quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

É a "coltura" estúpido!


Haja paciência para estas medidas de contenção!- Invariavelmente é a cultura a primeira a sofrer com os cortes, na maior parte dos países em crise, mas o corte radical neste sector como se verifica em Portugal, é algo de inédito e triste. Os dados revelados são confrangedores, o Teatro S. Carlos está em risco de ficar às moscas durante este ano, por falta de verbas para qualquer produção. No cinema vamos talvez presenciar a um 2012 sem qualquer filme realizado, algo que já não acontecia desde 1955 (!).

O PSD já nos habituou, quando assume a governação do País, invariavelmente a cultura fica para trás. Lembremo-nos do caso que opôs Saramago ao inenarrável Governo de Cavaco, por causa da obra "Evangelho Segundo Jesus Cristo". Por exemplo, como classificar Santana Lopes como Secretário do Estado da Cultura, entre muitos feitos na área do incentivo à procura de espaços nocturnos também gostava, particularmente, de uma peça musical de violinos de Chopin???

Francisco José Viegas, uma pessoa respeitada no universo da literatura, quando era director da inesquecível revista "Grande Reportagem", sempre o considerei lúcido e independente, também só assim conseguiria dar continuidade a um projecto com aquelas características. Quando agora foi nomeado a par de Crato para a pasta da Educação, pensei para comigo, ora aqui estão duas belas ideias. Não podia estar mais enganado. Duas belas decepções!!!

Rita Blanco sempre com aquele ar de quem não deve não teme, afirmou à bem pouco tempo, e passo a citar, que um dia a história irá encarregar-se de classificar as desastrosas medidas que estão a ser tomadas por este Secretário do Estado. Uma reflexão muito simples. O nosso País não têm indústrias muito fortes, sendo o turismo uma das áreas aonde poderíamos ir buscar alguma receita, não seria importante fomentar as actividades culturais, apostarmos na qualidade, diversificar a oferta?-
- Desculpem, estava a esquecer-me, temos uma das capitais da cultura europeia este ano. E depois?- Vamos todos rumar a Guimarães e deixamos "morrer"as nossas companhias de teatro, estagnamos a indústria cinematográfica e vulgarizamos as nossas mais profundas raízes culturais?

Como temos vindo a ser muito amigos de empresas como a Mota Engil, Soares da Costa e Teixeira Duarte, nada melhor que mandar construir um "mamarracho" para albergar o Museu dos Coches. Uma necessidade, essa sim imperiosa, para os cofres dos senhores do costume. Os milhões aí investidos, poderiam facilmente ajudar as pessoas que directa ou indirectamente dependem do Estado para levar por diante projectos que assim ficam na gaveta.

Termino, colocando mais uma questão, será que o memorando de entendimento com a Troika compromete-nos a esmifrar as fracas infraestruturas culturais deste País????