quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Os dias da Madre de Deus



-Quero prestar homenagem a um grupo que em meados dos anos 80 eu aprendi a gostar. Os MadreDeus. Ontem faleceu um dos seus componentes fundadores, o Francisco Ribeiro que tocava violoncelo. Talvez fosse um dos elementos menos mediáticos, quando se falava do grupo, surgiam logo nomes como Tereza Salgueiro, Pedro Ayres Magalhães ou mesmo o Rodrigo Leão. Tudo começa em 1987 no Teatro Ibérico ali para os lados do Beato, mesmo junto à lindissima igreja da Madre de Deus. Mas estas melodias do album "Os dias da Madre de Deus" começaram por "enfeitiçar-me" num espectáculo ao vivo que eles realizaram numa pequena igreja na rua das Portas de Santo Antão. Aquela voz de sonho da Tereza, conjugado com a sonoridade que fazia lembrar aquelas baladas das "cantigas de amigo" medievais, fechava os olhos e ali se sentia subtilmente o fado, enfim aquelas músicas ficaram gravadas no meu cérebro e dei por mim a cantarolar as mais populares. Depois disso o grupo fácilmente se tornou internacionalmente famoso e as tournées sucederam-se, eu tive oportunidade de assistir a muitos espectáculos. aqui recordei um dos espectáculos que assisti e nunca mais me esqueci, mas o ultimo foi ainda mais especial. Eu estava em Boston a trabalhar, e em 1996 vi num jornal local que um grupo português de folk music vinha actuar a New Bedford, exactamente o meu grupo favorito, estariam a 300 Km da minha casa!!- Eu nem pestanejei, comprei logo bilhetes e fiz com muito prazer esse caminho de encontro a algo que para mim parecia impossivel. MadreDeus nos States, mesmo ali ao lado!- Escusado será dizer que foi um dos espectáculos que eu vivi com mais intensidade!- Nessa noite matei um pouco das muitas saudades que eu sentia, a alma lusa estava ali espelhada de uma forma cristalina e mais uma vez eu agradeci aquele grupo de pessoas que transportaram até mim essa emoção. Em 2007, Tereza Salgueiro abandonou o grupo e a partir daí tudo deixou de fazer sentido. Os MadreDeus e a Banda Cósmica ainda lançaram albuns em 2008 e o ano passado mas a sonoridade não têm nada a ver com os dias da Madre de DEus. Que nostalgia eu senti quando hoje recebi esta triste noticia. Até sempre Francisco Ribeiro e obrigado por as puras horas de prazer que me proporcionastes!