domingo, 27 de outubro de 2013

Just a perfect day.

Quero prestar aqui uma singela homenagem a um músico que eu sempre tive a maior admiração, por duas razões essenciais. Primeira, a qualidade da sua música e depois a forma como sempre soube estar na vida. Poucos, conseguem preservar a matriz da sua música, como ele o fez, durante toda sua carreira, muitas vezes apelidando-o de "pai da música alternativa".

"...Just a perfect day
    problems all left alone
    Weekenders on our own
    it´s such fun..."

Não me esqueço nunca, da sua face pintada num palco de Paris, aonde, sentado pegava no microfone, desmontando toda a solenidade de um Olympia, todo ele muito formal. Este compositor, guitarrista, cantor e  líder dos Velvet Underground, deu aqui um espectáculo memorável e tal como na sua vida, sempre calcorreou o lado mais selvagem... A sua zona de conforto, como agora se costuma dizer, era a provocação constante dos tabus implantados pela sociedade que o rodeava.

Lou Reed, is still walking on the wild side... forever!

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Um herói anónimo.

Mais um episódio surreal, sobre o destino de muitos milhares de euros que o Governo tenta todos os dias, aliviar dos nossos bolsos. Só que desta vez, no meio da embrulhada, existe um "herói!"

Tudo têm o seu inicio, numa inauguração do Hospital Pediátrico de Coimbra em 2011. Nessa obra, foram gastos 27 milhões de euros, com uma derrapagem de 10 milhões, devido a um alegado curso de água, que supostamente passava no subsolo do terreno adjacente à  obra, mais a rocha que encontraram e tiveram de usar explosivos para resolver o assunto. Custos acrescidos, que já fazem parte destes negócios, entre o Estado e uma qualquer empresa de construção, neste caso, a Somague.

Durante o decorrer da construção do edifício, é normal nesta área, existirem inspecções, levadas a cabo pela Inspecção Geral das Actividades e Saúde. Um senhor de nome, João Costa da Silva, escreveu vários relatórios, para esta entidade, revelando que existiam deficiências graves na forma como a empresa estava a levar a cabo, os seus trabalhos. Tal como a inexistência de qualquer curso de água ou ao facto de terem encontrado terreno rochoso. Este engenheiro, sabe-se lá porquê(?), foi proibido de entrar mais na obra, tal como lhe foi retirada a possibilidade de mexer mais nesse dossier. Apesar desse facto, este técnico de construção civil, enviou um relatório ao Tribunal de Contas em 2011, descrevendo o processo desde o inicio e justificando o seu acto, como um dever cívico. Um dever que se sobrepunha a toda a corrupção e a burla evidente, que minou este processo desde o inicio e que ele, testemunhando-o, tinha a obrigação moral de o denunciar.

Passados, exactamente dois anos, temos a notícia de um Hospital, com problemas muito sérios de construção, graves ao ponto de ter que encerrar. Naturalmente, a Policia Judiciária, está no terreno e procede-se agora a uma investigação que naturalmente irá terminar lá para as calendas... Para já, são mais 5 milhões para "tapar os buracos" e dessa forma, encarecer uma obra já de si, muito dispendiosa.

Esta mesma Inspecção Geral da Saúde, está agora, mais preocupada em elaborar relatórios difamatórios, acerca do estado da Maternidade Alfredo da Costa, porque naturalmente este Governo deu indicações, que precisam de mais algumas razões para encerrar, o quanto antes, esse edifício. Uma espécie de obsessão do senhor Ministro da Saúde, que relativizou, todos os pareceres técnicos, para agir de forma contrária.

Este nosso "herói", não  deveria  ser uma excepção, mas sim a regra, num País, cada vez mais corroído por estas negociatas, que custam sempre mais, aos que menos a poderiam suportar.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Ora, sai um Pires de hipocrisia para a mesa do canto...da Europa!

"Sou um soldado disciplinado e leal deste Governo", afirmou o Ministro da Economia, ao ser confrontado com a continuação da taxa de 23%, na restauração. Eu diria melhor, se estivesse no lugar dele, diria...Sou um político de convicções e como tal, este "tacho" dá-me um jeitão!

Pires de Lima, antes de chegar ao Governo, estava na UNICER e de vez em quando,  mandava uns bitaites cá para fora, armado em valente. Só que pelos vistos, a coragem de assumir as suas posições, ficaram à porta do Conselho de Ministros.
O Álvaro, o seu antecessor, não percebia nada do jogo político, andou ocupado lá pelo Canadá e sentia-se perdido naqueles meandros da politiquice corriqueira. Ria-se, distraído, dos próprios colegas do Governo, lançava umas piadas, exemplo, a exportação dos pastéis de Belém, chegou a aventurar-se na taxação do sector energético, mas perdeu logo um Secretário do Estado e apanhou juízo!!

Mas este senhor, sabe bem ao que vinha. Têm a lição estudada, ponderou muito bem o chão que ia pisar. Afirmações sobre o estilo agressivo do anterior Ministro das Finanças e do Primeiro Ministro, em relação ao PS. Também sobre a oportunidade perdida pelo Governo, quando Relvas saiu do executivo, de remodelar também o Ministro da Economia (já se estava a fazer ao cargo, nesta altura???), de forma a reestruturar a dinâmica do Ministério, (talvez por causa disso mesmo, aquando da posse de Pires de Lima, o Álvaro, nem pôs lá os pés) e finalmente em relação aos 23% da restauração, intenção que foi diversas vezes repetida, como sendo um dos objectivos pessoais para o Orçamento de 2014. Tudo isso, foram afirmações num contexto diferente e antes de chegar ao executivo. Em suma, este senhor do CDS, que ficou com um Ministério "vazio", dado que lhe retiraram, uma série de competências, fez parte de um "acordo" para ver se Passos Coelho "aguentava" o barco e para o Portas conceder protelar o fim desta coligação. A sua hipocrisia é justificada pela necessidade de ser ...Ministro da Economia!

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A Ponte a pé!

Este tema dos protestos na Ponte 25 de Abril, veio novamente à memória das pessoas, por causa da Manifestação da CGTP, marcada para o próximo dia 19, exactamente naquele local. Eu já tive ocasião de afirmar que estes eventos, organizados por esta central sindical, não têm qualquer efeito prático. O governo, invariavelmente, assobia para o lado, sempre que ao fim de semana, se juntam uns milhares de pessoas, percorrendo uma artéria da capital, gritando sempre as mesmas palavras de ordem e desmobilizando na hora combinada com as forças de segurança. Imagem de marca, bandeirinhas debaixo do braço e sentimento do dever cumprido, rumo aos seus lares.

Arménio Carlos, quis desta vez, mexer um pouco nas regras do jogo e atravessar as pontes emblemáticas, nas duas principais cidades do País. Esta decisão, está a provocar celeuma, porque o Instituto de Segurança da Ponte, desaconselha este tipo de iniciativas, invoca "diversos riscos". A CGTP não compreende estes entraves, já que ali se realizam vários eventos de cariz desportivo e porque a própria estrutura sindical adoptou várias medidas, para que a manifestação se desenrolasse de uma forma segura. Entretanto, o assunto já está nas mãos das Câmaras de Lisboa e Almada, que irão emitir os seus pareceres.

A Ponte 25 de Abril, já teve vários episódios, principalmente a seguir à Revolução dos Cravos, que produziam capas de jornal. Longas horas de espera em cima do tabuleiro, porque no chamado "garrafão", o MFA tentava revistar minuciosamente as bagageiras dos carros, à procura de armamento. Períodos muito conturbados, que parece, pairam ainda sobre algumas mentes. Cavaco, também ainda não esqueceu, de certeza, o famoso buzinão , que tantos pesadelos lhe deve ter provocado. Existem, medos no ar!

Enquanto, nas provas desportivas, existem patrocinadores que garantem a receita, que a Lusoponte perde naquelas horas, neste caso, eles não estão preocupados com o controle de multidões ou outro tipo de questões de segurança. Eles estão preocupados é com os euros que deixam de cair na bolsa a cada segundo que passa.

Termino, lembrando algo que Gandhi, afirmou um dia...."a função da resistência civil é provocar reacção. Vamos continuar a provocar... até que reajam ou mudem as leis. Eles não controlam. Nós controlamos!
-Esta é a força da resistência civil..."

Até hoje, o povo português,  neste período em que estamos sob a alçada da Troika, nunca soube organizar-se, de forma,a dar entender a meia dúzia de pessoas, que aqueles que sofrem na pele, o resultado de todas estas medidas penalizadoras, são muitos, e essa força unida, era de certeza suficiente para percorrermos outros caminhos.