sábado, 11 de outubro de 2014

I am Malala

       


            -Se existem episódios, com um final feliz na entrega do Nobel da Paz, este ano, teria que realçar o prémio entregue a Malala. Esta menina, conseguiu a proeza de não ter medo, num ambiente extremamente hostil e castrador de todos os seus direitos mais básicos. Com a ajuda do seu pai, director da escola local, teve a coragem de nunca desistir de uma convicção, o direito à educação, um bem essencial ao desenvolvimento de qualquer ser humano. Na nossa realidade, este bem precioso, é irrelevante, dado que o temos quase como garantido, ninguém o põe em causa. Mas o Vale do Swat, fica lá longe, muito para lá da nossa imaginação. Fica num lugar, aonde a dignidade humana passa por momentos inverossímeis, como por exemplo, proibir as mulheres de terem acesso à escola! -Um regime que ousa, não respeitar o seu próprio povo, mas que existe na realidade. Esta menina aprendeu a não ter medo. E nós sabemos que “eles” têm medo de saber que existem pessoas que podem aprender a não ter medo!
      - Tudo começa, com um blogue, escrito por Malala, aonde, através de um pseudónimo, Gel Makai, enviava os seus testemunhos, regularmente para a BBC. Ela descrevia o seu calvário num lugar hediondo. Daí, até ser reconhecida como um alvo a abater pelo regime, foi um pequeno passo. Em 2012, é baleada na cabeça e durante semanas, a sua vida esteve em perigo. Mas por ironia do destino, este disparo cobarde, acabou por ser o rastilho, para uma solidariedade inequívoca, por parte de todo o mundo…racional.

       - O resto da história, já toda a gente sabe. Os prémios que possa ganhar, ao longo da sua vida, nunca serão nada, comparando com a visibilidade que deu a um problema que sempre existiu, mas que muitas vezes, fingimos que não existe. É mais confortável.         -Termino, com parte de um discurso seu, na Assembleia Geral das Nações Unidas:

“Quando estava no Vale de Swat [onde Malala viveu no Paquistão], naquela época, havia mais de 400 escolas destruídas. E as mulheres eram agredidas, porque não estávamos autorizadas a ir para a escola. E, naquela altura, eu tinha realmente duas opções. Uma era de permanecer em silêncio e esperar para ser morta. E a segunda era falar e, em seguida, ser morta. Escolhi a segunda, porque não queria enfrentar o terrorismo para sempre. Queria sair daquela terrível situação. Queria ir para a escola. Foi o meu amor pela educação que me incentivou a continuar a campanha. Acho que, em tempos difíceis, precisamos levantar a nossa voz”.