quarta-feira, 3 de julho de 2013

Trocas e Baldrocas.




...de manhã, a senhora de meia idade pediu o café. O lugar estava vazio, as cadeiras ainda estavam por "arriba" das mesas. Ainda se cheirava a fritos da noite anterior, o moçoilo do outro lado do balcão gracejava   da ave madrugadora, ao mesmo tempo, coçava os olhos e ligava as máquinas. A senhora já se sentara a um canto e escutava  sem interesse as primeiras notícias da manhã, intervaladas com muitos anúncios aborrecidos. O chorrilho de impropérios do rapazola, já ela estava acostumada. Acordava sempre desta forma...na terriola, todos o conheciam assim. Não se parecia nada com o pai...raios o partam!

...a manhã estava fresca e luminosa. A senhora continuava no seu canto à espera, mais um quarto de tempo e o sítio estaria embrenhado no seu ambiente habitual. Vozeirões dos clientes costumeiros, com alguma jogatana à mistura. Por enquanto, só o som estéreo daquela telefonia, lhe chegava aos ouvidos. De repente, o locutor divulga uma notícia de última hora. Um governante qualquer, lá da capital, enquanto administrador de uma empresa pública de transportes, assinou uns "sapos" e lesou o Estado em vários milhões de euros. A sua fisionomia teve uma ligeira reacção, um sorriso traquina e pensou lá para os seus botões. Malandros, são todos a mesma coisa. Logo de seguida, questionou-se um pouco perplexa. Assinou uns "sapos"????

...a manhã seguia o seu percurso inexorável por aquelas bandas. A senhora tragou o seu café e olhou de soslaio para o petiz. Este, indiferente, continuava a tentar colocar todos os seus sentidos a funcionar, antes que chegassem mais clientes. A senhora estendeu os seus cêntimos pela mesa e antes de sair, ainda mandou para o ar em modos de desabafo.

..."Oh! Chico vê lá se dizes ao teu pai, que compre outro rádio, porque este, só dá notícias que não se entendem!!"