quarta-feira, 9 de abril de 2014

Um intelectual injustamente secundarizado.



A política é uma porca, com todos os seus mamilos bem ocupados, em período de aleitação permanente. Os políticos ali andam de volta, à procura de se sustentar, sedentos de mais uma gota provinda das entranhas da progenitora. Eu reformularia e iria mais longe, a política é uma pura ilusão, os políticos de hoje são como maus ilusionistas, fazem os truques por trás de um lençol e mesmo assim, ainda se conseguem ver as orelhas do coelho antes de ele sair da cartola, as cartas caem-lhes das mangas e a partner geralmente quando é serrada ao meio, vai parar ao hospital. A arte do político, reside em convencer-nos ou iludir-nos, de que as suas teorias, são soluções para os problemas do nosso quotidiano.
O facto é que existiram políticos na nossa praça que eram autênticas estrelas de magia, tal e qual "davids copperfields" da bancada parlamentar. Poderia aqui nomear alguns, mas vou apenas, homenagear um nome, que acaba de nos deixar, José Medeiros Ferreira. Professor universitário e político, além de ser um intelectual de referência,  sempre conhecedor do chão que pisava, aliava um sentido de humor muito apurado a uma forma de estar na vida muito criteriosa. Já para não falar da sua veia benfiquista, prova de bom gosto e que nunca esqueceu de o demonstrar, inclusive em vários programas semanais de rádio.
Um dos últimos textos no seu blogue "Córtex Frontal", falava da desintegração gradual do BE. Não podia estar mais de acordo com essa ideia e prova como estava atento a tudo o que se passava à sua volta. -Deixo na íntegra, a mensagem publicada:

"O BE esfuma-se

O Bloco de Esquerda está a perder massa critica e a desfazer-se Primeiro foram ostracismos individuais: Daniel Oliveira, Joana Amaral Dias, Teixeira Lopes. Depois alguém começou a teorizar a saída em peso dos fundadores do BE-um hara-kiri nunca visto nestes quarenta anos de sistema de partidos.Saíram, aparentemente para renovarem os quadros Fernando Rosas, e, Francisco Louçã o verdadeiro líder do BE, capaz de multiplicar a força eleitoral, e de credibilizar pelos seus conhecimentos um partido sem história. Impávido Luís Fazenda a tudo assistiu com uma fé inabalável na capacidade de reprodução da sua escola de quadros. Chegou porém agora a vez de Ana Drago se demitir do cargo que ocupava na direcção do Bloco.
Carismática, estudiosa, dedicada, bem preparada, com uma excelente argumentação política,teria sido uma solução mais forte do que a divisão bicéfala inventada por ocasião da morte assistida do BE. Sempre disse que ela não aceitaria a operação em curso. Quem ficará com muitos dos votos do partido de Louçã?"