quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Um Murmúrio em Montemor







     Visitei Montemor-o-Novo, tirei algumas fotos do seu lindíssimo castelo altaneiro e gostava de recordar, um filho desta terra, que no meio literário teve um pouco esquecido, mas recentemente voltou a publicar. Falo de Almeida Faria, nascido junto destas muralhas em 1943.

                     
                   
     


 Com 19 anos publicou a sua primeira obra, "Rumor Branco", muito considerada pela critica de então e elogiada especialmente por Virgílio Ferreira. Durante muitos anos, este livro e outros que posteriormente escreveu, como  "A Paixão " de 1965, ou mesmo a tetralogia  Lusitana, composta por "Cortes" de 1978, "Lusitânia" de 1980, "Cavaleiro Andante" de 1983, estiveram desaparecidos dos escaparates das nossas livrarias, esgotadas que foram as suas edições originais.



Durante anos foi considerado um escritor de culto.
A Assírio Alvim por altura do 50º aniversário da publicação de "Rumor Branco" voltou o ano passado a reeditar esta obra e prepara-se agora, para publicar novamente o resto dos seus livros mais antigos.
Almeida Faria não publicou nada durante 12 anos, segundo ele, porque estaria muito ocupado com o ensino de Estética na Universidade Nova de Lisboa, ele que se licenciou em Filosofia na Universidade de Lisboa, no principio dos anos 60.

Foi convidado a escrever sobre Goa e Cochim pelo Centro Nacional de Cultura, cidades ainda com vestígios da nossa presença. Assim nasce "Murmúrio do Mundo", lançado o ano passado, uma prosa de viagens, bem referenciada pela maioria dos críticos mais exigentes da nossa praça.






Quando ao longo de 150 páginas este livro faz-nos transportar para estas paragens, que desconhecemos por completo, de uma forma mágica e ao mesmo tempo escorreita, é puro prazer. Espero que tenham a vontade de descobrirem este pedaço da Índia que já testemunhou a grandeza do nosso império colonial, através da simplicidade das palavras deste montemorense.



       

A sua terra natal, vê-se reconhecida por esta referência da nossa cultura e deu o seu nome à Biblioteca Municipal. Uma cidade alentejana que tal como outras soube cuidar dos seus, atempadamente, algo que o Secretário de Estado da culturazinha, tarda em reconhecer. Os valores da nossa cultura têm de ser preservados, apesar de todas as crises.