quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A minha cidade



Agosto quente!-Bolas que este tempo está a moer-me o juízo. Como se não fosse suficiente, ainda por cima assistimos impávidos ao desfile de alminhas, vindas dos quatro cantos do mundo usufruírem deste nosso clima extra super perfeito e nós a trabalhar!- Mas nem tudo é mau. Que prazer andar de carro pelas ruas sem tráfico da cidade que mais amo, entrar nas repartições públicas e não ter que esperar em filas, passear nas ruas a altas horas da noite em segurança, já que os larápios também foram de "vacances", marcarmos em cima da hora o restaurante favorito sem medo de estar lotado, sentir que afinal de contas, apesar da crise, os portuguesinhos ainda arranjam um pé de meia para deixarem a minha cidade desafogada. A minha cidade é famosa pela sua luz, pelas suas sete colinas mas também pela capacidade com que ao longo dos tempos foi conseguindo adaptar-se a novas gentes que entretanto a invadiram, sem nunca deixar de nos seduzir. Que prazer, pegar na minha Canon e vaguear a um domingo à tarde por as ruas da minha cidade. Termos um outro olhar, sobre uma rua que já calcorreámos centenas de vezes, atender aos pormenores, fixar uma fachada de um prédio num outro ângulo e depois sentir debaixo dos nossos pés a bela calçada portuguesa com todas as suas deliciosas irregularidades, sentarmo-nos numa esplanada a observar os transeuntes. Vestirmos outra pele e sentirmo-nos turistas na nossa própria cidade. Um dia, recordo-me de estar a trabalhar para uma empresa internacional que realizava cruzeiros na Europa e numa bela manhã, chegámos à minha cidade vindos de Amesterdão. Os primeiros raios de sol esbatiam-se sobre todas aquelas colinas e o efeito visto da entrada da barra era divinal. As pessoas que nunca tinham vindo a este lugar ficaram maravilhadas com aquela visão e eu senti-me orgulhoso por estar ali ao seu lado. Era uma perspectiva até inédita para mim que eu nunca mais esqueci. Afinal, até seria bom prolongarmos Agosto até ao Natal!