terça-feira, 29 de novembro de 2011

Por este Rio Acima.



Aproveito a ocasião do lançamento de um albúm muito esperado de Fausto Bordalo Dias para salientar este vulto enorme da música popular portuguesa. Mais um nome que tenho o prazer de salientar, pela forma como sempre soube pisar o palco da vida. A par de José Mário Branco, do Zeca Afonso, entre outros, Fausto sempre soube passar ao lado do "politicamente correcto", trocar os holofotes pela força da palavra certa. Pacientemente, vai colocando no mercado as suas "pérolas", a um ritmo quase desesperante para os que seguem a sua carreira, de década em década lá vai surgindo mais uma obra. "Em busca das Montanhas Azuis" teve apresentação discreta em meados deste mês, depois do último trabalho, "A ópera mágica do cantor maldito" que data de 2003. Peço a vossa atenção, para mais uma vez a qualidade das letras apresentadas, como ele joga com as palavras,a forma como desperta os nossos sentidos, como "pinta" os quadros da nossa diáspora, nunca se alheando das contradições, das nossas fraquezas, da luta que travámos no interior da nossa identidade como povo.
Fugiu sempre das entrevistas e do protagonismo, preferindo o anonimato como forma de se distanciar das modas, por vezes esta modéstia terá provocado uma imagem de insensibilidade aos que o admiram, mas a esses compensa-os com a sua fugaz aparição em palcos, tornando esses momentos raros em algo de inesquecível. Lembro-me da ultima vez que o vi no Coliseu ao lado de Sérgio Godinho e José Mário Branco, nem sequer dá para descrever aqueles momentos mágicos e o ambiente que rodeou o espectáculo.


Nestes momentos dificeis que atravessamos, é sempre bom recordar aqueles que sempre nos avisaram das tormentas que esta nau muito frágil iria enfrentar. Obrigado Fausto, por seres um deles.

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