quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Um homem de esquerda.

Louçã despede-se do Bloco e a pergunta que eu coloco neste momento.Ele sai pela porta grande ou pela pequena? -Digamos que a resposta será díspar, consoante a vertente, pela qual queiramos pegar no assunto. Se este partido têm um lugar de destaque na política portuguesa, deve-o em grande percentagem a este homem. Ninguem dava nada por o BE, na sua génese, muita gente vaticinaria um destino semelhante ao MRPP, à UDP ou ainda a outros partidos de papel muito secundário que nunca tiveram representação parlamentar. O Bloco, além de ter tido uma dezena de deputados na Assembleia, conseguiram eleger representantes em Bruxelas e mesmo um Presidente da Câmara.

No auge da sua evolução, existiu algo que a meu ver determinou algumas dissidências e a sua queda de popularidade. O apoio nas ultimas Presidenciais ao candidato do PS, Manuel Alegre foi determinante. Muita gente não compreendeu esse apoio e penalizou o partido não só nessas eleições como mais tarde nas legislativas. Normalmente, Louçâ deveria ter pedido demissão e permitir que houvesse uma entrada de sangue novo na liderança. Acabou por ficar mais um ano e justificar alguns erros para encobrir a verdadeira razão de uma opção desastrosa, inclusive revelando estar arrependido de não ter reunido com a Troika, aquando da sua primeira visita, para determinar as condições do empréstimo.

Se houve alguém, dentro daquele hemiciclo em São Bento, que conseguiu parlamentar de uma forma perspicaz os seus pontos de vista, ou mesmo a maneira como tornou públicos alguns dados inoportunos às sucessivas maiorias da Assembleia, especialmente através dos famosos "duelos" com Sócrates, essa pessoa é Francisco Louçâ. Um líder que deixa uma marca indelével no panorama da política portuguesa e um economista que sempre justificou as suas ideias com base numa maior justiça social, algo que eu sempre classifiquei de utopia, devido ao mundo que nos rodeia.