segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A arrogância do Poder.

Após, mais uma noite de eleições autárquicas, estou com uma ambiguidade genuína de sentimentos. Por um lado, tenho a sensação nítida que os portuguesinhos, meus vizinhos, optaram pela pior opção à Câmara de Oeiras. Por outro, a CDU recuperou muitas das edilidades, principalmente na zona do Alentejo, que tinham perdido à 4 anos e, na minha opinião, é uma forma de se homenagear Urbano Tavares Rodrigues, um comunista alentejano, desaparecido recentemente.

Quanto à primeira questão, quero acreditar que Paulo Vistas irá interpretar da melhor forma, as ideias que Isaltino, atrás das grades, lhe irá ditar. Quando, o provado corrupto sair em liberdade, a população de Oeiras encarregar-se-á de o levar em ombros até ao seu lugar cativo. Quem vive em Oeiras, têm frequentemente a sensação de existir uma "rede" (para não colocar o adjectivo mais correcto, de forma a não ferir certas susceptibilidades) montada, por trás deste senhor. As conexões, são extensas e a forma como ele deixou a teia montada (teve muito tempo, antes de ser justamente encarcerado!), está a resultar em pleno. O "fantoche," agora eleito, não é melhor, nem pior do que o seu adversário do PSD, Moita Flores, mas a sua eleição, revela, que deveria ser feito, um estudo aprofundado na área da Ciência Política, neste Concelho, para que pudéssemos compreender este fenómeno, no minimo, estranho da nossa democracia.

Quanto ao número de Câmaras conquistadas pela CDU, na margem Sul, eu aproveito, para prestar uma homenagem (tardia é certo) a um grande escritor português. Um alentejano, que recordo, quando recebeu o Prémio Fernando Namora, (seu amigo pessoal) disse em entrevista ao Jornal de Letras. A questão era a seguinte. ..."Que mais gosta, ainda, de infringir?..." Ele respondeu, e passo a citar:

...."A arrogância do Poder. Gosto de a combater..." Uma forma de pensar, que nos tempos que correm, ficaria muito bem, a muitos portuguesinhos que continuam a ter na hipocrisia, uma certa zona de conforto e de estar. Já agora, para estes mesmos senhores, recordaria uma outra passagem desta mesma entrevista, sobre a nossa responsabilidade, enquanto cidadãos:

..." E que sentido tem a nossa vida?, que responsabilidade não será amanhã a nossa se ficarmos quietinhos a assistir ao descalabro, nesta grande prisão de gente bem comportada, que é, aos mesmo tempo, o palco de uma peça de Ionesco, onde se tomam a sério as maiores imbecilidades e o bem se confunde a todo o momento com a injustiça, com a hipocrisia?!...”

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