da contenda. Os escoceses nunca conseguiram estar juntos do mesmo lado da barricada e ainda hoje me pergunto o porquê de um famoso ditado, com origem nas suas gentes. "Melhor curvar-se do que quebrar-se".

Vamos esperar, pela democrática escolha que os quase 4 milhões de escoceses irão protagonizar amanhã, mas de uma certeza vou ficar, seja qual for a escolha, a Nessie vai continuar a povoar o imaginário de muitos milhares de turistas que continuarão a "vasculhar" o seu lago, apesar dos bloqueios ou outras ameaças vindas de Londres.



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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

sesta no além...Tejo

  Horas mortas... Curvada aos pés do Monte 
                                                          A planície é um brasido... e, torturadas, 
                                           As árvores sangrentas, revoltadas, 
Gritam a Deus a bênção duma fonte                                                                                                                          
E quando, manhã alta, o sol posponte 
                                                                        A oiro a giesta, a arder, pelas estradas, 
                                                                                                  Esfíngicas, recortam desgrenhadas 
                                                                                                                                                       Os trágicos perfis no horizonte!

    
                           
Árvores! Corações, almas que choram, 
                          Almas iguais à minha, almas que imploram 
Em vão remédio para tanta mágoa! 
         








      Árvores! Não choreis! Olhai e vede: 
                                                                   - Também ando a gritar, morta de sede, 
Pedindo a Deus a minha gota de água! 

Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"                           



  A minha homenagem, a uma grande mulher do Alentejo, após, umas férias, num dos mais bonitos segredos da nossa terra...apenas que se possam ouvir sussurros desta minha convicção!


sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Cinema Paradiso

           Foi inaugurado ontem, o cinema Ideal. Quando soube desta novidade, lembrei-me logo do "Cinema Paradiso" de Tornatore, porque seria?
          -Esta é uma boa notícia, num País, aonde a cultura é muito mal tratada. Esta é uma história de coragem, de um conjunto de pessoas que acredita no verdadeiro espírito, do cinema de bairro. Para as novas gerações, será muito difícil  compreender, o que será ir a um espaço ver cinema, que não seja num centro comercial e que não tenha mais dez salas ao lado, de preferência com um pacote de pipocas na mão. Mas para mim, esta reabertura, é uma lufada de ar fresco, dado que me recorda, os dias em que eu percorria Lisboa e era frequentador assíduo de muitas, deste género de salas. Umas das minhas primeiras idas ao cinema , foi ao cinema Avis, ali para os lados do Arco Cego, ver o Terence Hill e o Bud Spencer, no "Trinitá, Cowboy Insolente", nos idos, anos 70. Mas recordo também,  ver outras "cowboyadas" no cinema Royal, no bairro da Graça ou ao Martim Moniz, no saudoso Salão Lisboa, popularmente chamado, o "piolho". Comprávamos por dez tostões o ingresso e as sessões eram ininterruptas, como tínhamos de ficar na plateia, às vezes choviam coisas esquisitas, vindas do primeiro balcão. Mas fazia tudo parte do espírito intrínseco destas salas.

          Estamos numa altura crítica para as salas de cinema em Portugal (e não só), as receitas de bilheteira caem abruptamente e poucos resistem. O cinema Londres foi um dos que, infelizmente encerrou à pouco tempo, mas por outro lado, o Nimas, vai resistido heroicamente, com uma escolha muito criteriosa dos filmes a apresentar.
No verão, vão-se propagando os locais em Lisboa, aonde se pode assistir a filmes ao ar livre, esta é uma boa iniciativa, para demonstrar que existe público para sair de casa e ir ao cinema, basta que não coloquem os bilhetes a um preço proibitivo, tal como acontece nas salas da Lusomundo e outros grupos idênticos.

              Não tenho muita esperança, que outras salas em Lisboa possam seguir as pisadas do Ideal, mas torço para que este projecto tenha sucesso e seja um exemplo para contrariar a ideia, de que esta indústria está a morrer lentamente. Brindemos a este local único em Lisboa, com Foyer, Plateia e Balcão, brindemos também à casa da Imprensa, proprietária do edifício e que teve a coragem de embarcar nesta aventura e finalmente brindemos à Midas, que irá ser responsável pela programação. Uma das mais velhas salas de cinema de toda a Europa, com cerca de 110 anos de história, merece toda a nossa atenção. Para todos aqueles que gostam realmente de cinema, apelo a que façam muitas visitas a este local de culto.


domingo, 3 de agosto de 2014

O banqueiro anarquista.

Com esta história toda do Banco Espírito Santo, lembrei-me de um pouco de prosa do Fernando Pessoa. Seja porque motivo for, é sempre bom recordarmos Pessoa. Quase no fim da sua vida, ele escreveu este conto, que não passa de um simples diálogo, fantástico entre o narrador e o Banqueiro. O seu sentido arguto e alguma dose de humor sobre tudo o que o rodeava, está bem espelhado neste texto.

     Seria fastidioso estar aqui a explicar o que se passa no reino do Espírito Santo. Nem eu, nem aquelas almas, da Comunicação Social que nos bombardeiam com suposições, especulações e cenários hipotéticos, saberão exactamente o que se passa. Mas de repente, todo o mundo é especialista em alta finança e afirmam peremptoriamente, que sabem do que falam. Nós, os portuguesinhos, já estamos de férias e se esta época de incêndios até está fraquita, devido a um Verão muito envergonhado, não queremos saber de mais nada, viramos as costas a estes assuntos da família abençoada. Para figuras tristes, já basta a dos jornalistas,  que ficam horas à porta do senhor Ricardo Salgado, à espera, não sei bem de quê???

          O Banco de Portugal, regulador, por excelência da banca, veio, mais uma vez, a tempo de dizer que temos de, parcialmente, nacionalizar o Banco Abençoado. Uma espécie de BPN, mas desta vez, mais grave ainda. O prejuízo vai ser coberto por um fundo, (inventado à ultima hora, com uma designação diferente daquela que esteve na base da ajuda ao BPN, para não chocar muito, os portuguesinhos) que irá recapitalizar o banco. Àqueles que pensam, que estão a perceber, exactamente, o que está a acontecer, o Espírito Santo os Abençoe...

         Voltando ao inicio, penso que a solução está na ideia deste conto de Pessoa. Todos, termos a ambição e a força necessária, para nos tornarmos, individualmente, banqueiros anarquistas, de forma a subverter as regras deste jogo viciado. Vale a pena, ler ou ouvir esta obra, porque está mais actual do que nunca, vão ver que não perdem o vosso tempo. Uma boa sugestão para este verão transfigurado.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

A paz no mundo não é da nossa conta

                -Morrissey sempre foi para mim uma referência musical muito importante. Peguei num tema da sua autoria, lançado à pouco tempo para discorrermos um pouco sobre o que se vai passando à nossa volta, fora de portas. As imagens que nos vão chegando através dos mais variados canais, contam-nos dos horrores que muita gente sofre com as "jogadas" abjectas dos políticos mundiais neste seu "tabuleiro" à escala planetária. A profusão de situações incompreensíveis  e chocantes é de tal forma gigantesca, que nos começamos a tornar insensíveis às imagens. Tal como o autor da música diz, nós apenas somos uns pequenos tolos, que vamos vivendo as nossas vidinhas e votando sempre na altura certa, para eleger os do costume.

             -A guerra fria foi lá para trás, agora estamos na época da guerra do faz de conta. As potências mundiais fazem de conta que se importam com o sangue derramado nestes conflitos. A ONU faz de conta que têm um Conselho de Segurança que determina o ocaso destas guerras. O Tribunal de Haia julga-se capaz de colocar no banco dos réus, todos os assassinos que continuam a perpetuar estes massacres. A Comunidade Europeia, coitada, nem finge ser nada, porque se reduz  à sua insignificância. Não têm qualquer voz activa. Não vale a pena estarmos a culpar uns em detrimento de outros porque na minha opinião, é tudo farinha do mesmo saco. Políticos que se limitam a fazer o que lhes mandam fazer, porque nas sombras do Grande Poder, existe um Poder ainda maior. Tudo se passa nos bastidores, e estas barbáries são decididas, em função de mil e um interesses, basta tomarmos como exemplos mais fulcrais, o que se passa neste momento na Ucrânia e na Faixa de Gaza.
Obama não mexe um dedo para deter Israel, no massacre de palestinianos.Precisam de morrer cem palestinianos, por cada israelita abatido em combate. Sabemos todos a razão desse facto, pelo menos deveríamos saber. Os judeus com os seus fortes lobbies, controlam e sempre controlaram o poder nos Estados Unidos (e não só). Os grandes grupos económicos é que controlam os Governos, ninguém têm duvidas disso, mas o mais triste é que, nós os tolos, continuamos a pensar que existe os bons e os maus, como nos filmes. Por outro lado, temos aquele, que eu já considero, um dos maiores ditadores da história contemporânea. O antigo agente do KGB, continua a sentir os fantasmas da Guerra Fria, desestabiliza tudo à sua volta, tal é a sua sede de protagonismo. Depois da queda de um avião e de transformar, parte da Ucrânia numa zona de conflito armado, ao ponto de não deixarem os corpos das vitimas serem repatriados para junto das suas famílias, o que mais falta, para provar que o senhor Putin deveria  estar na barra do Tribunal de Haia? -Falta o mais importante, coragem para desequilibrar esta balança do poder geoestratégico, ou ainda, provar a mais que evidente ajuda deste senhor, a estes mercenários que tentam desmembrar um País soberano. Ninguém fica bem nestas chacinas e no entanto, tal como diz a música, estes assuntos não são da nossa conta!

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Fechado para obras

         Agostinho da Silva disse um dia, e passo a citar "A liberdade que há no capitalismo é a do cão preso de dia e solto à noite". Fui buscar esta frase para ilustrar os tempos difíceis que estamos a atravessar. Os nossos governantes, dignos representantes do grande capital, marionetas descalibradas
(a maior parte das vezes!!) dos donos deste País, estão a entregar paulatinamente, a educação, a justiça e a saúde, aos privados. Mais ainda, não deixando possibilidade de um retrocesso fácil. Em nome de um hipotético equilíbrio da nossa economia, continuamos a assistir, à transferência dos serviços a cargo do Estado para empresas de "amigos". Imperceptívelmente, junto ao período estival e com muito futebol à mistura, eles vão continuando as negociatas, sem darem muito nas vistas. As leis vão sendo lançadas em Diário da República, e os portuguesinhos já nem reagem.
      As boas notícias, estão a guardá-las para vésperas das eleições legislativas do próximo ano, entretanto vão arranjando formas de esvaziar o País. Como sempre, vamos assistindo à contestação localizada, hoje meia dúzia de gatos pingados protestam a Sul, depois, amanhã é no outro extremo do território, mas a tudo isso os nossos governantes, vão encolhendo os ombros e reafirmando que são sinais óbvios  e inevitáveis da crise provocada por os desgovernos "socratistas".
        Termino, citando um Nobel que tanta falta nos faz, para pensarmos este nosso Portugal. José Saramago afirmou, "O grande problema do nosso  sistema democrático é que permite fazer coisas nada democráticas, democraticamente."

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Devaneios ortocromáticos V

                                           
                                             *Parque Bhuda Éden- Bombarral, 2012



                                         *Parque Bhuda Éden- Bombarral, 2012



                                       *Castelo de Montemor o Velho, 2012



                                     * Castelo de Montemor o Velho, 2012



                                             *Fontanário em Évora, 2013

                                 *  Manifestação, Que se lixe a troika
                          -Lisboa, 2013 



                  *  Manifestação, Que se lixe a troika
                          -Lisboa, 2013 


*Mosteiro de Alcobaça, 2013

quarta-feira, 2 de julho de 2014

A menina do mar.

Acaba de passar, mais um aniversário do meu blogue. São seis anos e começa a amadurecer em mim a ideia de que este cantinho representa algo de muito especial. Foram mais de trezentas mensagens e em todas elas, procurei traduzir o que de mais fiel se vai passando no meu quotidiano, sem máscaras ou hipocrisias. A todos os que me continuam a seguir, agradeço a vossa atenção. Indefectível será sempre a minha preocupação em colocar neste blogue todos os assuntos que me vierem à  cabeça, sem essa trave mestra não continuaria, não existem temas "tabu". Por outro lado, a periodicidade é que poderá começar a falhar, por falta de tempo livre.

Escolhi este dia para comemorar, mais um aniversário, no preciso momento em que passam dez anos sobre a morte da enorme poetisa, Sophia de Mello Breyner. O seu corpo irá repousar a partir de hoje no Panteão Nacional, junto de outros nossos ilustres. As histórias de Sophia ilustraram muitos dos sonhos da nossa infância, aonde de muito do nosso imaginário foi criado através dos seus "bonecos". Elas ilustravam as nossas fantasias, traduziam no papel as deambulações  e a irreverência da nossa meninice.  Quem, da minha geração não ouviu ler  "A menina do mar"?
-O que nos prendia ás suas histórias, era talvez a simplicidade das suas palavras, não era necessário o abstracto ou a metáfora. Era escorreito e soava perfeito.Toda a sua obra era o espelho de um espírito solto ao vento e de uma serenidade absoluta.

Nunca será demais lembrar que produzir cultura em Portugal, passa por horas muito difíceis, a razão todos nós conhecemos, Por esse motivo, deixe-vos um pequeno filme de um outro "monstro sagrado" e incompreendido da cultura portuguesa. João César Monteiro, realizou este trabalho em 1969, sobre um excerto da vida peculiar, desta grande poetisa portuguesa. Garanto-vos é delicioso!

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Passa, tempo, tic-tac.

Nesta imagem, vemos um relógio de ponto. Nesta maquineta foram sendo introduzidas, ao longo destes últimos três anos, alterações, que foram condicionando as regras da relação entre o trabalhador e a sua entidade patronal. Regras essas que penalizaram de forma unilateral a parte mais desprotegida. O resultado dessas mudanças, começam agora a ser mais visíveis. Inequivocamente os ricos estão mais ricos e os pobres, mais pobres. Até a este ponto, não estou a dizer nada do outro mundo, toda a gente sabe ou desconfia que com estas mudanças nas leis laborais, a balança iria desequilibrar-se de forma evidente.
Lembro-me daquelas manifestações ruidosas, por todo o País, contestando a subida da TSU, tendo o Governo na altura dado um passo atrás. Mas aos poucos, através de leis minuciosamente introduzidas,  foram alterando o código do trabalho, como por exemplo:
    -A eliminação de alguns feriados, diminuição da remuneração das horas extraordinárias, introdução de novos impostos (temporários, diziam eles!!!), aumento do horário de trabalho, congelamento ou redução dos salários base, etc.... acabaram por penalizar ainda mais os trabalhadores.

Esta forma de ir buscar o dinheiro ao bolso dos mesmos de sempre, é estudada, de forma a que a contestação não se prolongue para além do razoável, no entender destes senhores. Depois existem os sindicatos que, marcando presença à mesa da concertação social, deveriam ter outra forma de agir. Verdade seja dita, que da parte da UGT, nem sequer reconheço a vontade de estar ao lado dos trabalhadores. Contestam de uma forma veemente na altura da notícia das alterações, mas logo a seguir preocupam-se demasiado com a próxima "pancada", esquecendo por completo os direitos, entretanto espoliados. E o  povo já desacreditou, não vale a pena, nem sequer vir para a rua.

O dito relógio de ponto foi evoluindo através dos tempos, desde a velha cartolina que se introduzia no controlador de entradas e saídas dos trabalhadores até aos dias de hoje, aonde nem precisamos de cartões magnéticos,basta o reconhecimento físico junto a estas máquinas de ponto. Em sentido contrário a esta evolução, vão exactamente os direitos laborais, penso que qualquer dia estaremos na era industrial!

       -Os excessos já se começam a notar. Pessoas obrigadas a aceitar salários abaixo do que está legislado, com a  ameaça de perderem o seu posto de trabalho. Compromisso de um contacto permanente com a empresa, mesmo em período de descanso e já ouço falar inclusive, de mulheres que lhes foram sugeridas, compromissos, em como não estão a pensar em engravidar nos próximos tempos. Aonde vamos parar????

terça-feira, 17 de junho de 2014

Ironias à parte...

-E pronto, agora seria fácil, começar a criticar a nossa selecção. Não vou por aí, prefiro assobiar para o lado e pensar que ainda vamos dar a volta e ganhar... aos Estados Unidos e ao Gana. O Fábio já não joga mais neste Mundial, acabo de saber que a lesão é irrecuperável. Não faz mal, temos lá craques prontos a substitui-lo! -Quem, perguntam vocês?
-Sei lá, eles não são 23??  -Então, alguém estará de certeza em condições para o render!
Depois, também não vamos lá ter aquele rapaz do Real Madrid, que foi expulso injustamente, só porque encostou a cabeça no alemão. Também não é o fim do mundo, porque não precisamos de andar à porrada com os americanos, afinal esta é uma competição, aonde importa saber jogar à bola. Quanto a esta verdade, qualquer central disponível fará melhor figura do que Pepe.
Quanto à táctica a apresentar contra os americanos, acredito piamente no nosso treinador, seja quem for o adversário, é sempre 4x3x3. Desde os tempos idos, da sua passagem no Sporting, Paulo Bento não muda, porque esta fórmula já apresentou muito bons resultados. Ele não muda de táctica, nem de jogadores, porque estes são os mesmos que apresentou no ultimo Europeu. Esta equipa já se conhece tão bem, que já jogam de olhos fechados.
Quanto ao facto de não termos ao serviço da nossa equipa, jogadores como o Tiago do Atlético de Madrid, o Quaresma, o Danny do Zenit ou mesmo o Antunes ou o Ricardo Carvalho, isso são cartas fora do baralho, dispensáveis neste conjunto de notáveis eleitos.
Depois, falta salientar o mais importante. Temos o melhor jogador do planeta!!!
Vocês nem imaginam a quantidade de sessões de autógrafos que Cristiano teve de realizar  em Campinas, junto ao super luxuoso resort, escolhido a dedo, para proporcionar todas as condições de trabalho aos nossos heróis. Cristiano com tanto apoio até se esqueceu que tinha uma lesão no joelho.
Os nossos jogadores, escolhidos por Jorge Mendes, desculpem queria dizer Paulo Bento, irão de certeza deixar no Brasil, uma imagem fiel daquilo que se passa no futebol português. Ainda iremos chorar muitas lágrimas...de alegria, com a performance destes eleitos.


quarta-feira, 4 de junho de 2014

Man Ray

                                                       Lagrimas(1932)


                                          O violoncelo de Ingres(1924)



                                                             Sem título(1930)

                                                          Preto e Branco(1926)
                                                                  O beijo(1930)


                                                              A oração(1934)
Continuando com esta minha apresentação, mestres da fotografia, hoje trago à memória, um americano que amava a pintura, mas recorrendo à fotografia para financiar a sua paixão, acabou por se notabilizar com as inovações que empreendeu com a manipulação da luz sobre o papel fotográfico. 

Nasceu em Filadélfia em 1890, começou a pintar aos cinco anos e desde logo, os pais de origem judaica, oriundos da Rússia, aperceberam-se que o seu filho ingressaria no mundo das artes. Muito jovem foi para Nova Iorque, aonde frequentou a Academia Americana de Desenho.Aí mesmo, começou a aperceber-se de algumas influências europeias. Em 1914, aventura-se no mundo da fotografia e o seu experimentalismo começa a dar nas vistas, com técnicas muito sui generis. Neste mesmo ano,casa-se com a poetisa belga, Adon Lacroix, com quem partilhava o gosto pelo surrealismo. Em 1915, realiza a sua primeira exposição na David Gallery em Manhattan e conhece Marcel Duchamp, com quem funde o movimento dadá nova-iorquino. Um movimento, aonde o absurdo impera a par da irreverencia, combate as formas de arte institucionalizadas,uma critica premente sobre o consumismo ou o capitalismo e ainda uma utilização diferente dos objectos para produzir novos conceitos de arte.

Em 1920,muda-se para Paris, afinal o sítio certo, para um homem visionário como Man Ray. Mas mesmo aqui, na capital das luzes, as suas novidades estéticas não foram bem aceites pelo mercado. Mais uma vez  teve de recorrer ao retratismo. Entre outros, fotografou, Jean Cocteau, Gertrude Stein, René Clair, James Joyce,etc... Em todo este ambiente, o surrealismo estava sempre muito presente nos trabalhos que apresentava, mesmo no campo da 7ª arte, aonde entre outros filmes, produziu "L´Étoile de Mer"(1928).

Por motivos evidentes e sendo filho de quem era, abandona Paris durante a Grande Guerra e regressa aos Estados  Unidos,onde dá aulas e desenvolve novas realidades expressivas na fotografia, criando imagens abstractas. Nunca deixou de inovar e traçou sempre uma linha disforme em função do que seria a normalidade. Desenvolve a sua arte, a Rayografia, ou fotograma, criando imagens abstractas (obtidas sem o auxílio da câmara) mas com a exposição à luz de objetos previamente dispersos sobre o papel fotográfico.Em 1951, regressa a Paris e em 1963, publica a autobiografia  Auto-Retrato.    Viria a falecer em 1976 com 86 anos, nesta mesma cidade.


terça-feira, 27 de maio de 2014

Vai "pirrear" para outra freguesia!



Antonio José Seguro protagonizou este fim de semana, um dos episódios mais caricatos, no epilogo de umas eleições europeias. Eu pergunto, quem é que compreendeu aquele ar triunfalista do líder socialista, ao chegar à sede de campanha?
  - De certeza, ninguém!
Eu nunca tive grande fé nas capacidades do senhor abstencionista violento, mas continuo sem entender, como é que ainda ninguém se chegou à frente???
Este escrutínio no fim de semana, não conseguiu surpreender-me em quase nada. Uma votação vergonhosa dos partidos de direita,  era mais do que esperada. Apenas registo, que algumas regiões do Norte, apesar de terem vindo a sofrer com os efeitos desta governação, mais do que qualquer outro ponto do território, continuam armados em portuguesinhos e a dar o benefício da dúvida a esta coligação. O resultado da CDU, também previsível. Por um lado, uma  esquerda super fragmentada e por outro a obtenção de alguns dividendos com os desalinhados com este PS. Marinho Pinto, é um fenómeno natural, tal como aconteceu na inenarrável vitória da Frente Nacional em França. Os extremos sobressaem nestas alturas e a história já nos ensinou, cuidado com estes movimentos!
No entanto, pela segunda vez, António Costa ameaça candidatar-se a deixar a edilidade de Lisboa. Será que é desta?
Por esta hora, tenho já uma certeza. Passos e Portas estarão a fazer contas à vida. Porque uma coisa, seria preparar as próximas legislativas com o "copinho de leite"; outra realidade, será enfrentar o actual Presidente da Câmara da capital. Aliás, este principio de verão poderá ser mesmo, o momento mais "horribilis", deste Governo, suplantando a inconsequente irrevogabilidade de Portas. A par de tudo isto, não podemos esquecer que a decisão do Tribunal Constitucional está para breve e a economia deu uma nova cambalhota, o primeiro trimestre deste ano teve resultados menos animadores.
Tal como Soares afirmou, esperemos que esta "vitória de Pirro" tenha alguma consequência...pelo menos na liderança do PS, digo eu.



terça-feira, 20 de maio de 2014

Uma alegoria da nossa realidade.

-Estamos todos dentro deste barco e continuamos sem saber, quem é o timoneiro?
-Garanto-lhes, eu não sei...Apesar desse facto, parece evidente o menosprezo por aqueles que se preocupam!
-Eu tenho de propor um objectivo, enquanto esta letargia vai singrando por toda a tripulação, façamos um esforço para conseguir saber o rumo. Ao menos o nosso rumo???
Talvez gritando, alguém me ouvisse...mas não vale a pena...
No outro dia, quando já me sentia um pouco desesperado, escolhi bem as palavras e fiz uma pergunta directa, cheia de conteúdo e muito pertinente. O meu interlocutor, o escolhido, porque estava em posição de me responder,  ruboresceu e manteve-se em silêncio, enquanto os outros...aqueles que deveriam estar do meu lado, olharam para mim de uma forma esquisita. Como se eu estivesse a dizer alguma barbaridade! -Eu apenas buscava uma pista...


- Um dia vai ser tarde, o tempo vai passando e as forças vão diminuindo. Como é difícil, explicar a forma como vemos o mundo à nossa volta, as cores, as formas, a percepção que temos do bem e do mal e transmitir isso aos que nos rodeiam. Não quero impor a minha vontade a ninguém, mas seria desumano contentar-me com uma vida sem respostas às minhas questões mais nucleares.
-Eu sei que não podemos ser todos iguais...eu até sei, que até já nos deram tudo para nos sentirmos confortáveis...eles fizeram o impossível para que não tivéssemos de pensar muito. Mas a mim, custa-me ter de olhar no espelho ao fim de cada jornada e ver outra pessoa, ali retratada. Enquanto tiver consciente, quero olhar o rastro que a embarcação vai deixando no mar e pensar que fiz tudo para satisfazer as minhas questões.
-Sou insaciável, vou continuar à procura de saber os planos que me escondem. Mesmo que me acusem de estar atrás de uma suposta teoria da conspiração, vou em frente. Qual é o interesse de viver em liberdade senão obtemos respostas às nossas dúvidas e anseios quanto ao nosso futuro??
-É simples, qual é o nosso destino e quem nos leva para lá?
-Respondam, porra!




terça-feira, 6 de maio de 2014

Os Privilegiados.


Posso ser acusado de demagogia barata, mas os temas vão-me surgindo aqui neste blogue, porque os considero pertinentes. Em Abril, tanto o BE como a CDU apresentaram projectos lei na Assembleia, que visavam tornar as actividades extra parlamentares dos deputados mais transparentes. Nesse sentido, era essencial a exclusividade dos deputados às funções ali exercidas, no decurso dos seus mandatos e mesmo saindo, seria normal, existir um período de "nojo" em relação a cargos de administração ou directoria em empresas de relevo. Principalmente, cargos que possam interferir com o decorrer de negócios entre o público e o privado.

Naturalmente, que estes dois projectos lei, foram esmagados por a maioria... mais o PS. O regime de exclusividade, interfere com os "jogos" que se fazem nos bastidores, e porquê?

-Porque 117 dos 230 deputados no nosso Parlamento têm outros cargos extra no sector privado, além do seu trabalho diário na Assembleia!
-Porque nas empresas cotadas do PSi 20 actualmente, só 4 não contam com políticos ou ex-políticos nos seus quadros!
-Porque a comissão de Ética  da Assembleia da República que deveria fiscalizar os conflitos de interesses entre a actividade destes senhores no privado e o que representam como mandatários do povo, simplesmente não funciona, apenas existe no papel.
-Porque as comissões reguladoras que são instituídas para regular as actividades das empresas, geralmente,como têm nos seus mais altos cargos, pessoas que já tiveram ou têm interesses nesse mesmo ramo de actividade, apenas fazem figura de corpo presente.
- E finalmente, porque quanto às famosas comissões parlamentares. Quando se levanta alguma questão em relação a estas questões de incompatibilidades, fazem muito barulho, mas nunca ninguém presenciou a uma conclusão que redundasse nalguma medida punitiva. São completamente inoperantes!

Gustavo Sampaio escreveu um livro interessantíssimo sobre estas questões, com o título de "Os Privilegiados". Este livro que é no fundo uma grande reportagem aos meandros daquelas bancadas parlamentares, revela dados curiosos em relação às actividades extra parlamentares dos deputados. Entre outras figuras, vêm lá descrito como é que Ferreira do Amaral foi parar à Lusoponte, como é que Jorge Coelho vai parar à Mota Engil ou ainda, Pina Moura na Iberdrola.

Acontecem hoje em dia, muitos casos, não mediáticos, que poderiam revelar o estado de podridão absoluta que se vive neste meio. Por alguma razão, no norte da Europa os deputados ficam admirados, quando questionados, se existe alguma legislação em relação a esta hipotética exclusividade parlamentar nos seus países? -Eles apenas respondem, que nunca pensaram em levantar essa questão, dado que nem sequer têm tempo para levar a cabo o trabalho que têm em mãos no seu quotidiano. São formas de pensar que nós nunca iríamos entender.