domingo, 28 de dezembro de 2014

Devaneios ortocromáticos VI

 ...em Arraiolos, o silêncio trespassava pelas fendas dos rochedos mais altaneiros. O vento, batia suave nas escadas defeituosas e o sol  invernoso, acariciava a pele dos parcos visitantes.


 ...saímos, sem direcção certa, a noite espreitava. A escuridão envolvia os caminhos que davam acesso aos declives rochosos. O Cabo Sardão fica para lá, para além da imponente visão daquela gambiarra monumental. Guia dos marujos, ofusca os visitantes e as cegonhas repousam no cimo das escarpas vertiginosas. Que fascínio nos empurra para descobrir este local diferente?

...antes de nos pormos ao caminho, espreitei pela janela do quarto e o Cavaleiro despertava, lentamente. A névoa no horizonte e as gotículas a pingar da pequena palmeira, constituem uma imagem que vou levar comigo. Na bagagem levo este pedacinho do Alentejo.
... em dia de comemorações de uma Revolução longínqua, uma militar da GNR observa os transeuntes. Ponho-me a pensar. Esta imagem, seria impensável, antes desses dias de Abril. No Carmo, aonde tudo aconteceu a foto a preto e branco, é quem mais ordena!  
...na sombra destes claustros, muitas conversas se desenrolaram, sobre o destino do nosso Reino. Gostava de viajar na máquina do tempo e testemunhar um pedacinho dessas tricas e intrigas palacianas. Naqueles corredores de Alcobaça, estas pedras segredam, palavras sábias. Só nos falta tempo para decifrá-las.

...um lago de profundezas estranhas é cruzado por uma ave solitária. O seu rastro é feito de estrelas, num quadro surrealista.
...o repasto da besta. Este unicórnio de carapaça poderosa, retempera as suas forças, num Zoológico secular. Aqui mesmo, às portas da nossa "selva".

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