sexta-feira, 25 de abril de 2014

Acordai Povo! Acordai!

Vivemos hoje um dia histórico, e não conseguimos explicar a razão desta sensação estranha!
Vivemos Abril sem a alegria de termos a perspectiva de dias melhores pela frente.
Vivemos um dia de comemoração dos 40 anos da Revolução, mas o caminho percorrido não co                 à realização dos ideais daqueles militares que marcharam até Lisboa.
Vivemos sob o signo do "medo". Medo de perder o emprego, medo de falar demais, medo de não po         pagar as prestações em atraso. Um medo encapuçado, disfarçado, mas ele existe no nosso dia a dia.
Vivemos momentos de resignação, sob o signo de protectorado, de uma ajuda que nos deram, mas q        fechámos os olhos ao preço que as gerações vindouras irão ter que pagar. Uma irresponsabilidade que       muita gente aceita de forma consciente e que numa pretensa democracia consolidada deveria ser mais           questionada.
Vivemos enfim, numa realidade que todos os portuguesinhos divididos,  merecem viver....

        Termino esta minha homenagem a todos os que tornaram possível este dia com um poema de um homem que fez por merecer Abril:


quinta-feira, 17 de abril de 2014

Capitães de Abril.

Estamos às portas de uma comemoração especial do 25 de Abril. Com pena minha, temos o Presidente da República que temos, o Governo e uma Presidente da Assembleia que por cá ainda andam e com este pessoal, não poderíamos esperar muito acerca das festividades. Ainda se propôs alarvemente, uns chaimites decorados pela Joana do costume e uns patrocínios de entidades privadas, mas houve vergonha suficiente para não se avançar com essas idiotices. Mas a realidade é de tal forma inverossímil, que até os verdadeiros "heróis" ainda vivos, da Revolução dos Cravos, foram proibidos de discursarem nas comemorações oficiais, na Assembleia da República. O problema é deles, dizem uns, um episódio lateral, dizem outros, mas eu diria que este assunto é demasiado grave para se deixar passar incólume, sem mais consequências.

Por volta do ano 2000, Maria de Medeiros realizou a sua primeira longa metragem e eu que trabalhava na zona da baixa de Lisboa, assisti várias vezes, ás gravações na Rua do Arsenal e mesmo no Terreiro do Paço. Era quase surrealista ver a parafernália militar que se juntava às primeiras horas da manhã, naquelas artérias de Lisboa. Os mais incautos, até se assustavam com o aparato ali testemunhado, deveriam pensar que estavam perante um verdadeiro golpe militar!!

O filme, é um belo testemunho de como tudo aconteceu e não me canso de o rever. Numa entrevista, dada à Radio Comercial, Maria de Medeiros afirmava o seguinte:

 -"...Senão fosse a colaboração de João Soares, como presidente da Câmara de Lisboa e de Jorge Sampaio, que ocupava a cadeira presidencial em Belém, tal como a disponibilidade por parte do exército, ao facultar este material mais antigo, não seria possível realizar este projecto. Ainda acrescentando que, da forma como este Governo trata o cinema e a cultura em geral, seria de todo impossível, arranjar verbas e apoios, de forma a concretizar o seu sonho..."

O sonho de todos estes homens que naquela madrugada abriram as portas da liberdade, não passa hoje de uma utopia vã. Ainda por cima, estes mesmos militares, são ostracizados da casa, aonde sempre deveria estar o espírito desta mesma revolução!!!

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Um intelectual injustamente secundarizado.



A política é uma porca, com todos os seus mamilos bem ocupados, em período de aleitação permanente. Os políticos ali andam de volta, à procura de se sustentar, sedentos de mais uma gota provinda das entranhas da progenitora. Eu reformularia e iria mais longe, a política é uma pura ilusão, os políticos de hoje são como maus ilusionistas, fazem os truques por trás de um lençol e mesmo assim, ainda se conseguem ver as orelhas do coelho antes de ele sair da cartola, as cartas caem-lhes das mangas e a partner geralmente quando é serrada ao meio, vai parar ao hospital. A arte do político, reside em convencer-nos ou iludir-nos, de que as suas teorias, são soluções para os problemas do nosso quotidiano.
O facto é que existiram políticos na nossa praça que eram autênticas estrelas de magia, tal e qual "davids copperfields" da bancada parlamentar. Poderia aqui nomear alguns, mas vou apenas, homenagear um nome, que acaba de nos deixar, José Medeiros Ferreira. Professor universitário e político, além de ser um intelectual de referência,  sempre conhecedor do chão que pisava, aliava um sentido de humor muito apurado a uma forma de estar na vida muito criteriosa. Já para não falar da sua veia benfiquista, prova de bom gosto e que nunca esqueceu de o demonstrar, inclusive em vários programas semanais de rádio.
Um dos últimos textos no seu blogue "Córtex Frontal", falava da desintegração gradual do BE. Não podia estar mais de acordo com essa ideia e prova como estava atento a tudo o que se passava à sua volta. -Deixo na íntegra, a mensagem publicada:

"O BE esfuma-se

O Bloco de Esquerda está a perder massa critica e a desfazer-se Primeiro foram ostracismos individuais: Daniel Oliveira, Joana Amaral Dias, Teixeira Lopes. Depois alguém começou a teorizar a saída em peso dos fundadores do BE-um hara-kiri nunca visto nestes quarenta anos de sistema de partidos.Saíram, aparentemente para renovarem os quadros Fernando Rosas, e, Francisco Louçã o verdadeiro líder do BE, capaz de multiplicar a força eleitoral, e de credibilizar pelos seus conhecimentos um partido sem história. Impávido Luís Fazenda a tudo assistiu com uma fé inabalável na capacidade de reprodução da sua escola de quadros. Chegou porém agora a vez de Ana Drago se demitir do cargo que ocupava na direcção do Bloco.
Carismática, estudiosa, dedicada, bem preparada, com uma excelente argumentação política,teria sido uma solução mais forte do que a divisão bicéfala inventada por ocasião da morte assistida do BE. Sempre disse que ela não aceitaria a operação em curso. Quem ficará com muitos dos votos do partido de Louçã?"

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Coro dos Escravos.

No ultimo dia 9 de Março, 40 mil pessoas no centro de Madrid, protestaram contra o evidente desinvestimento na cultura, por parte do Governo de Mariano Rajoy. O movimento apelidado de "Em defesa da cultura" organizaram um conjunto de 1200 vozes, que ecoaram o Coro dos Escravos de Nabucco, Giuseppe Verdi, por aquelas artérias solarengas da capital espanhola.
Os nossos vizinhos do PP, tal como acontece por cá,  tratam a cultura, como um parente pobre, esquecido e abandonado numa qualquer data, lá muito atrás. Na Praça da Independência, este hino talvez tenha acordado algumas consciências... Estas associações de escolas de musica, orquestras de câmara, companhias de circo, pintores, actores, bailarinos, e outros agentes culturais, ergueram os seus cartazes e as suas vozes, contra o estado débil em que se encontra a cultura. Mas não só, a luta pela dignidade das suas áreas de intervenção. A estupidificação da sociedade, só pode beneficiar Governos déspotas, tiranos e anti-democráticos.

Esta iniciativa, chamou-me a atenção, pelo facto de que a população em geral, ainda revela uma sentida preocupação, por este assunto. Assim não fosse e não teríamos estes milhares de pessoas acorrendo a este protesto. O povo, reconhece a importância da preservação e divulgação da cultura, como um valor essencial no seu desenvolvimento e nos valores da sua própria identidade.
Sem qualquer tipo de demagogia, acredito que todos estes Ministérios a cargo de economistas bestiais, cheios de números nos seus horizontes limitados, não tenham espaço para lirismos (tal como eles interpretam o valor da cultura) em tempos de grandes dificuldades. Mas delegar a cultura para um canto, poderá ser um erro grave que poderá vir a emperrar, as suas máquinas calculadoras, num futuro bem próximo. A riqueza da cultura ibérica, não merece ter esta gente medíocre a decidir, pelo seu desenvolvimento ou  a sua pura extinção!