quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Um buraco autónomo.


Salvo erro este episódio da Madeira já não encaixa nesta história do endividamento do País, nem na supervisão atenta da Troika ou nas promessas deste Governo, numa nova forma de encarar as dificuldades que se avizinham. Desta ilha já estamos habituados a que nos cheguem nem bons ventos, nem bons orçamentos. Ao longo dos últimos anos tenho-me habituado a que muita gente quando chega ao Continente revelar-me as imensas infra-estruturas que foram criadas para conforto dos locais e das pessoas que os visitam. Lembro-me de que no final dos anos 80 (depois disso nunca mais lá fui) demorava 2 horas para chegar do aeroporto até ao Funchal, ou para ir do Funchal a Porto Moniz era quase meio-dia perdido naquelas estradas sinuosas. Tal como Alberto João Jardim afirmou à poucos dias ou se gasta dinheiro ou não se criam condições para as pessoas viverem com mais dignidade, Salazar tinha uma visão diferente, por isso o estado lastimável da ilha a seguir à Revolução dos Cravos. Eu estou de acordo que a Madeira só poderia ser um pólo de atracção turística, como é, se criasse as condições que hoje detém. Mas por outro lado também sei que este senhor aproveitou-se do resultado de todas estas obras para tornar reféns, toda aquela população de uma forma absurda e ditatorial. Eu quero, eu posso e eu mando, a forma tentacular como domina todos os órgãos do Estado ali representados é escandaloso e faz com que os apoios por si conseguidos só chegam às mãos daqueles que à partida o possam apoiar.

Apesar deste escarcéu com a descoberta de um buraco nas contas do Governo regional, nada impede que ele em Outubro próximo possa ser eleito mais uma vez com maioria absoluta, com apoio do PSD de Lisboa ou sem ele. A alienação dos madeirenses é algo que se explica com muita facilidade, baseando-me naquela máxima de que em terra de cegos quem tem um olho é rei!

Penso que a limitação de mandatos acordada há pouco tempo para os autarcas, deveria ser estendida a estes cargos de Presidentes das Regiões Autónomas, para não criarmos mais situações deste género, aonde o abuso de poder é a característica essencial e a génese deste problema. Embora eu saiba que existem muitos senhores que saltam da cadeira do poder por uns tempos, depois voltam ainda com mais força. E na sua ausência colocam lá “fantoches” para manterem o panorama inalterado, como aconteceu com Isaltino na Câmara de Oeiras. Acredito que existem muitos no nosso País como o Alberto João, mas dão menos nas vistas e como pela boca morre o peixe, este atum veterano já escapa há muito às redes que lhe lançam.