Este será o ultimo registo deste ano, neste blog e gostaria de salientar algo que realmente ultrapassou fronteiras e se salientou em 2011, refiro-me ao Manifestante. Esta onda de contestação a nível global mereceu da revista Time a mesma atenção, como a figura do ano.
As sucessivas manifestações que se fizeram sentir um pouco por todo o lado, são o resultado da inquietação crescente que se regista perante a forma como somos governados ou antes mal governados. Claro que seria simplista relegar todo este fenómeno como tendo uma uma única explicação, cada caso é um caso. As Revoluções nos países Árabes têm um contexto diferente do que se verifica nas contestações a nível europeu ou norte americano, mas existem alguns traços comuns. As redes sociais serviram de pólo dinamizador para organizar movimentos que saíram à rua de uma forma exponencial. Aparentemente os partidos políticos ficaram à margem destes movimentos e seriam eles próprios alvos da contestação dado que são parte integrante dos problemas que surgiram. O povo anónimo erguia os braços e gritava bem alto a sua indignação, a sua presença e insistência revelou cada vez mais a vontade de afirmar que esta luta não seria algo de esporádico e estavam ali, para de uma vez por todas serem ouvidas. Esta força arrastou à sua frente ditaduras com recordes de permanência no poder, algo impensável à cerca de um ano atrás! -Tunísia, Egipto, Líbia, Iémen, Bahrein (em curso), Síria (tumultos continuam diariamente), entre outros. Na Europa alguns Governos não aguentaram a pressão das agências de rating a par da contestação da opinião pública em geral, casos da Espanha, Grécia, Portugal, Itália, Islândia, Irlanda. Nos Estados Unidos o Movimento "Occupy Wall Street" têm-se espalhado por todos os cantos e essa força engloba muita gente anónima que se intitula ser 99% da população. Recentemente os protestos chegaram às portas do Kremlin e as eleições com resultados fresquinhos não convencem ninguém, cheira a fraude que tresanda. Medvedev e Putin estão entretidos numa bela dança de cadeiras do poder e não se importam muito com as criticas daqueles que afirmam perentóriamente, isto nada têm a ver com uma verdadeira democracia!!!
Na Europa, ainda não fomos devidamente reconhecidos como um dos primeiros países a revelar descontentamento num acontecimento que teve tanto de episódico como de grandioso e espectacular. Falo claro do inesquecível 12 de Março, que juntou em todo o País mais de 300 mil pessoas e de certeza que influenciou tomadas de posição como os Indignados em Espanha e outros tantos por essa Europa fora.
Com toda esta crise, penso que estes movimentos em 2012 terão um papel fundamental na construção de outras soluções, irão surgir detractores e velhos do Restelo, respigando conceitos à volta do que se julga ser uma verdadeira democracia, mas eu entendo que o caminho foi encetado e não existe volta a dar. Tal como o poeta afirmou um dia ...
«juntas transcendem-se,
há algo de íntimo,
coeso e secreto
nelas.»