quarta-feira, 15 de maio de 2013

Eduardo Gageiro.


Tenho mantido uma certa regularidade na apresentação de grandes mestres da fotografia e desta vez, aproveitando o facto de se realizar no próximo sábado, uma homenagem, mais  do que merecida, a um grande foto-jornalista português, Eduardo Gageiro, apresento aqui um pouco do seu trabalho

 Foi criada uma exposição com centenas de trabalhos seus, no Museu de Cerâmica de Sacavém, a sua terra natal. Curioso ou não, foi exactamente neste lugar que ele começou por ser paquete, nesta antiga fábrica de louças. Seria mais tarde, empregado de escritório e só iniciou a sua actividade que o celebrizou, com 19 anos no "Diário Ilustrado". Mas antes ainda, com apenas 12 anos, veria uma foto sua, ser publicada no Diário de Notícias, jornal aonde viria a trabalhar mais tarde, tal como no "Século Ilustrado".
 A sua forma de estar na fotografia sempre foi muito incómoda para todos os que o rodeavam, inclusive para os próprios colegas de profissão. Ele não se satisfazia em fazer os seus registos junto dos outros, separava-se da "molhada" e obtinha um ângulo diferente de uma mesma situação. Um outro olhar que lhe valeu ser preso pela PIDE. Acusavam-no de apresentar imagens, que o regime queria esconder a todo o custo. Pediam-lhe para ele não tirar fotografias a pessoas. Em cima, uma imagem de Salazar, algures na costa portuguesa a sonhar com África e outros horizontes.

O 25 de Abril, por todas e mais algumas razões, foi o dia mais feliz da sua vida! -O portefólio do trabalho que realizou nesse dia, logo a partir das 6 da manhã, é reconhecido internacionalmente como um importante  e fulcral testemunho daquele dia memorável. Eu destacaria a fotografia de Salgueiro Maia, quando toma consciência do sucesso da Revolução em curso. Ele acompanhou este  oficial desde as primeiras horas do dia, com o consentimento do próprio, antevendo a importância do que se iria desenrolar.


 Os seus trabalhos granjearam-lhe centenas de prémios; destacaria, aquele 2º lugar na categoria de "Portraits", no mais prestigiado galardão internacional de fotografia que é a  World Press Photo, com um retrato de Spínola. Outro galardão importante, foi aquele que conquistou na China, na 11ª Exposição Internacional de Fotografia, o maior concurso a nível mundial, com mais de 3500 fotógrafos em competição. Foi condecorado também com a Ordem do Infante D.Henrique, sendo-lhe reconhecida a excelência da sua carreira.



 Hoje com 78 anos, continua a afirmar que a máquina continua a ser um instrumento de denuncia e de protesto. Vive com alguma amargura, estes "nossos" dias de dificuldade e não compreende como um outro seu compatriota da mesma profissão teve de vender a sua máquina,para ultrapassar dificuldades, mesmo antes de obter um reconhecimento idêntico ao seu na World Press Photo?!
Não foi para isto que ele sonhou e registou Abril, nem ele, nem muitos de nós.
Ele merece uma visita nossa ao museu de Cerâmica, testemunhar um olhar...diferente!



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