quinta-feira, 26 de abril de 2012

Fantoches trapalhões.

Hoje foi notícia que Américo Amorim arranjou um "tacho" milionário na Galp, à sua filha!

Realmente, isto não é notícia! Andamos quase à dois séculos com este tipo de situações a ocorrerem em Portugal e o jornal Público considera esta normalidade uma notícia. Ainda por cima acabámos de assistir na RTP2 (ás 2 da manhã!!??) ao excelente documentário "Donos de Portugal". Acredito que aquele documentário, não revele nada, de que uma minoria de portugueses, já não saiba. Mas é sempre gratificante sabermos que tínhamos razão.Isto nunca deixou de ser uma pouca vergonha e uma grande promiscuidade entre o poder político e as famílias do costume.

Andamos muitas vezes a gritar bem alto, os exemplos são quase diários, mas geralmente isso não incomoda. Eles repetem o velho ditado árabe,"os cães ladram e a caravana passa". E têm passado ao longo de todo este tempo. Começou na Monarquia, passou pela Republica, prosseguiu com o Estado Novo e após um pequeno percalço, após o 25 de Abril, solidificou a sua posição na nossa pseudo-democracia. É curioso saber que mesmo no período  a seguir à Revolução,  alguns Donos de Portugal que rumaram ao exílio, deixaram para trás "capatazes" que se disfarçaram de acérrimos revolucionários, mas que na verdade, mal tiveram oportunidade, colocaram no terreno as condições propícias ao regresso triunfante dos seus patrões. Ainda por cima, vieram armados em vítimas espoliadas e foram indemnizados pelo Estado!

Os "fantoches" que foram ocupando a cadeira do poder em São Bento, sempre tiveram que prestar vassalagem a estas famílias e não tenhamos ilusões de que assim irá perdurar.Sempre manietados discretamente, através de uma rede de contactos bem posicionados no terreno, de forma a nunca estarem envolvidos em percalços, que ás vezes acontecem. Têm aversão a escândalos.

É minha convicção que esta crise não interessa a ninguém e a forma como a troika mandou fazer o nosso trabalho de casa, está a irritar estes senhores!! -Algo me diz que  desta vez, eles terão de agir rapidamente, para não perderem o controle da situação. Apesar deste neoliberalismo aberrante estar a ser praticado segundo os seus interesses, este "fantoche de Massamá" mete muitas vezes os pés pelas mãos.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Era uma vez em Portugal



A Calouste Gulbenkian, a meio dos anos 80, costumava apresentar no seu principal auditório, ciclos de cinema com os mais variados temas. Lembro-me de ter assistido a um filme que nunca esquecerei e faz parte de um conjunto de obras que talvez por não ter sido bafejada com nenhum Óscar (apenas dois Globos de Ouro) ficou esquecida na poeira dos tempos. Um dos chamados, filmes da minha vida. "Era uma vez na América" de Sérgio Leone,  com banda sonora assinada pelo grandioso Ennio Morricone. A saga de um conjunto de jovens judeus nos princípios do século passado, num bairro de New York. A Depressão ditava as suas regras e este conjunto de rapazes dedica-se ao crime como forma de ultrapassar as dificuldades.As quase três horas e meia (!) de filme relatam as suas vidas durante quatro décadas, com saltos no tempo, muitos forwards e flashbacks que me agarraram ao écran, de tal forma que não dei pelo tempo. Esta produção italo-americana tinha além de tudo uma fotografia de um grande mestre, Tonini Delli Coli e quero pegar neste aspecto para associar a um momento, aonde por um conjunto de circunstâncias voltei-me a lembrar da imagem mais emblemática do filme. Um conjunto de rapazes passeia junto a um dos pilares da famosa Ponte de Brooklyn, numa zona industrial, aonde os armazéns estão aparentemente despidos de acção laboral e o sépia utilizado ainda torna mais denso o dramatismo da imagem.



 Estamos perante uma crise profunda e quando olhamos para esta Depressão do outro lado do Atlântico, à um século atrás,começamos a pressentir que algo semelhante está para chegar. Num destes dias, fui participar numa feira de artesanato numa Fábrica abandonada (entretanto aproveitada para eventos culturais que  renovaram a zona, agora apelidada de LX Factory) ali para os lados de Alcântara, junto aos pilares da Ponte 25 de Abril. Neste local lembro-me de ter tido o impulso de tirar o telemóvel do bolso e registar esta imagem.Aquele ambiente fez-me recordar o tal filme que assisti em 1985. Ás vezes o nosso cérebro prega-nos partidas e sentimos que estas associações não são por mero acaso. Uma imagem vulgar torna-se um símbolo de um momento específico, revela um mistério que temos de deslindar.


Devem existir, como é evidente. muitas paisagens como esta, por esse País fora.Fábricas abandonadas, ruas desertas, portas emparedadas, linhas desactivadas, pessoas nostálgicas com as rotinas que no  seu quotidiano faziam a caminho dos seus empregos, gente desesperada por ver sem vida, locais que outrora fervilhavam com o seu labor. Silêncio, só silêncio.






sexta-feira, 13 de abril de 2012

O cerco aperta.

Passei recentemente por uma experiência que gostaria de partilhar. Quanto mais procuramos estar informados acerca do que nos rodeia, mais temos a noção da manipulação a que somos sujeitos. As contradições sucedem-se, a par dos lapsos e a verdade é uma miragem difícil de alcançar. Eu não sou apologista da teoria da conspiração, eu não tenho a mania da perseguição, mas com certos partidos no governo, acontecem frequentemente situações muito dúbias.

As cores dos partidos mais conservadores vão desfraldar nos Palácios de S.Bento e da Moncloa (caso não haja uma surpresa...das boas), nos próximos anos, temo que tanto Rajoy como Passos não serão muito apologistas de permitirem divulgar informação, que não lhes convenham. Utilizam geralmente a comunicação social como meio ideal à manipulação da opinião pública. Quanto mais aprofundamos a questão, mais evidente se torna esta sublime sacanice. Quem se atreve a pisar o risco é punido exemplarmente, perguntem ao Relvas se não é verdade?- Como neste momento ainda não dominam por completo as redes sociais, estão a tratar de legislar, para que em breve, não hajam escapatórias. A noticia vinda de Espanha à uns dias, sobre a intenção do PP implementar medidas punitivas sobre os chamados "incentivos" a manifestações ou mesmo sobre os próprios manifestantes, mesmo que estes apenas tenham comportamentos pacifistas???- O que importa, parece ser o de isolar estes anarquistas que não alinham com as teses vindas da SarkoMerKolândia. Primeiro sinalizar e depois capturar como se fossem actos "terroristas".

O garante da Democracia é baseado em pormenores das  respectivas Constituições, muito velhinhas e desconexas com a realidade. Existem formas de dar a volta aos textos e acreditem que estes senhores são peritos nessa matéria. Pelo andar da carruagem, Passos irá imitar o seu amigo espanhol e a pressão sobre todos aqueles que pensam diferente, será uma certeza  num futuro próximo. Eu penso que na   Blogoesfera, estes novos arautos do "lápis azul" terão muito que fazer!- Do meu insignificante contributo, eu tenho uma certeza. Nunca irei desistir!

Quem  saboreia o aroma da liberdade, geralmente nunca se permite a pactuar com esta pseudodemocracia.


domingo, 8 de abril de 2012

Devaneios ortocromáticos.


                           Ao longo dos últimos anos tenho visitado alguns recantos do nosso País, sempre com a minha máquina por perto, e vou registando imagens que perpetuaram esses momentos. Sinto-me incompleto quando através de palavras não consigo transmitir as imagens que vou presenciando.

..."“A fotografia é uma forma de ficção. É ao mesmo tempo um registo da realidade e um auto-retrato, porque só o fotógrafo vê aquilo daquela maneira.”
Gérard Castello Lopes




                                                          Póvoa de Varzim- 2010

“A gente olha e pensa: Quando aperto ? Agora? Agora? Agora?
Entende? A emoção vai subindo e, de repente, pronto. É como um orgasmo, tem uma hora que explode. Ou temos o instante certo, ou o perdemos…e não podemos recomeçar…”
Cartier Bresson

                                                               Colares- 2010

“A fotografia é uma lição de amor e ódio ao mesmo tempo. É uma metralhadora, mas também é o divã do analista. Uma interrogação e uma afirmação, um sim e um não ao mesmo tempo. Mas é sobretudo um beijo muito cálido.”
Henri Cartier-Bresson

                                                              Oeiras 2009

 “A fotografia é a poesia da imobilidade: é através da fotografia que os instantes deixam-se ver tal como são.”
Peter Urmenyi


                                                         Ponte da Barca- 2006

 “A câmara é um instrumento que ensina a gente a ver sem câmara.”
Dorothea Lange

                                                            Ovar- 2009


“Você não fotografa com a  sua máquina. Você fotografa com toda a sua cultura.”
Sebastião Salgado


                                                     Praia da Areia Branca2008 

 “Minhas fotografias são um elo entre o que acontece no mundo e as pessoas que não têm como presenciar o que acontece. Espero que a pessoa que entrar numa exposição minha não saia a mesma.”
Sebastião Salgado

                                                           Costa da Caparica- 2004

 “Fotografar é colocar na mesma mira a cabeça,o olho e o coração.”
Henri Cartier Bresson

                                                Vila Velha de Ródão- 2005

 "A câmara não faz diferença nenhuma.
Todas elas gravam o que você está vendo.
Mas você precisa de ver.”
Ernst Haas

                                                        Cavaleiro-   2009

 A fotografia é a poesia da imobilidade: é através da fotografia que os instantes deixam-se ver tal como são.”
Peter Urmenyi