quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Esperança adiada.

Logo agora que precisávamos de uma esquerda credível, forte e com ideias para ultrapassar esta crise sem passarmos pelo jugo franco-alemão, temos uma esquerda estagnada no tempo, desacreditada e incapaz.


Passo a explicar. O PC continua condicionado aos seus ideiais ultrapassados, principalmente quando vêm apoiar regimes como os da Coreia do Norte ou da China. Não consegue realizar a sua "perestroika", o seu dogmatismo é muitas vezes intransigente. Um emaranhado de conceitos, muitas vezes incongruentes. Declara-se a favor da luta dos direitos adquiridos pelos trabalhadores, deflagra essa bandeira na Assembleia em todas as ocasiões, mas paradoxalmente, revê-se na escravidão perpetuada por regimes inqualificáveis no ponto de vista humanitário.

O BE teve o seu canto do cisne quando obteve 16 lugares na Assembleia em 2009, após esse feito decidiu apoiar Manuel Alegre nas últimas Presidenciais e foi com base nessa decisão que tudo se desmoronou. O candidato em questão conseguiu colar-se o mais possível à esquerda do PS e piscou o olho, na clara tentativa de encantar os bloquistas , que caíram na "armadilha". Depois, foi só seduzir os próprios socialistas, apoiando Sócrates nas eleições legislativas. Traiu tudo e todos e o resultado foi aquele que se viu. Francisco Louçã sentiu-se encurralado, mas apesar de ser avisado, não quis recuar num apoio programado. Descredibilizou o partido e internamente tudo ficou fraccionado. Espelho desse facto, o resultado das ultimas legislativas. O Bloco de Esquerda está a definhar caso não faça uma "lavagem" a nível da própria liderança e respectiva estrutura.

Por ultimo, o PS é um caso anedótico. Não o podemos considerar de esquerda, devido à sua trajectória recente. Com a saída de Sócrates e a entrada de Seguro, esperava-se um recrudescer de ideias mais à esquerda, uma maior abertura ao pluralismo do partido, mas este ex-jotinha inicia a sua oposição ao Governo, com uma "abstenção violenta" ao Orçamento do Estado, uma medida hilariante num assunto crucial para o nosso futuro. Não sei o que estará António Costa à espera, mas o PS precisa urgentemente de uma tomada de posição em breve, da sua parte.


Com todo este panorama, aos portuguesinhos resta-lhes continuarem a ouvir este outro ex-jotinha afirmar algo como, deixarmos de ser piegas ou ainda para abandonarmos a nossa zona de conforto e rumarmos a outras paragens. Se calhar é mesmo a única solução!