terça-feira, 1 de novembro de 2011

Margaret Bourke-White

"Um soldado com uma banhista" - 1945


"Mahatma Gandhi" 1946


"O topo do Edifício Chrysler " 1931


" Fila de vítimas das inundações" 1937


"Sulcos" 1954

Continuando a apresentar neste blog, os mestres da fotografia, hoje chega a vez de Margaret Bourke-White. Nasceu em Nova Iorque em 1904, concluiu a licenciatura em arte em 1927. Tal como agora, o mundo inteiro estava de olhos postos na Bolsa, a depressão dava os seus primeiros sinais e com a sua câmara, descobriu as greves operárias, as lutas sindicais e a repressão por parte da polícia. As desigualdades presenciadas na rua, transformaram esta mulher que já lutava pelos ideais feministas, numa activista de esquerda. A Revolução Bolchevique na URSS foi um apelo a que não se negou e foi a primeira repórter acreditada naquele país. Um livro seu realizado na URSS, com o nome "Eyes on Russia", integrou anos mais tarde a "lista negra" da repressão macarthista.

Em 1939, o nazismo avançou sobre a Europa e surpreendeu-a em Moscovo que captou com uma rara sensibilidade as imagens dos bombardeamentos da cidade e conseguiu nessa altura um dos raros sorrisos de Estaline. Em 1942 torna-se fotógrafa oficial da Força Aérea dos Estados Unidos e continuou a trabalhar como correspondente de guerra. Nas capas da "Life" tornaram-se imagem de marca os campos de concentração, pelotões de fuzilamento e valas comuns. Em 1946, numa reportagem que faz durante o processo de independência da Índia, consegue a autorização de apenas tirar três fotografias a Gandhi, durante um voto de silêncio junto a uma roca. Esse mesmo artefacto, representava no ponto de vista do líder, que a população não precisava da maquinaria britânica para as suas necessidades, bastava-lhes uma tradicional roca para fazer a sua roupa e assim ser feliz. À sua terceira tentativa, na qual aquele utensílio ocupava o plano primeiro e a luz projectava-se por trás das costas de Gandhi, valeu-lhe
o epíteto da sua simpatia pelo caminho da paz e a sua intransigência perante os povos opressores. Um disparo que deu várias voltas ao mundo.

Durante a Guerra Fria foi "perseguida" pelo FBI pelas supostas "actividades antiamericanas" que desenvolvera entre 1930 e 1950, mas a revista "Life" nunca lhe retirou a sua confiança e dessa forma ainda cobriu a Guerra da Coreia. A doença de Parkinson retirou-lhe a firmeza nos disparos e acabou por se retirar. Em 1971 acabaria por falecer dessa mesma doença, no seu lar em Connecticut. O seu sentido de oportunidade e a sua coragem fizeram desta mulher uma pioneira em muitas das situações em que se envolveu, até pelo simples facto de enfrentar o machismo que dominava o mundo da fotografia.