quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Não temos emenda!




Ninguém explica melhor em Portugal a atracção que os Portuguesinhos têm em aproximarem-se do "abismo", como este sociólogo de grande reputação. Este pedacinho de uma entrevista que António Barreto deu à SIC Notícias, logo a seguir ao seu magnifíco discurso do ultimo Dia de Portugal, reflecte bem a forma sintética e descomplexada como este cientista social aborda as questões intrinsecamente mais complicadas para os outros. Os retratos que faz da nossa sociedade são por certo reflexo de atitudes, que de alguma forma são repetitivas por todos nós em situações idênticas ao longo dos tempos. Achei curioso, que ele não aponta numa direcção determinada quanto ás causas políticas da crise em que estamos embrenhados, prefere apontar o dedo à falta de união mesmo em tempos muito difíceis. Estou perfeitamente de acordo que o momento exigia uma convergência alargada sob a égide do Presidente da República, definirmos soluções para ultrapassar este período confuso, aonde Merkel e Sarkozi definem quase tudo sem deixar espaço à autonomia de cada país.

Tal como ele afirma, Portugal não têm emenda!- Continuamos inexoravelmente a caminhar para uma situação pior amanhã do que hoje e não reagimos; escutamos os ecos de bancarrota na Grécia e passamos ao lado porque os tais políticos continuam a afirmar que a nossa economia não têm nem de perto, nem de longe uma margem de manobra similar à deles!!

As desigualdades sociais são cada vez mais objecto de um estudo profundo e sem cair em demagogias despropositadas, António Barreto declara que somos das nações europeias a que se faz notar mais esse fenómeno, que não é de hoje, é resultado de muita legislação e processos de vária natureza que nos conduziram a essa realidade. Sabendo que as pessoas hoje em dia quando saem de casa já não têm tanta certeza sobre a sua estabilidade a nível profissional, pressinto que essa insegurança possa provocar uma outra apetência para o inconformismo ou mesmo sentimento de revolta. Essas mesmas desigualdades poderão aqui fermentar no futuro uma realidade disforme àquilo a que estamos habituados. António Barreto refere também que, como povo não costumamos ferver em pouca água, mas eu pergunto e se estamos à beira do "abismo" ou mesmo se já entrámos lá dentro, como é que iremos reagir?