terça-feira, 27 de agosto de 2013

André Kertész

Continuando com esta minha divulgação de mestres da fotografia, apresento hoje o húngaro, André Kertész. Nasceu em 1894, iniciou os seus estudos com vista a seguir  uma carreira no universo das finanças, mas nos tempos livres, a fotografia era o seu passatempo favorito. De simples ócio, passou a prioridade, dando lugar a uma carreira de bastante sucesso. Mas antes,teve que calcorrear alguns degraus difíceis, primeiro na Europa e depois foi convidado por uma agência fotográfica nos Estados Unidos.




                                      Em casa de Mondrian,André Kertész((1926)@The Estate of Anré Kertesz/Higher pictures

 Em 1936, atravessou o Atlântico e apesar do surto repentino de revistas em Nova Iorque, a sua visão, personalidade e temperamento artístico, nunca encontrou estabilidade no fotojornalismo americano. Devido à impossibilidade  de voltar à Europa devido ao eclodir da 2ª Guerra Mundial, Kértesz lutou para encontrar um trabalho estável como freelancer. Em 1947, conseguiu finalmente um lugar nos quadros da revista House&Garden, onde passou 15 anos  a criar fotografias de arquitectura. Ele apelidou este período, como os "anos perdidos".




                                                            O garfo,André Kertész(1928)@The Estate of Anré Kertesz/Higher pictures

Em, 1962 e já com 68 anos, voltou novamente à Europa, nesta altura começou a produzir aquilo que mais gostava, imagens líricas impregnadas de perspicácia e conhecimento. A objectiva deslizava para o símbolo inanimado, realçando sombras, com gestos cada vez mais poéticos. Apelidaram-no de "poeta com uma câmara". Em 1963, a Biblioteca Nacional de Paris convidou-o a realizar uma mostra especial dos seus trabalhos. Foi assim que este mestre voltou a deambular por Montparnasse, com a Leica que usou durante toda a vida.



                                      Os óculos e o cachimbo de Mondrian,André Kertész(1928)@The Estate of Anré Kertesz/Higher pictures


 Quando realmente chegou o seu período áureo, a mulher de toda a sua vida, morre  e atinge ferozmente a sua mais elementar inspiração. Regressa ao trabalho com uma Polaroid SX-70, carregado de dor e tristeza, algo que se traduz visivelmente na sua obra doravante.




                                                              Meudon,André Kertész(1928)@The Estate of Anré Kertesz/Higher pictures

Reconhecido como uma figura incontornável na história da fotografia, faleceu em 1985, com 91 anos. À data da sua morte, ainda era um fotógrafo activo e na memória de grandes académicos, continua a imagem de um homem que nunca desistiu de viver do suor do seu trabalho e ao mesmo tempo perseguindo a sua "estrofe perfeita".


                                                      Tulipa melancólica,André Kertész(1928)@The Estate of Anré Kertesz/Higher pictures