terça-feira, 3 de maio de 2011

Itinerário previsto

Existe a ideia entre os portugueses que vamos passar um mau bocado nos próximos anos. Parece algo de inevitável, um destino que estava programado no nosso código genético como povo. Ao longo dos últimos 37 anos temos construído, todos em conjunto, um role de condições que paulatinamente, transformaram este País na pouca vergonha que hoje assistimos. Quando digo todos, somos mesmo todos, porque se vivemos em democracia e tivemos oportunidade de fazer as nossas escolhas de que é que nos podemos queixar agora?- Esta bipolarização partidária que dominou os destinos e opções, ao longo deste tempo, não serviram de lição aos portuguesinhos, porque segundo as sondagens, vamos cair no mesmo buraco. É uma espécie de obsessão, queixamo-nos muito mas volta e meia lá estamos nós enfeitiçados pelo olhar do "aracnídeo" e enredados na mesma teia.
O FMI está cá, para ficar durante muitos anos, e se por ventura tivermos alguma ilusão de que vieram para nos "ajudar", pensem só nos exemplos da Grécia e da Irlanda, isto para referirmos os últimos casos. Mas eu lembro o que aconteceu ao Brasil entre 1998 e 2003, aliás deixo-vos um pequeno excerto do que na altura foi publicado em finais de 2002 no jornal "O Globo" pelo economista Marcelo Neri:
"Quais as conseqüências desta política?
A assinatura de Acordos com o Fundo Monetário Internacional, e, conseqüentemente, a adoção do receituário das políticas econômicas recomendadas pelo Fundo têm invariavelmente resultado no aprofundamento da recessão e na inviabilização dos projetos nacionais soberanos de desenvolvimento. A crise social sem precedentes vivida recentemente pela Argentina é o caso mais emblemático do fracasso das políticas econômicas liberais nos países em desenvolvimento. Desde 1998, o Brasil tem recorrentemente assinado Acordos com o FMI, e como resultado das políticas econômicas aplicadas ao país se encontra desde então com a economia praticamente estagnada."
Portanto estamos conversados quanto às intenções destes senhores que agora "acamparam" no Terreiro do Paço.Ao menos, para já, que possam arrumar um pouco a casa, limando aquelas arestas que mais dão nas vistas, caso das negociatas com as empresas público-privadas, os negócios do TGV, da construção da nova auto-estrada Lisboa-Porto, da ligação escandalosa com a Mota-Engil , e mais algumas dezenas de etc...
O Presidente, esse não têm dado cavaco a ninguém, passa incólume e sereno como se nada se tivesse a acontecer. Recebeu os seus antecessores em Belem, por altura das comemorações do 25 de Abril, e apelou a um entendimento entre as comadres desavindas, mas acho que não vai ter qualquer sucesso, elas lá sabem a razão e nós também. Essa história do Bloco Central já foi chão que deu uvas, agora passado este tempo, os "tachos" ou dão para uns ou para outros!