Ele "adoptou" a "cidade branca" como sendo sua e por cá ficou radicado até à sua morte. Muitas vezes é necessário observarmos um lugar como se nunca lá estivéssemos estado, de maneira a podermos descrever as suas características, a sua essência de uma forma simples e clara. Ele conseguia esse desiderato de uma forma apaixonada. No entanto, o livro que mais admirei na sua obra, foi sem dúvida, "Requiem" de 1992. Porque, fundamentalmente ele consegue "quadros" fidedignos de lugares e personagens típicas, aonde todos os que têm Lisboa no coração reconhecem facilmente. Nas entrelinhas desta descrição de um passeio, num domingo solarengo pela capital, sente-se os "cheiros" dos lugares por onde passa, tal é a força da realidade imposta. O livro narrado, sempre na primeira pessoa, revela a mestria da sua escrita, ao contar-nos uma história sem grandes enredos, mas rica no ponto de vista da relação que funde com os vários personagens, que vão surgindo, sempre à espera do "fantasma" de Fernando Pessoa e em particular a sua obra "O Livro do Desassossego".
Um "encontro" com que sempre sonhou, já que estudou e traduziu muitas suas obras para italiano. Várias vezes introduziu na sua ficção a obra pessoana, tal como o fez José Saramago (" O ano da morte de Ricardo Reis") e Amadeu Lopes. Dessa forma também contribuiu para demonstrar a sua capacidade de compreender o maior vulto da nossa literatura.
Aqui fica um pequeno excerto deste livro, como nota de despedida ao italiano mais alfacinha que existiu:
1 comentário:
Fiquei curiosa para ler o livro. Parece ser bem legal, ainda mais em um cenário que gostaria muito de conhecer, um dia.
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