quarta-feira, 27 de março de 2013

Europa Não! Portugal Nunca.

Agora que começamos, insistentemente a ouvir cada vez mais vozes contra esta Europa descontrolada,  lembrei-me de uma peça de teatro, representada por o inesquecível Mário Viegas na sua Companhia Teatral do Chiado entre 1994-95, chamada "Europa Não! Portugal Nunca". Este senhor do teatro, encenador, actor e declamador de excelência, simulava uma conferência de imprensa, aonde se candidatava  à Presidência da Republica. Mais tarde, também viria a propor o seu nome como independente pela UDP à Assembleia da Republica. Acredito mais como chamada de atenção perante tanta hipocrisia apresentada pelos políticos que se levavam muito a sério, do que propriamente como intenção de conseguir esse lugar.

  


Neste blogue, era uma lacuna muito grande da minha parte, nunca ter dedicado algumas palavras a um dos homens da cultura portuguesa que mais admirei. Apesar da sua clarividência cortar a direito  não poupando nunca a mesquinhez  e a mediocridade, não deixou de ser condecorado pelo Estado e reconhecido em vários prémios nacionais e internacionais. Mário Viegas não tinha paciência para as tricas do "porno"sensacionalismo quotidiano, não pactuava com esquemas de promoção e subsídios  fáceis em troca do seu silêncio. Na sua curta estadia entre nós, granjeou mais inimigos do que amigos, porque aquele olhar, as suas pausas, o seu sentido de humor  e inteligência, incomodava muito boa gente.

  Nasceu em Santarém, em 1948 e cedo se notabilizou como actor, no Teatro Experimental de Cascais, aonde se estreou com a peça, "O comissário de polícia" em 1968. Ao longo da sua vida, foi fundador de três companhias de teatro, a ultima das quais, a já mencionada Companhia do Chiado, aquele estúdio ao lado do Teatro de S.Luiz, que ficou com o seu nome.Uma homenagem mais do que merecida. 


                                   
Foi nesse espaço que ele um dia, agarrou o texto do Almada e adaptou-o a um Manifesto Anti-Cavaco. Ao ouvi-lo, sentimos a sua actualidade, basta mudar alguns personagens e colocar lá outros. Os medíocres serão sempre reconhecidos, pelas suas características intrínsecas. 

Quem não se lembra de um saudoso programa da RTP, "Palavras Ditas", aí sim lembro-me do que era serviço público. Era delicioso, ouvir Viegas declamar Fernando Pessoa, Jorge de Sena, Raul de Carvalho, Cesário Verde, José Régio, Vinicius de Moraes, etc... Quem se atreveria hoje em dia a apostar num programa dedicado à poesia?

 Podíamos falar também do seu percurso no cinema, aonde participou em 15 filmes, entre os quais eu destaco "A Divina Comédia"do centenário Manoel de Oliveira, "Sem Sombra de Pecado" de José Fonseca e Costa ou "Rei das Berlengas" do também inesquecível Artur Semedo.

O seu espólio, é um legado a todos aqueles que continuam a acreditar que deveríamos sempre falar primeiro e depois pensar. Mário há só um, o Viegas e mais nenhum! 




terça-feira, 19 de março de 2013

Não há ronha que envergonhe o FMI.

Passa pela cabeça desta gente, que podem fácilmente mexer nas economias dos cidadãos sem qualquer problema? -Só porque, por decreto, decidiram ir aos bancos, tirar uma percentagem sobre as contas depositadas. Ensandeceram de vez, ou estão completamente conscientes que seria assim fácil, só porque tinha a chancela da Troika?
Apesar de ser, um pequeno País, com pouco menos de um milhão de pessoas, o Chipre soube reagir a este "roubo" e o Parlamento acaba de reprovar tal medida. Os números são de uma violência atroz e cada europeu deve ter-se sentido atingido. Olha se isto acontecesse no meu País intervencionado, como reagiria?

Estas propostas, vão de certeza dar razão a todos aqueles que sempre acharam estes senhores da Troika, um pouco como experimentalistas de um novo conceito de Europa reduzida a uma ditadura económica, centrada nas ideias dos mais fortes sobre a efectiva inoperância dos mais fracos. Mais uma vez, lembro-me da letra e música do sempre lúcido, José Mário Branco, " FMI". Nunca foi tão actual, basta mudarmos os protagonistas, porque a história repete-se e a credibilidade, é a mesma.


Cachucho não é coisa que me traga a mim..."FMI
Mais novidade do que lagostim
Nariz que reconhece

 o cheiro do pilim
Distingue bem o Mortimor do Meirim
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Há tanto nesta terra que ainda está por fazer
Entrar por aí a dentro, analisar, e então
Do meu 'attaché-case' sai a solução!
FMI Não há graça que não faça o FMI
FMI O bombástico de plástico para si
FMI Não há força que retorça o FMI
Discreto e ordenado mas nem por isso fraco
Eis a imagem 'on the rocks' do cancro do tabaco
Enfio uma gravata em cada fato-macaco
E meto o pessoal todo no mesmo saco
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Não ando aqui a brincar, não há tempo a perder
Batendo o pé na casa, espanador na mão
É só desinfectar em superprodução!
FMI Não há truque que não lucre ao FMI
FMI O heróico paranóico hara-kiri
FMI Panegírico, pro-lírico daqui
Palavras, palavras, palavras e não só
Palavras para si e palavras para dó
A contas com o nada que swingar o sol-e-dó
Depois a criadagem lava o pé e limpa o pó
A produtividade, ora nem mais, célulazinhas cinzentas
Sempre atentas
E levas pela tromba se não te pões a pau
Num encontrão imediato do 3º grau!
FMI Não há lenha que detenha o FMI
FMI Não há ronha que envergonhe o FMI
FMI ..."


sexta-feira, 15 de março de 2013

Populus Lapsus Linguae.

Nada como colocar um título em latim para celebrar  esta semana o Chico Primeiro. Mas não vou falar da igreja.É impressão minha, ou cada vez andamos mais preocupados com as medidas futuras deste Governo e esquecemos completamente a via do calvário que percorremos até aqui?

Os portuguesinhos anseiam por saber a revelação. O que decidiram aquelas três criaturas vindas de uma Troika longínqua, junto do nosso Gaspar. O segredo mais bem guardado, dos 4 mil milhôes. Pouca gente faz as contas às alterações já introduzidas na lei laboral a par da implementação de programas para combater o flagelo nacional, o desemprego. Essa cruz que Passos carrega nas suas costas e não deixa dormir o Relvas. O povo diz, e com razão, que em enquanto o pau vai e vêm, folgam as costas, mas neste caso, ainda estamos a  digerir a pancada,  já estamos com outra no lombo.

Era importante, para começar, não nos deixarmos levar pela ladainha do executivo, quanto ao legado que o PS nos deixou e blá...blá...blá... afinal de contas os senhores já estão no poleiro à cerca de 2 anos. Para não me dispersar muito, apenas irei focar-me na alta percentagem de desemprego jovem revelada recentemente pelo INE, os insignificantes 40%!
Vamos rebobinar a fita e recordar um passado recente.

Relembro um programa de iniciativa governamental, lançado em Março de 2012, com o charmoso nome de "Plano Impulso Jovem". Através (mais uma vez) de verbas comunitárias, consistia na atribuição de bolsas a empresas, que promovessem estágios para jovens e mais tarde garantissem a possibilidade de integração efectiva nos seus quadros. Objectivo este, que abrangeria cerca de 90 mil jovens. Iriam criar também um passaporte  para primeiras oportunidades de inserção no mercado de trabalho, também direccionado aos jovens. Os objectivos foram traçados e os resultados, passado um ano, estão à vista de todos.

Depois em Agosto, vieram as ajudas directas aos empresários. As alterações introduzidas no código de trabalho, visavam dinamizar  a criação de emprego. Relembro algumas delas, para não ser muito exaustivo:


  • Diminuição, em 50% na remuneração de feriados a par da eliminação posteriormente de alguns.
  • Redução drástica na remuneração de trabalho extra.
  • Mais facilidade em despedir, criando uma cláusula de inadaptação ao posto de trabalho.
  • Diminuição dos montantes compensatórios e do número de dias para cálculo de indemnizações por despedimento.
  • Redução da TSU para as entidades empregadoras.
  • Eliminação de três dias de férias, que compensavam o trabalhador pela assiduidade no ano anterior
Enfim, um conjunto de medidas que ao fim e ao cabo acabaram por dar os seus resultados. Aonde é que são visíveis?- Acho que todos os portuguesinhos poderão facilmente responder a esta questão. No bolso de todos aqueles que já estavam muito bem na vida.

O líder da JSD, afirmou um dia destes, que Passos no final da sua governacão (se assim lhe podemos apelidar) terá pela frente duas realidades possíveis. Ou sairá em ombros, ou será escorraçado pelo povo português. Sinceramente, penso que em ombros vai ser muito difícil, pelo menos, por aqueles que vivem neste momento no limiar da pobreza e perderam tudo aquilo que tinham, à custa destas experiências mal sucedidas.

terça-feira, 5 de março de 2013

Visita virtual à sala de Passos Perdido(s).

Mais uma grande demonstração do nosso desânimo, acaba de acontecer, um pouco por todo o País. Seria importante, realçar por cada imagem que eu deixo aqui, relembrar algumas das promessas eleitorais do senhor Passos Coelho. Dizia o candidato do PSD, e passo a citar:

" Estamos disponíveis para soluções positivas, não para penhorar o nosso futuro, tapando com impostos, o que não se corta em despesas."

 "Queremos transferir parte dos sacrifícios que se exigem às famílias e às empresas para o Estado"

"Se formos Governo, garanto que não será necessário despedir pessoas, nem cortar mais salários para sanear o sistema português"



"Não faz sentido martirizar o povo português com impostos e mais impostos e o Estado ao mesmo tempo estar a atribuir milhões de euros a gestores públicos, em prémios e bónus."


"Como é possível manter um governo em que o  primeiro-ministro mente?????"

Conta do Twitter de Passos Coelho (@passoscoelho) iniciada a 6 de Março de 2010.
Os tuites aqui transcritos foram publicados entre Março de 2010 e Junho de 2011.